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36 anos do primeiro álbum da Madonna: um marco no pop

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Há 36 anos, Madonna lançava nos Estados Unidos seu primeiro álbum de estúdio e viria se tornar um dos maiores ícones do pop não só nos anos 80 mas nas décadas seguintes.

Em 1982 Madonna já era muito conhecido como cantora nos principais bares de Nova York, e por meio de um contato dentro da Sire Records a partir de um DJ que tocava suas demos o então presidente do selo lhe ofereceu um contrato de dois singles após ouvir ‘Everybody’ que viria a ser o primeiro single do álbum homônimo. Com o desenrolar do tempo e do desempenho, um contrato de álbum é oferecido a Madonna que escolhe Reggie Lucas para ser o produtor executivo fazendo uma sonoridade diferente com sintetizadores e outros elementos, mas após falta de harmonia entre as técnicas de Lucas e o gosto de Madonna, a mesma procura ajuda e escolhe seu então namorado John Benitez para remixar as faixas – sendo responsável pelo então hit mundial do álbum.

Na época a obra fora recebida de forma mista pela critica especializada, ora positiva pelo novo estilo do pop além do apelo dance ou negativa quando colocavam em jogo o aparato vocal, porem nas décadas seguintes a obra teve o seu mérito reconhecido por abrir uma nova porta para o pop trazendo o dance para fundir-se.

Comercialmente, o álbum foi um sucesso para época chegando a atingir a 8º posição na Billboard 200 e anos mais tarde quando fora lançado ao redor do mundo atingiu o Top 10 de vários países incluindo Austrália e Reino Unido. Na época, Madonna chegou a vender 7 milhões de copias. Sendo certificado em 5X Platina em solo americano, 3x na Austrália e 1x no Reino Unido, atualmente contam-se mais de 10 milhões de copias vendidas ao redor do mundo.

Como de costume o álbum teve 5 singles:
Everybody, Burning Up, Holiday, Lucky Star e Borderline.

EVERYBODY

Everybody capa

A canção foi lançada em Out de 1982 e era tudo o que a entretenimento precisava, um pop dançante que traria vida após o fim da disco music. Mas o que seria Madonna se não houvesse polemica não? A musica fora originalmente escrita apenas por ela em 1981, passando de clube em clube oferecendo a musica, um famoso DJ percebeu o potencial da musica após o publico fever ao toca-la e então contatou um dos seus contatos na Sire querendo que o presidente a ouvisse, ele ouviu e ofereceu um contrato onde Madonna gravaria dois singles e como mimo pediu que o DJ Mark Kamins fizesse a produção do álbum. Curiosamente, “Everybody” seria Side B de “Aint no Big Deal” e esta estava sendo produzida por Mark e outro produtor chamado Stephen Bray, eles produziram cada um sua versão e não chegaram a um acordo de qual lançar. Bray espertinho, pegou a demo e vendeu a um grupo, meses depois o grupo arquivou a canção e Madonna tratou de relança-la como Side B de “Papa Dont Preach” anos depois.

Por conta da capa também, muitas pessoas achavam que Madge era negra já que por próprio incentivo da gravadora a mesma era uma colagem contemporânea de Nova York. Que confusão, não? A canção atingiu a posição #7 da Bubbling Under e foi Top 3 na parada Dance da Billboard, rendendo então uma grande aparição em uma revista nacional.

BURNING UP

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Lançada em Março de 1983 a canção de dance-rock era uma aposta para o verão, mas acabou fracassando por sequer ter entrado na Hot 100 mas foi o segundo #3 de muitas aparições na parada Dance da tabela. Trazendo muita instrumentalização com sintetizadores e baixo, a cancão trata-se da vergonha de declarar-se ao seu amante. Trazendo um vídeo clipe considerado bem elaborado e com alguns efeitos especias modernos para a época, é cantada ate hoje nas turnês de Madonna.

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Vice-presidente da Warner fala sobre a influência de Madonna na música, propaganda e Marketing

Madonna MDNA 2012 red shirt sleeveless

Não é segredo que as gravadoras estão em declínio desde quando o MP3 e o iTunes desbancaram o monopólio musical. Porém, por que, até então, alguns artistas como Madonna têm permanecido no poder por décadas, independente do que vira moda na indústria da música?

