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Por que Bedtime Stories, é o mais importante de Madonna?

MADONNA BEDTIME STORIES CD

Durante toda a carreira musical de Madonna, ela já enfrentou implacáveis críticas por sua sexualidade. Talvez, ela seja o alvo mais consistente na indústria da música por mais de 30 anos, sendo que críticas ao seu trabalho sempre serviram de manual sobre como analisar mulheres em cada estágio da carreira. Não importa se foi pura especulação o fato dela não ser “como uma virgem” ou a punição ao corpo ao vestir uma malha daquelas, houve muitos momentos vergonhosos, apesar de uma verdade absoluta: ela exagera mesmo!

É por isso que o álbum Bedtime Stories, mesmo no 20º aniversário, permanece como o trabalho mais importante. Durante meses após o lançamento, ele foi vendido como um pedido de desculpas pelo comportamento sexual; e os críticos esperaram que fosse o retorno dela à inocência. Ao invés disso, ela ofereceu um conteúdo do tipo #desculpamasnaoestouarrependida e uma resposta ao problema das cantoras serem analisadas por sua sexualidade, ao invés da música. Como resultado das preocupações morais do público, o álbum se tornou o mais importante, abrindo caminho para a forma dos artistas lidarem com a vida sexual.

Em 1992, Madonna lançou Erotica, um álbum techno-conceitual e uma ode à servidão sexual, juntamente com o livro Sex, um catálogo fotográfico pornô com fotos dela e de seus amigos. Os lançamentos coincidentes resultaram em várias críticas negativas e na proibição de vendas em vários países, além da proibição de entrar no Vaticano. Madonna já se estabelecera como ícone, mas as letras honestas sobre masoquismo e as fotos explícitas publicadas incitaram a mais pesada raiva do público de sua carreira. Bedtime Stories nasceu para ser sua última chance de redenção, e a gravadora Warner concordou em produzi-lo sob a proteção de uma imagem menos provocativa.

Tanto a gravadora quanto sua assessora de imprensa Liz Rosenberg fizeram de tudo para reverter o dano causado pelos projetos anteriores de Madonna. Eles a fizeram lançar o single I’ll Remember, da trilha-sonora do filme Com Mérito para criar um sucesso “familiar” e aumentar a especulação de que Bedtime Stories traria seu pedido de desculpas. O vídeo-promocional do álbum prometia que “não haveria referências sexuais” e ainda trazia Madonna afirmando: “Sou eu completamente nova! Serei uma boa menina, eu juro!”.

A humilhação de Madonna foi construída em duas partes. Primeiramente, ela foi desprezada por sua sexualidade, pra depois cair na escuridão. Por ter eleito o sexo como seu produto, o vídeo fez todos se perguntarem sobre o quê ela cantaria, se o tema não fosse sexo. As especulações sobre o álbum se focaram no plano de fuga dela por se tornar irrelevante, na questão dela fazer cirurgias plásticas e o quê ela ofereceria como uma versão “mais velha” de si mesma.

“Quando se é uma celebridade, você tem permissão para ter uma característica de personalidade, o que é ridículo”, contou Madonna ao jornal Detroit News em 1993. Quando Bedtime Stories foi finalmente lançado, no dia 25 de outubro, ela falou sobre ambos os aspectos de sua humilhação pública. Apesar das promessas feitas em vídeo, ela continuou abordando os seus desejos sexuais, embora também tenha experimentado com o som e o tema. Começando com Survival, uma canção co-escrita com Dallas Austin, Madonna não hesitou em falar dos ataques e cantou: “Nunca serei um anjo / Nunca serei santa, claro / Estou muito ocupada sobrevivendo”. As letras continuam expressando uma narrativa tensa sobre o castigo que a mídia lhe impôs e seus sentimentos logo após, e as canções carregam melodias do R&B, em sua maioria produzidas por Austin, Nellee Hooper e Babyface.

O single definitivo do álbum é uma censura explícita às críticas. Em Human Nature, ela confirma que não está arrependida e que não é a “puta” de ninguém, além de perfeitamente combinar a canção com um clipe, no qual aparecem brinquedos que reminiscem a época de Erotica. Logo quando ela vai soltar o microfone, ela sussurra: “Ficaria melhor se eu fosse um homem?”.

Madonna afirmou a sua falta de remorsos por não ter dito ou feito nada incomum; só foi estranho porque foi uma mulher dizendo tudo. Em entrevista ao jornal LA Times, ela defendeu o álbum Bedtime Stories dizendo: “Estou sendo punida por ser uma mulher solteira, por ser poderosa e rica, e por dizer o que penso, por ser uma criatura sexual – na verdade, não sou diferente de ninguém, mas falo sobre tudo isso. Se eu fosse homem, não teria nenhum desses problemas. Ninguém fala da vida sexual do Prince”.

