Vice-presidente da Warner fala sobre a influência de Madonna na música, propaganda e Marketing

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Não é segredo que as gravadoras estão em declínio desde quando o MP3 e o iTunes desbancaram o monopólio musical. Porém, por que, até então, alguns artistas como Madonna têm permanecido no poder por décadas, independente do que vira moda na indústria da música?

Seymour Stein, co-fundador da gravadora “Sire Records” e vice-presidente da “Warner Bros. Records”, viu os altos e baixos da indústria em primeira mão. Stein ajudou a moldar os gêneros Punk e New Wave ao cultivar artistas como The Smiths, Ramones, Ice-T, The Cure, e Madonna. Mas, talvez, o maior sucesso de Stein é ser capaz de sustentar um selo mesmo com tanta turbulência na indústria da música.

A habilidade de Stein de reconhecer uma boa música ao ouvi-la e seu instinto de contratar artistas possibilitou sua parceria com Madonna. Ele estava em um hospital em Nova York em 1982, tratando uma infecção, quando ouviu a demo da canção “Everybody”. Instantaneamente, ele quis contratá-la, então chamou o produtor dela, um DJ amigo dele. Madonna foi ao hospital e assinou um contrato com a Sire Records. Durante uma palestra presidencial de 2009 na Escola de Liderança Criativa de Berlim, Stein disse que sua cliente Madonna ilustrava alguns pontos-chave sobre sucesso de mercado. Eis alguns deles:

1) Não perca a determinação. Ela ainda conta para o sucesso.

“Em primeiro lugar, Madonna é uma das pessoas mais espertas que já conheci”, disse Stein. “Ela é uma das mais determinadas!”.

2) Preocupe-se com a criatividade e a técnica, não apenas com o dinheiro

Madonna “sabe muito de música”, disse Stein. “Ela está no alto da modernidade e assim segue. Assim sempre foi e sempre continuará”.

3) Mude ou morra, mas não se torne redundante

“Cada um dos álbuns dela é diferente”, disse Stein. “Ela se aproxima e vira do avesso, como um camaleão. E acho que ela vai continuar assim no futuro…acho que o que mais admiro nela é o fato de estar além do seu tempo – bem além”.

Stein confessa que as gravadoras não têm a mesma importância do passado. “…ao longo dos anos, havia gravadoras como Atlantic, e Chess e Vee-Jay, e King And Imperial”, disse. “Você sabia quando um novo disco da Imperial era lançado – ‘É a gravadora do Fat Domino – preciso ouvir isso!'”.

Os consumidores de música conheciam as gravadoras e confiavam que elas trariam boa música. Era um selo de credibilidade. Mas as coisas não são mais assim. Agora, mais do que nunca, os músicos trabalham de forma independente. Uma das formas de uma gravadora ajudar o artista é com o A&R (Artista e Repertório). O trabalho de um A&R era relacionar o artista com as músicas. Mas, agora, estamos na era do “cantor/compositor”. Os artistas estão compondo suas próprias músicas, e o papel de um A&R está cada vez mais irrelevante.

Não obstante, Stein disse para a Forbes que acredita que uma gravadora manda um sinal, e que as pessoas respeitam a Sire Records por sua longa durabilidade. Ele está lá desde o início, que representa seu comprometimento com a ideia de gravadoras. Porém, disse Stein, hoje o que vale mais é a música.

Quando perguntado sobre o que o que faz de Madonna um sucesso como artista, ele disse: “O canto, a musicalidade, a presença de palco, sua personalidade ímpar e sua ousadia – são todos muito importantes. Madonna nunca foi do tipo de que abaixa a cabeça para tudo e todos. Ela defende o que acredita, o que diz e canta. Ela acredita, mesmo que quebre a cara, mas não tem medo de enfrentar. Se algo não der muito certo ou não sair como ela planeja por diversos fatores, ela apenas passa por cima sem olhar para trás. Talvez aí está o segredo: seu foco. Mas não significa nada se ela não fizer uma boa música”.

Já que a música reina, os artistas devem inovar a cada movimento. Ele cita Madonna como exemplo de um alguém que vai sobreviver aos altos e baixos da indústria por sua habilidade de recomeçar e se atualizar, com novos sons e sucessos.

Stein, o próprio, é um exemplo de um sério poder de durabilidade. Ele não questiona as tendências, ele as aceita. Ao mesmo tempo, ele foca em aproveitar a música, ao invés de apenas a “indústria”, e continua indo a shows de Rock, com ouvidos atentos ao próximo sucesso.

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