Seymour Stein, co-fundador da gravadora “Sire Records” e vice-presidente da “Warner Bros. Records”, viu os altos e baixos da indústria em primeira mão. Stein ajudou a moldar os gêneros Punk e New Wave ao cultivar artistas como The Smiths, Ramones, Ice-T, The Cure, e Madonna. Mas, talvez, o maior sucesso de Stein é ser capaz de sustentar um selo mesmo com tanta turbulência na indústria da música.

A habilidade de Stein de reconhecer uma boa música ao ouvi-la e seu instinto de contratar artistas possibilitou sua parceria com Madonna. Ele estava em um hospital em Nova York em 1982, tratando uma infecção, quando ouviu a demo da canção “Everybody”. Instantaneamente, ele quis contratá-la, então chamou o produtor dela, um DJ amigo dele. Madonna foi ao hospital e assinou um contrato com a Sire Records. Durante uma palestra presidencial de 2009 na Escola de Liderança Criativa de Berlim, Stein disse que sua cliente Madonna ilustrava alguns pontos-chave sobre sucesso de mercado. Eis alguns deles:

1) Não perca a determinação. Ela ainda conta para o sucesso.

“Em primeiro lugar, Madonna é uma das pessoas mais espertas que já conheci”, disse Stein. “Ela é uma das mais determinadas!”.

2) Preocupe-se com a criatividade e a técnica, não apenas com o dinheiro

Madonna “sabe muito de música”, disse Stein. “Ela está no alto da modernidade e assim segue. Assim sempre foi e sempre continuará”.

3) Mude ou morra, mas não se torne redundante

“Cada um dos álbuns dela é diferente”, disse Stein. “Ela se aproxima e vira do avesso, como um camaleão. E acho que ela vai continuar assim no futuro…acho que o que mais admiro nela é o fato de estar além do seu tempo – bem além”.

Stein confessa que as gravadoras não têm a mesma importância do passado. “…ao longo dos anos, havia gravadoras como Atlantic, e Chess e Vee-Jay, e King And Imperial”, disse. “Você sabia quando um novo disco da Imperial era lançado – ‘É a gravadora do Fat Domino – preciso ouvir isso!'”.

Os consumidores de música conheciam as gravadoras e confiavam que elas trariam boa música. Era um selo de credibilidade. Mas as coisas não são mais assim. Agora, mais do que nunca, os músicos trabalham de forma independente. Uma das formas de uma gravadora ajudar o artista é com o A&R (Artista e Repertório). O trabalho de um A&R era relacionar o artista com as músicas. Mas, agora, estamos na era do “cantor/compositor”. Os artistas estão compondo suas próprias músicas, e o papel de um A&R está cada vez mais irrelevante.

Não obstante, Stein disse para a Forbes que acredita que uma gravadora manda um sinal, e que as pessoas respeitam a Sire Records por sua longa durabilidade. Ele está lá desde o início, que representa seu comprometimento com a ideia de gravadoras. Porém, disse Stein, hoje o que vale mais é a música.

Quando perguntado sobre o que o que faz de Madonna um sucesso como artista, ele disse: “O canto, a musicalidade, a presença de palco, sua personalidade ímpar e sua ousadia – são todos muito importantes. Madonna nunca foi do tipo de que abaixa a cabeça para tudo e todos. Ela defende o que acredita, o que diz e canta. Ela acredita, mesmo que quebre a cara, mas não tem medo de enfrentar. Se algo não der muito certo ou não sair como ela planeja por diversos fatores, ela apenas passa por cima sem olhar para trás. Talvez aí está o segredo: seu foco. Mas não significa nada se ela não fizer uma boa música”.

Já que a música reina, os artistas devem inovar a cada movimento. Ele cita Madonna como exemplo de um alguém que vai sobreviver aos altos e baixos da indústria por sua habilidade de recomeçar e se atualizar, com novos sons e sucessos.

Stein, o próprio, é um exemplo de um sério poder de durabilidade. Ele não questiona as tendências, ele as aceita. Ao mesmo tempo, ele foca em aproveitar a música, ao invés de apenas a “indústria”, e continua indo a shows de Rock, com ouvidos atentos ao próximo sucesso.

Como Madonna foi contrata pela Sire Records

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Esta semana, o Billboard Magazine traz uma entrevista com Seymour Stein.

Você assinou um contrato Madonna numa cama de hospital. Você estava ativamente envolvido em seus projetos?