Além de mostrar a palavra final de Madonna a respeito do escândalo de sua sexualidade, o álbum gira em torno da concepção errada de que sua persona sexual limitou a versatilidade da artista. A narrativa do álbum se torna imediatamente introspectiva: “Sei rir / mas não conheço a felicidade”. Enquanto Bedtime Stories pega emprestado muito do R&B e do ritmo New Jack Swing (muito utilizado também por Michael Jackson no álbum Dangerous), ele se torna mais experimental com a faixa composta por Björk, acompanhada do clipe que só poderia ter explorado o inconsciente coletivo de forma melhor se fosse dirigido pelo próprio Carl Jung. O clipe de Bedtime Story é o primeiro exemplo do que a longa história de questionamentos espirituais de Madonna se tornaria. E mais, até hoje, ele está armazenado em uma coleção do Museu de Arte Moderna.

O par Human Nature e Bedtime Story prova que Madonna assumiu sua sexualidade e não seria ocultada por ela. Enquanto o primeiro abraça as decisões feitas nos álbuns anteriores, o segundo desmonta a narrativa “vagabunda” de que sua sexualidade pública tira o crédito de sua profundidade como artista. É claro que as pessoas veriam isto como uma obra-prima feminina, não é?

Mesmo assim, os críticos não entenderam. O jornalista Jon Pareles, do New York Times, caiu na nostalgia, citando a época em que “Madonna prosperou nos anos 80 por ser sensacional e sugestiva, contra uma cena cultural monótona”, e chamou o trabalho mais recente dela de “vulgar, ao invés de chocante”.

As críticas mantiveram o foco no escândalo da atitude dela, ao invés de estar no próprio disco. “A carreira de Madonna nunca foi realmente musical, mas, sim, sobre provocações, sobre imagens, sobre publicidade”, lia-se em uma crítica da revista TIME, sem nenhuma originalidade. Qualquer menção ao som experimental do álbum ou às várias colaborações foram ocultas pela imagem promíscua, que foi, mais uma vez, rebaixada. Bedtime Stories, o álbum, não foi o pedido de desculpas que o público exigiu, e sua profundidade emocional foi amplamente ignorada. Em seu melhor, foi considerado o retorno de Madonna a uma expressão mais segura de sexualidade.

Dita Von Teese: nenhum artista pop pode competir com Madonna

madonna i'm breathless

Após ser questionada sobre quais artistas pop incorporaram elementos burlescos em suas performances de maneira bem-sucedida, Dita Von Teese disse:

“Madonna é uma das únicas popstars na História. Se você vir a carreira dela: ela é esperta, faz o dever de casa. Com cada persona incorporada, ela se elevou ao nível máximo. Não vejo ninguém na música pop moderna que realmente possa fazer isso. Quando vejo Madonna, percebo que ela acerta em cada detalhe, e ela tem uma boa equipe também, mas é necessário ter liderança pra conseguir tudo isso.

É por isso que, quando assisto a shows pop, penso: ‘Uau, isso não é tão interessante’. Sabe, Madonna vestiu Jean Paul Gaultier no palco nos anos 90!”.

Sobre ouvir rádio, ela respondeu:

“Não ouço nada no rádio. Não acho que haja música boa. Há toda uma indústria agora, que regula tudo o que toca no rádio…

Não ouço nada (no rádio) relativo a Prince, David Bowie e Madonna. Coisas assim realmente passam no teste do tempo. Eu não…”.

Alguns reviews da imprensa sobre a performance de Madonna na noite do Grammy

Alguns reviews da imprensa sobre performance de Madonna na noite do Grammy no último domingo 26.

MACKLEMORE & RYAN LEWIS, MADONNA, QUEEN LATIFAH

madonna - grammy 2014 - same love open your heart2O Grammy é o evento no qual artistas lutam para agradar a todos. Porém, apesar de saber muito bem que o tema “Casamento Gay” ainda provoca debates quentes pelo país, Macklemore & Ryan Lewis apresentaram Same Love com orgulho e compromisso, perante 33 casais gays e héteros. Não foi apenas uma performance, foi uma afirmação. Gay ou hétero, quem não gostaria de ter Madonna cantando Open Your Heart no casamento?
New York Post

Macklemore & Ryan Lewis — A dupla fez história com a performance do sucesso Same Love. Enquanto a autora do refrão, assumidamente gay, Mary Lambert, cantou a parte principal, 33 casais de verdade – alguns héteros, outros gays – trocaram alianças em um casamento diferente. Durante a cerimônia, a estrela Madonna trabalhou seu antigo sucesso Open Your Heart. Como antiga apoiadora dos direitos gays, ela foi muito apropriada.
New York Daily News

A multidão de casais trocou alianças ao mesmo tempo que a cantora os declarou casados, com Madonna trazendo seu clássico Open Your Heart. A ‘Material Girl’ vestiu um terno Ralph Lauren para a grande performance, depois de usar um dramático smoking preto no tapete.
Hollywood Reporter

Madonna pode até ser controversa às vezes, mas provou estar no lugar certo, ao usar um chapéu de caubói no Grammy deste ano, para cantar o sucesso Open Your Heart, no estilo gospel, como trilha sonora de 33 casamentos, ao vivo na arena.
Huffington Post UK

Mesmo não tendo ganhado nenhum Grammy, Lamar ganhou a noite – sua colaboração com Imagine Dragons foi eletrizante. A performance mais emocionante e mais chocante do que Queen Latifah e Madonna, com um visual curiosamente geriátrico, no meio de uma multidão de 33 casais gays e héteros. Foi um sentimento de alucinação em massa, mas os casamentos – uma conclusão à performance de Macklemore do hino gay Same Love – foram aparentemente legítimos.
Guardian

A performance, que aconteceu quase no fim do show, foi um dos momentos mais sentimentais da noite. “Esta canção fala de amor, não para alguns de nós, mas para todos nós”, disse Latifah antes de apresentar Macklemore e Lewis. Daí, o rapper revelou a faixa no estilo gospel, com uma atmosfera de igreja.
MTV

Macklemore & Ryan Lewis levaram seu sucesso emocionante Same Love a um novo patamar no último domingo, quando se uniram no palco para uma performance, juntamente com Mary Lambert, Queen Latifah e Madonna. Se esse time não fosse suficiente, 33 casais gays, lésbicos e héteros se casaram simultaneamente, sob o comando de Latifah. Katy Perry pegou um buquê, enquanto os recém-casados recebiam aplausos, e Keith Urban secava as lágrimas.
NBC

Uma colaboração lendária aconteceu no Grammy de 2014, ao ar do Staples Center em Los Angeles, no último domingo. O ícone pop Madonna subiu ao palco com os rappers Macklemore & Ryan Lewis, e a cantora Mary Lambert para cantar o hino de igualdade Same Love.
US Magazine

Madonna surpreendeu a multidão do Staples Center ao se unir a Macklemore & Ryan Lewis para uma apresentação emocionante de Same Love, que apresentou Queen Latifah casando 33 casais gays, héteros, jovens e velhos durante a música.
Forbes

E se não fosse suficiente para fazer nossos corações chorarem, lá veio ninguém menos do que Madonna para abençoar a cerimônia. A Poderosa M vestiu um terno todo branco e um chapéu de cauboi, parecendo o anjo mais andrógino do Paraíso, para cantar uma versão do clássico Open Your Heart, com o arranjo da marcha nupcial, enquanto um coral gospel fazia os vocais de fundo, antes de se unir a Lambert para um trecho de Same Love.
Queerty

O momento que parou a 56ª edição do Grammy foi o casamento ao vivo de 33 casais, gays e héteros, que se uniram durante uma performance de Same Love, o hino do casamento gay de Macklemore & Ryan Lewis. Queen Latifah oficializou a cerimônia, enquanto Madonna se uniu à multidão no palco para Same Love e um trecho de Open Your Heart. O momento marcou uma afirmação política para todos os presentes, além de ser uma causa com amplo apoio em toda a indústria do entretenimento.
Variety

Eles não vivem (só) de aplausos - O Globo

Madonna no Grammy 2014 cantando Open Your Heart e Same Love

A expectativa em torno da apresentação de Madonna na noite do Grammy era a mesma que sempre a envolve toda vez que decide sair de casa. Para os fãs, uma nova chance de vê-la em ação. Para os detratores, mais uma oportunidade para atacar os pontos fracos que ela dribla há 30 anos. Para a indústria, registradoras a tilintar, indiretamente.

Especulou-se muito como seria a apresentação, a aproximação com Beyoncé nas últimas semanas levantou possibilidades mirabolantes mas no final das contas ela fez uma participação no casamento coletivo que há muito já estava nos planos do rapper Macklemore em liderar. Por conta da faixa “Same love”, em que rapper levanta a bola do respeito às diferenças, ter se tornado um hino LGBT nos EUA, o rapaz de Seattle que se apresenta ao lado do produtor Ryan Lewis decidiu reunir os 30 casais para a tal cerimônia. Os casais que responderam ao chamado de Macklemore só souberam na última semana que tudo rolaria no Grammy e que teriam como cantora de casamento ninguém menos do que a diva herself.

A cena foi emocionante. Os primeiros versos de “Same love” já derretem os corações mais duros. LEIA A TRADUÇÃO DA LETRA AQUI. A apresentação de Queen Latifah deu o tom de que viria ali um verdadeiro manifesto político, em rede global, para incomodar de Putin aos presidentes africanos, religiosos tacanhos e conservadores defensores do ódio ao outro. “Música une as pessoas… vamos ouvir a música que diz “seja lá qual for o seu Deus, saiba que todos viemos do mesmo… livre-se do medo, porque debaixo dele tem o amor”, disse a cantora e atriz.

Ao fim da música de Macklemore, Queen Latifah voltou à cena e pediu que os casais trocassem alianças, os declarou casados. Foi quando Madonna entrou no palco, de roupa de cowboy branco, uma bengalinha afinada ao look mas certamente ainda funcionando como apoio por conta do problema no tornozelo nas férias (até semana passada ela estava com muletas) de fim de ano. A diva cantou trechos de “Open your heart” e encerrou com versos de “Same love”.

Corta para a audiência. Keith Urban tem lágrimas escorrendo, bem como Katy Perry, que sorria largamente de tão emocionada. Beyoncé tentando ver alguma coisa que Jay Z apontava, e muita, muita gente comovida. Entre os casais, a própria irmã do Macklemore, que se casou com o namorado.