“Eu assinei com ela porque eu acreditava no Mark Kamins, que eu achava um grande DJ, e ele queria ser um produtor. Então eu dei-lhe algum dinheiro para me trazer um artista e ele me trouxe foi Madonna. E sim, eu estava muito envolvido no começo. Então eu percebi: “Esta mulher é mais inteligente do que todos nós. Basta deixar ela seguir o seu caminho.”

A Sire Records então tornou-se de propriedade da Warner Music Group. Como foi a transição de Madonna para a Warner?

“No passado, Mo Ostin tentou me impedir de assinar artistas. Às vezes ele estava certo quando ele me impediu de fazer um negócio, muitas vezes ele estava errado. Nesuhi Ertegun foi subindo na Warner International, então liguei pra ele e disse que queria Madonna na Warner, mas tive problemas para obter o dinheiro para fazer o negócio.” Ele disse: “Meu irmão [Ahmet] me diz que você está no hospital. Basta ouvir os médicos e eu vou dar o que você precisa cadastrar-la. Ele me deu o dinheiro para assinar com Madonna.”

Madonna tem 33 entradas na Billboard pela SIRE RECORDS no Hot 100 da Billboard, inclusive o 1,2,3,5,6,7,8,10…. Veja:

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Nile Rodgers, produtor do álbum LIKE A VIRGIN, de Madonna, fala sobre a cantora

en 6684Antes de performar no AVO SESSION Basel music festival na Suiça, Nile Rodgers conversou Marc Cancer, e falou sobre Madonna. Confira.

Marc Cancer: Depois que você trabalhou com ela, você poderia resistir a sua virgindade?
Nile Rodgers: (risos) Eu poderia resistir a sua virgindade? Madonna não era virgem quando a conheci … mal!

Marc Cancer: Eu acho que ela disse uma vez que ela dormiu com muitos produtores, mas acho que você era o único que estava muito ligado e trabalhoucom ela.

Nile Rodgers: É muito engraçado, porque há uma história no meu livro, onde Madonna e eu tivemos uma grande briga. Eu fui embora e um dia ela estava pelo estúdio, como eu estava saindo, ela me diz: “Hey Nilo, você acha que eu sou sexy?”.

Eu disse, “Madonna, é claro, você é uma das pessoas mais sexy que eu já conheci.” Nesse ponto fomos ficamos grandesamigos, nós iríamos em todos os lugares, nós ouvimos as pessoas dizendo: “Quem é essa garota com Nilo? Quem é essa garota? Quem é essa garota? “

Eu disse: “Claro que eu acho que você é sexy” e ela simplesmente foi “Bem, então por que você não quer transar comigo?”

Eu disse, “porque eu sou seu produtor …” e ela disse: “Bem, isso não impediu que qualquer dos outros…”.

Ela não pensou em mim como produtor … Eu tinha muitos, muitos hits. Os outros produtores que ela tinha trabalhado com, todos os produtores bons são meus amigos, a sua lista de sucessos não eram a mesma quantidade como a minha na época. Eu já tinha trabalhado com Diana Ross … A maioria dos meus sucessos foram com as mulheres.

Apenas os hits que eu tinha com os homens naquela época eram do Duran Duran, INXS e David Bowie. Tudo o resto era com as mulheres. Em um ponto no início da minha carreira, em algum momento no tempo, eu brincava com um artista. Não era a coisa certa, porque ele fez coisas desconfortáveis.


Minuto 16:06

Eu pensei que Madonna e eu provavelmente trabalharíamos juntos para o resto de nossas vidas, pois esse discofoi tão perfeito. É o maior registro de ambas as nossas vidas. Ela nunca fez um disco tão grande, nem eu. Então, parecia que éramos a equipe perfeita para fazer discos para sempre.
A última coisa que eu queria fazer era ….

Marc: Risos.

Nile Rodgers: Sim, foi uma loucura.
Eu odeio dizer coisas como esta, porque é uma espécie de “não é justo”. Madonna, eu acho, é incrível. Eu realmente a adoro, ela é ótima.
Se você olhar os vídeos do jeito que ela era quando nos conhecemos, que é como ela era. O jeito que ela é agora, eu nem sei o que é.

Eu acho que ela ainda é a mesma pessoa que eu conheci.
Madonna, que menina … e ela sempre rodeada… Eu não sou esse cara.