E qual a importância disso hoje em dia? Dá uma geral no noticiário que você vai entender. O mundo está andando para trás e isso não é uma coisa boa. Como já dito antes, é crime ser gay em alguns paises, como na Rússia e em alguns países africanos. Até na França já se sente um movimento forte de homofobia. No Brasil, as estatísticas são assustadoras. O mundo está intolerante e a intolerância está, assustadoramente se tornando normal em alguns segmentos. Os artistas sensíveis estão percebendo isso e tentando fazer alguma coisa a respeito. Alguns deles, felizmente, não vivem apenas para o aplauso.

Editor da CNN chama Madonna de “parasita previsível”

O uso da palavra com “N” por Madonna é mais do mesmo

madonna american life cnnNa sexta, 17, Madonna postou uma foto de seu filho adolescente, Rocco, no Instagram, dando socos num ringue de boxe com a legenda: “Ninguém se mete com Dirty Soap! Mamãe disse pra te nocautear!”, ela escreveu abaixo da imagem, adicionando a hashtag “#negao”.

Sim, claro.

Quando o inevitável protesto do público começou, a foto foi deletada e repostada, com a legenda substituída por, na moda de Madonna, “#medeixaempazcar###o!”.

Nada neste furor foi acidental.

O ícone pop já está familiarizada com controvérsias, mas, agora, talvez seja a hora de examinar as consequências de sua última viagem cultural em nome da reinvenção.

Em cada uma de suas várias encarnações visuais e flertes culturais, Madonna foi uma parasita previsível. Sem o menor pudor, ela se muda para o próximo personagem, depois de usurpar todas as partes legais e controversas do anterior.
 Agora, eis o uso da palavra com "N".

A falta de preocupação pelo impacto de suas palavras é problemática, especialmente por sua aliança com crianças, adotadas e biológicas.

Mas é de Madonna que estamos falando.

Com rumores de uma possível performance com Beyoncé no Grammy, faz sentido voltar ao noticiário. Esta é a mulher que abraçou o título de Rainha do Obsceno décadas atrás. Esta é a mulher que se despiu para o livro Sex, lançado junto com o álbum Erotica, em 1992.

Ela já se apresentou pendurada em uma cruz, criticou a Guerra do Iraque e se masturbou no palco e no cinema.

Lady Gaga pode viver pelo aplauso, mas Madonna, sem dúvida, vive pelo alvoroço. Ela é adepta de manchetes e de álbuns recordistas. E é mais provável que ela responda com o dedo do meio do que com uma desculpa sentimental. Ela se mantém firme em suas decisões e, historicamente, não retira seus comentários.

Previamente, eu já apreciei esta qualidade dela.

Madonna: “A hashtag com ‘N’ foi um ‘termo carinhoso’ com meu filho”.

Como dançarino e ex-aspirante a coreógrafo, aprecio o espetáculo corajoso nos shows de Madonna. A bem-sucedida Confessions Tour, por exemplo, demonstrou uma queda por destruir barreiras criativas, que me manteve alerta mesmo quando os críticos a abandonaram.

Mas até os fãs têm suas críticas.

Espera-se que as influências sejam diferentes conforme as tendências musicais e os interesses mudem. Mas e Madonna? Ela já trabalhou demais para ganhar seu status de “chef cultural”, exigente ao escolher os aspectos mais singulares de mercado para benefícios comerciais com pouca referência a integridade de seu comportamento.

Quando ela ofendeu os Hindus ao vestir uma “bindi”, símbolo de castidade e pureza, enquanto vestiu um top transparente em uma performance no VMA, uma porta-voz contou a MTV que Madonna não “entendeu porque (eles) estavam chateados”.

Ela defendeu o uso de imagens Nazistas durante a MDNA Tour para destacar “a intolerância que os humanos têm um pelo outro”.

Madonna repetidamente já demonstrou que vê a iconografia cultural, de estilos de dança a símbolos religiosos, como afirmações artísticas e os separa quando não é mais conveniente. No passado, ela imitou Marilyn Monroe. Depois, veio sua fixação espanhola no fim dos anos 80 com La Isla Bonita. Em 1990, ela apresentou o Vogue ao mundo, um estilo de dança popularizado por gays negros e criadores latinos.

Daí, vieram os “bindis”, “saris”, as vibrantes tatuagens de henna e a magia ambígua de cantos de oração no álbum Ray Of Light. Ela foi uma versão feminina e poderosa de Che Guevara na arte de American Life. Cada imagem estilizada de forma imaculada, cada renovação aguentando o ciclo da vida de sua mais recente fascinação.

Usar a palavra com “N” no Instagram é apenas Madonna sendo Madonna. E o seu estilo “Desculpe se você se ofendeu” de não se desculpar não indica que ela aprendeu algo no passado.

Ela seria insolente para usar a frase “termo carinhoso” se fosse direcionado aos seus filhos negros adotados do Malawi, David Banda e Mercy James?

Ela se tornou acomodada demais, tendo amigos, colegas e filhos negros? Este incidente é menos sobre Madonna ser racista e mais sobre sua contínua falta de tato.

Isto seria uma grande lição a seus filhos sobre erros e consequências, em sua última reinvenção como humanitária e mãe. Mas deveria, em primeiro lugar, ser uma lição para a própria Madonna.

Alexander Hardy é escritor, professor e crítico cultural. Ele escreve sobre raças, sexualidade, e observações de Panama no blog The Colored Boy. Twitter: @chrisalexander_. Link original aqui.

Vice-presidente da Warner fala sobre a influência de Madonna na música, propaganda e Marketing

Madonna MDNA 2012 red shirt sleeveless

Não é segredo que as gravadoras estão em declínio desde quando o MP3 e o iTunes desbancaram o monopólio musical. Porém, por que, até então, alguns artistas como Madonna têm permanecido no poder por décadas, independente do que vira moda na indústria da música?

Seymour Stein, co-fundador da gravadora “Sire Records” e vice-presidente da “Warner Bros. Records”, viu os altos e baixos da indústria em primeira mão. Stein ajudou a moldar os gêneros Punk e New Wave ao cultivar artistas como The Smiths, Ramones, Ice-T, The Cure, e Madonna. Mas, talvez, o maior sucesso de Stein é ser capaz de sustentar um selo mesmo com tanta turbulência na indústria da música.

A habilidade de Stein de reconhecer uma boa música ao ouvi-la e seu instinto de contratar artistas possibilitou sua parceria com Madonna. Ele estava em um hospital em Nova York em 1982, tratando uma infecção, quando ouviu a demo da canção “Everybody”. Instantaneamente, ele quis contratá-la, então chamou o produtor dela, um DJ amigo dele. Madonna foi ao hospital e assinou um contrato com a Sire Records. Durante uma palestra presidencial de 2009 na Escola de Liderança Criativa de Berlim, Stein disse que sua cliente Madonna ilustrava alguns pontos-chave sobre sucesso de mercado. Eis alguns deles:

1) Não perca a determinação. Ela ainda conta para o sucesso.

“Em primeiro lugar, Madonna é uma das pessoas mais espertas que já conheci”, disse Stein. “Ela é uma das mais determinadas!”.

2) Preocupe-se com a criatividade e a técnica, não apenas com o dinheiro

Madonna “sabe muito de música”, disse Stein. “Ela está no alto da modernidade e assim segue. Assim sempre foi e sempre continuará”.

3) Mude ou morra, mas não se torne redundante

“Cada um dos álbuns dela é diferente”, disse Stein. “Ela se aproxima e vira do avesso, como um camaleão. E acho que ela vai continuar assim no futuro…acho que o que mais admiro nela é o fato de estar além do seu tempo – bem além”.

Stein confessa que as gravadoras não têm a mesma importância do passado. “…ao longo dos anos, havia gravadoras como Atlantic, e Chess e Vee-Jay, e King And Imperial”, disse. “Você sabia quando um novo disco da Imperial era lançado – ‘É a gravadora do Fat Domino – preciso ouvir isso!'”.

Os consumidores de música conheciam as gravadoras e confiavam que elas trariam boa música. Era um selo de credibilidade. Mas as coisas não são mais assim. Agora, mais do que nunca, os músicos trabalham de forma independente. Uma das formas de uma gravadora ajudar o artista é com o A&R (Artista e Repertório). O trabalho de um A&R era relacionar o artista com as músicas. Mas, agora, estamos na era do “cantor/compositor”. Os artistas estão compondo suas próprias músicas, e o papel de um A&R está cada vez mais irrelevante.

Não obstante, Stein disse para a Forbes que acredita que uma gravadora manda um sinal, e que as pessoas respeitam a Sire Records por sua longa durabilidade. Ele está lá desde o início, que representa seu comprometimento com a ideia de gravadoras. Porém, disse Stein, hoje o que vale mais é a música.

Quando perguntado sobre o que o que faz de Madonna um sucesso como artista, ele disse: “O canto, a musicalidade, a presença de palco, sua personalidade ímpar e sua ousadia – são todos muito importantes. Madonna nunca foi do tipo de que abaixa a cabeça para tudo e todos. Ela defende o que acredita, o que diz e canta. Ela acredita, mesmo que quebre a cara, mas não tem medo de enfrentar. Se algo não der muito certo ou não sair como ela planeja por diversos fatores, ela apenas passa por cima sem olhar para trás. Talvez aí está o segredo: seu foco. Mas não significa nada se ela não fizer uma boa música”.

Já que a música reina, os artistas devem inovar a cada movimento. Ele cita Madonna como exemplo de um alguém que vai sobreviver aos altos e baixos da indústria por sua habilidade de recomeçar e se atualizar, com novos sons e sucessos.

Stein, o próprio, é um exemplo de um sério poder de durabilidade. Ele não questiona as tendências, ele as aceita. Ao mesmo tempo, ele foca em aproveitar a música, ao invés de apenas a “indústria”, e continua indo a shows de Rock, com ouvidos atentos ao próximo sucesso.

Boy George: “Madonna e Kylie Minogue deveriam fazer uma pausa de alguns anos”

Boy George detona Madonna novamente

Boy George nega ter dito aquelas comentários negativos sobre Madonna e Kylie Minogue em entrevista dada a Romain Burrel  para a revista Têtu.

Ele twittou …

boy george fala de Madonna novamente

– Os comentários atribuídos a mim na @TETUmag acerca de Madonna e Kylie são mentiras, bem como é a maior parte da entrevista! Estou muito decepcionado!
– Distorceram o que eu disse ! A idéia de mim como uma  “super bitch” prevaleceu! Infelizmente!
– Sim, é escandaloso e colocaram palavras totalmente falsas em minha boca.
– É (uma matéria) totalmente caluniosa e eu não disse essas coisas ! Estou muito chateado!
– É completamente chocante e cheio de mentiras! Meus advogados vão lidar com isso agora!
– Vamos ver se eu realmente disse isso? Meu advogado está tomando as providências!

@RomainBurrel Se você tiver uma gravação minha dizendo “Madonna & Kylie” na frase exata que você imprimiu, coloque online! Por favor !

Boy George está tendo uma outra crise de identidade?
No passado, ele atacou Madonna, em seguida, pediu desculpas e até a elogiou, mas agora ele tem dito coisas ruins sobre ela … de novo!

Ele conversou com a revista gay francesa Têtu sobre a próxima reunião do Culture Club.
Aqui está uma tradução da parte em que ele menciona Madonna …

Eu nunca estive disposto a me sacrificar para estar nas últimas tendências. Esse nunca foi meu objetivo.
[Madonna e Kylie Minogue] tentam agarrar-se a suas coroas pop a todo o custo indo até as últimas consequências e muitas vezes esquecendo do que elas realmente são.
O melhor seria fazer uma pausa por alguns anos do que esquecer quem você realmente é, só por fama!

Uma visão geral das declarações passadas de Boy George sobre Madonna …

29 de outubro de 2013 – Huffington Post entrevista

Quanto a Madonna, eu sempre costumava rir das coisas que ela fazia.
E agora eu corro! Eu entendo porque ela sempre foi desesperada.
Eu gostaria de ter feito o mesmo enquanto ela fazia.

Junho de 2011 – entrevista ARTE

Bem, minha mãe estava particularmente impressionada [Like a Prayer vídeo] .
Funcionou. Então eu acho que foi realmente o ponto.
E aí ela ganhou as primeiras páginas dos jornais.

9 de junho, 2011 – entrevista Daily Mail

Eu gostaria de ter feito tudo isso há 20 anos.
Eu gostaria de ter ido correr com Madonna quando ela me pediu há 20 anos.
Eu costumava dizer, ‘Eu só correr quando as pessoas me perseguir. Mas eu entendo agora.

01 de março de 2013 – entrevista AfterElton

Boy George : Eu gosto de onde estou agora, mas eu não tenho a tenacidade de Madonna quando se trata de minha carreira – ter lutado com unhas e dentes para ser profissional uber. Essa é a diferença, eu nunca fui super profissional.

Depois de Elton : É muito bom ouvi-lo elogiar Madonna, porque houve um período de tempo quando você a criticava muito (junto com Elton John ) na imprensa, dizendo que ela é desprezível e um traidora de seus fãs gays por ter aderido a um religião homofóbica (referindo-se a cabala).

Boy George: Eu tremo quando leio algumas das coisas que eu disse, como “O que você estava pensando?’ Então agora eu não falo a menos que eu tenha algo interessante para dizer. Mas eu acho que foi mais um reflexo de como eu me sentia sobre mim mesmo e por isso sairia como uma projeção. Eu não tinha o direito de fazê-lo. Foi muito abaixo de mim. Eu realmente não olho para trás com orgulho. Quando digo coisas engraçadas, eu gosto, mas eu nunca diria algo assim de novo.

Outubro de 2006 – Channel 4 entrevista

Madonna … Madonna … Eu só acho que ela é vil, um ser  humano horrível e sem nenhuma qualidade. Não há nada de bom sobre ela. Eu nunca ouvi ninguém dizer nada de bom sobre ela. E nenhuma pessoa que conheci foi vil com ela. Péssima, cheia de si – e nem um pouco espiritualizada. Como é que esta mulher permanece por aí (fazendo sucesso) por tanto tempo?

Nos anos 80 …

Comparando Madonna com Marilyn Monroe é como comparar Raquel Welch com a parte traseira de um ônibus.

Rixa de Piers Morgan e Madonna começou com um pedaço de pão

Madonna e Piers Morgan brigaO repórter britânico Piers Morgan finalmente revelou o verdadeiro motivo de sua antiga rixa com Madonna: um dia, ele jogou um pedaço de pão em cima dela, durante um jantar de famosos.

O âncora da CNN e ex-editor de um tabloide no Reino Unido nunca escondeu o seu ódio pela Material Girl ao longo dos anos, e até mesmo a baniu dos seus programas nos EUA e no Reino Unido em 2011.

Até então, ele se manteve calado sobre o que causara a briga entre os dois, mas, agora, revelou o motivo bizarro. Morgan explicou que, em 2001, compareceu à festa de 40 anos do famoso chef Marco Pierre White, na qual Madonna e seu então marido Guy Ritchie também eram convidados. Morgan declarou que a cantora estava irritada com a atração do jantar, o comediante Bernard Manning, então ele decidiu jogar um pedaço de pão na Rainha do Pop.

Ele contou à revista britânica OK que “Madonna é terrível. Ela nunca me perdoou por aquele pedaço de pão no aniversário de Marco Pierre White. Ela estava sendo desagradável não apenas comigo, mas em geral. Havia apenas 40 pessoas no jantar e ela ficou incomodada porque Bernard Manning começou a ofender pessoas e aquilo a magoou. Ela estava com Guy Ritchie na época e ele não parava de rir. Eu só peguei um pedaço de pão e atirei nela!”.

“Odeio o sotaque falso, os braços musculosos, a nudez aos 50 anos. Tudo sobre ela é para chamar a atenção. Acho que os 15 minutos de fama dela já acabaram”.

Wendy Williams deveria pesquisar um pouco antes de falar sobre Madonna & Lady Gaga

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Wendy Williams, que tem seu próprio talk show no qual critica celebridades sem fazer quaisquer pesquisas, alfinetou os comentários de Lady Gaga sobre Madonna durante a entrevista de rádio com Howard Stern.

Eis o que ela disse…

“Madonna tem julgado Gaga o tempo todo. Algo como ‘Ela está tentando roubar meu estilo…’”.

Se Wendy Williams pesquisasse um pouco, saberia que Madonna nunca disse tal coisa. Em 2012, Madonna realmente disse que Born This Way era redutiva, mas ela também:

– Contatou Lady Gaga para se apresentarem juntas durante a MDNA Tour no Yankee Stadium;

– Aplaudiu Lady Gaga por apoiar a comunidade gay e por seu compromisso contra o Bullying durante a entrevista no Twitter;

– Disse que ficou impressionada com Lady Gaga e a considerava muito talentosa.

Alguns meses atrás, Williams também disse que Madonna estava velha e que ela se esforça muito, mas, aparentemente, se esqueceu disso. Agora, ela afirma…

“Sou fã da Madonna, porque foi a minha era. Gosto da Gaga, mas, se tiver que escolher, gosto mais da Madonna. Mas, nesta luta particular, acho que Gaga venceu.”

Daí, ela tem um conselho final para Madonna…

“Madonna, pare de discutir com essas meninas abaixo de você. Não abaixo, porque elas estão sob você. Mas abaixo, já que vieram depois de você. Você é a original. As originais nunca rebatem”.

É verdade o que dizem. Todos mencionam Madonna quando precisam de publicidade.

Fotógrafo Richard Corman: “Sempre soube que Madonna era especial”

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Madonna em New York em 1983 (Foto: Richard Corman)

Estuprada sob ameaça de facadas em um telhado, sob a mira de um revólver, e roubada várias vezes…uma lembrança do passado de Madonna como um artista batalhadora em Nova York.

A cantora, nascida em Michigan, se mudou para a Big Apple em 1978, aos 19 anos e achou o lugar bastante intimidador. “Nova York não era tudo o que eu achava”, ela escreveu na Harper’s Bazaar de outubro. “A cidade não me recebeu de braços abertos”.

Mas Madonna NYC 83, novo livro do icônico fotógrafo Richard Corman, mostra que a cantora logo deixou o duro passado para trás.

Já em 1983, ela já se integrara como parte da agitada coleção de artistas do Lower East Side de Nova York, se lançando como divindade do Centro da Cidade com o talento e a cruel ambição de se tornar a artista feminina mais bem-sucedida de todos os tempos.

O livro de Corman é um retrato cativante de Madonna no ápice da fama. Ele fotografou a cantora sob recomendação da mãe, diretora de elenco que a vira em um teste para cinema.

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Madonna em New York em 1983 (Foto: Richard Corman)

“Eu aprendi com (o fotógrafo) Richard Avedon e sempre busquei assuntos interessantes para fotografar”, disse Corman. “À época, minha mãe escalava seu elenco para ‘A Última Tentação de Cristo’, de Martin Scorsese, e considerou Madonna para interpretar a Virgem Maria. Ela me ligou e descreveu Madonna como sendo ‘absolutamente original’, e que eu devia encontra-la e fotografá-la. Depois de receber os contatos, liguei e sugeri que nos encontrássemos para tirar as fotos. Ela concordou e o resto é o que você vê no livro”.

Corman encontrou Madonna no apartamento dela imediatamente, para discutir o que fariam. Apesar dela ainda ter que criar algum impacto fora das boates que frequentava em Nova York, ele ficou chocado com a qualidade de estrela que ela emanava, descrevendo o primeiro encontro como sendo “mágico”.

“Eu a ouvi gritar quando cheguei lá e, assim que me apoiei no corrimão, vi aqueles olhos extraordinários. Sabia naquele momento que ela era especial”, ele lembra. “Ela era carismática e diferente de todos que eu vira naquela época. Em minha mente, ela estava definitivamente no caminho da grandeza”.

Corman começou a tirar fotos informais de Madonna no apartamento e pela vizinhança com crianças locais. Rapidamente, ficou nítido que ela era natural em frente à câmera.

“Ela foi autêntica durante nossos ensaios”, ele disse. “Se eu estivesse fotografando no apartamento, andando pelas ruas do Lower East Side ou pelos estúdios do primeiro filme, Madonna estava sempre confortável e expressava uma atitude e determinação ferozes. Seu humor, sexualidade, estilo e beleza eram naturais e, frequentemente, as fotos eram simples e sem muita pose”.

Como uma das mulheres mais fotografadas da História, Madonna sucumbiu às lentes de alguns dos melhores fotógrafos do mundo em inúmeros retratos super-estilizados. Entretanto, poucos capturaram a essência dela como as fotos de Corman, representando uma garota ambiciosa no começo de uma jornada que transformaria sua vida completamente em meses.
“Tudo veio da sensibilidade única dela”, disse Corman. “Ela sempre teve um estilo próprio. Se estivesse fazendo a maquiagem, cabelo e figurino, tudo era como ela queria. Logo, tudo se tornou uma sensação cultural pop”.

Corman, claro, se refere ao estilo infame, sexy e urbano que Madonna desbravou e que foi imitado por adolescentes em todo o mundo: tecido de brim rasgado, renda, joias e a barriga de fora. Em moda na época, o visual é uma referência óbvia a artistas como Rihanna, Miley Cyrus e Sky Ferreira.

“Estes fotógrafos são mais relevantes hoje do que nunca”, ri Corman. “A sensibilidade de Madonna, o estilo e moda do passado estão com tudo hoje. Algumas fotos pareceriam de 20 anos atrás, mas hoje são totalmente relevantes. A energia que pulsava antes, que Madonna representa tão bem, está viva e revigorada hoje”.

Um dos melhores exemplos desta energia é uma série de fotos de Madonna nas ruas de Nova York com um grupo de crianças, dançarinos de Break. “São as minhas favoritas”, disse Corman. “As fotos capturam-na perfeitamente. Aquelas crianças a adoraram. Ela realmente era como o ‘Flautista de Hamelin’. As crianças dançavam, cantavam e riam com Madonna, enquanto ela e o aparelho de som exalavam alegria!”. (Metro)

Ousada ou corajosa, Madonna é extraordinária

madonna 2013 bazzar revolution secret projectRevelação de estupro e como ela lidou com isso servem de inspiração aos outros

Apenas um rápido olhar a Madonna e o gosto de sua música podem dar a sensação de que ela é uma artista com um passado extraordinário. Sua vontade de discutir a história de vida, incluindo um brutal estupro, se une ao caráter especial da artista que mais vendeu em todos os tempos. Não importa se ela viva em uma época cultural que possa facilitar a experiência de ser estuprada. Ela é corajosa e inspiradora, de qualquer forma.

Madonna é controversa em muitos aspectos. Entretanto, compartilhar as mais dolorosas experiências com o mundo é nobre. É comum as celebridades falarem sobre momentos difíceis, mas, para uma mulher revelar como ela foi arrastada à cobertura de um prédio com uma faca nas costas e depois estuprada, não é nada além de corajoso.

Com Madonna, ousadia e coragem às vezes se sobrepõem. Estas virtudes formaram a base de sua brilhante carreira. Sua canção Like A Virgin e o videoclipe enfureceram alguns conservadores, que afirmaram promover sexo antes do casamento e valores familiares desvirtuados. Mas a indústria do entretenimento se beneficiou do efeito revolucionário da canção. Moralistas saíram do sério com o caminho da carreira maravilhosa dela, mas admiradores viram uma mulher verdadeiramente liberal, cuja contribuição às artes expandiram suas fronteiras.

A Material Girl é muito mais do que uma cantora pop. Ela é compositora, autora, atriz, empresária e filantropa. Se ela tivesse desistido do sonho depois de tudo o que Nova York causou a ela décadas atrás, sem mencionar a dura vida familiar antes disso, ela não poderia ter se tornado nada disso. Foi preciso algo muito maior do que sorte para superar estes dias e se tornar o que ela é hoje.

Ela sempre se inspirou na pintora mexicana Frida Kahlo, uma não-conformista ousada que não se importou com o que as pessoas pensavam dela. Quando deprimida, Madonna olhava um retrato de Kahlo que tinha preso na parede, e sua força interior aumentava. Uma mulher fez seu nome pintando auto-retratos porque “estava geralmente sozinha e era o assunto que mais dominava”. A outra mulher também se dedicou muito ao trabalho porque “se Frida conseguiu, eu também conseguiria”.

O estupro foi revelado em um depoimento que Madonna concedeu à revista Harper’s Bazaar. Contudo, não foi a primeira vez em que ela falou sobre isso. O ícone pop revelou o assunto primeiro em uma entrevista de 1995, em promoção ao livro SEX. Ela era jovem e confiava nas pessoas, afirmou na época. A experiência a tornou “muito mais esperta e sagaz”.

Tendo contribuído tanto às artes e ao entretenimento, Madonna inspira além de sua música, com uma história de vida que muitas celebridades prefeririam guardar e levar para o túmulo. Ela simplesmente é ela mesma, sem condescender ou pregar nada. Não podemos dizer que fomos tocados por ela pela primeira vez, mas realmente esperamos que seu último ato “Madonna”, por mais controverso que possa ser para alguns, não seja o último.

Fonte: The Nation. Tradução de Leonardo Magalhães.