Quando eu estava trabalhando com ela, eu estava fazendo um filme e que a estrela do filme … ela queria ir lá e me encontrar todos os dias. Foi esse tipo de coisa.

Eu nem sequer levei a sério. Se eu tivesse levado a sério, eu não teria feito isso, porque eu era mais esperto do que isso. Além disso, eu tinha milhões de namoradas, por que eu iria ter que dormir com a minha artista.
Eu estava fora na farra toda noite.

Ela só se sentiu mal. Me sentia como dormir com a sua irmã. Era uma coisa errada. Foi incestuoso para mim.

Carta revela que presidente de gravadora rejeitou Madonna no início da carreira

madonnamadonna“Ela não está pronta”. Foi com essas palavras que o presidente de uma gravadora disse à Madonna quando ela era apenas uma estreante e estava em busca de uma oportunidade.

É o que revela a carta que acabou sendo revelada agora, mais de 25 anos depois. Madonna enviou a gravadora Millenium Records uma demo com algumas de suas músicas feitas no início dos Anos 80 pedindo uma avaliação e quem sabe uma contratação para enfim gravar seu primeiro álbum.

Mas a resposta foi frustante. O presidente Jimmy Ienner relatou que até gostou de algumas músicas mas não achou o material suficiente bom para que Madonna virasse artista.

Meses depois o que aconteceu? Madonna foi contratada pela Sire Records, gravou seu primeiro álbum e o resto da história todo mundo conhece…

A Carta de Rejeição da Madonna

“Eu gostei de ouvir Madonna. A produção, os arranjos e ela cantando são coisas muito fortes. Na minha opinião, a direção é boa mas o que está perdido nesse projeto é o material. Eu gostei das canções “I Want You”, “Get Up” e “High Society”, mas não gostei de “Love on the Run”. Não acho que ela esteja pronta ainda mas vejo que a base é de uma artista forte. No momento não me interessa, mas vou esperar por mais.

Boa sorte e obrigado por se lembrar de mim.

Meus cumprimentos,
Jimmy Ienner

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Será que ele se arrependeu?

| Fonte: Madonna Online |

O discurso emocionado de Madonna no Rock And Roll Hall Of Fame

O jornal italiano Il Corriere Della Sera divulgou a capa do single de “4 Minutes”, com Justin Timberlake na capa. O single poderá ser ouvido a partir do próximo dia 17 segunda feira. Cruzando os dedos ? Digamos que eu estou naquela curiosidade média. Eu ouvi uma vez a versão que vazou, em má qualidade, na última semana. Parece que uma rádio francesa decidiu antecipar e tocar uma versão remix da canção. Baixei e logo deletei, mas certamente este será mais um hit de Madonna, evidente.

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E Madonna nesta segunda entrou no Hall da Fama do Rock….

Madonna e Cohen foram o centro das atenções da 23ª edição de uma das noites mais importantes da indústria musical americana, que também contou com a participação de personagens muito conhecidos, como os cantores Justin Timberlake, Lou Reed, Billy Joel e Ben Harper, além dos atores Tom Hanks, Chevy Chase e Michael J.Fox.

Esses artistas foram escolhidos em uma votação envolvendo 600 profissionais da música, e agora fazem parte de um seleto grupo no qual estão nomes como Elvis Presley, Aretha Franklin, Bob Dylan, os Beatles e os Rolling Stones.

Madonna evitou as críticas de que sua música não pertenceria ao mundo do rock e recebeu o prêmio das mãos do jovem cantor Justin Timberlake. Em seu discurso, Justin comentou sua participação no novo álbum de Madonna, “Hard Candy”, que será lançado em abril, e sobre o profissionalismo da estrela. “As pessoas já estão me perguntando como é trabalhar com ela. Bem, tudo o que eu posso dizer é que Madonna foi a única pessoa a fazer parte do Rock And Roll Hall Of Fame que administrou uma dose de vitamina B-12 em minha bunda. É isso mesmo, Madonna carrega com ela doses de B-12 em sua bolsa térmica no caso de um de seus colaboradores ficarem doentes. É isso que eu defino como profissionalismo. E talvez seja isso que Madonna é e continua sendo para todos nós: uma injeção na bunda quando precisamos,” disse Justin em sua apresentação.

madonna justin timberlake rock and roll hall of fame

Madonna e Justin nos bastidores

Madonna não se apresentou na cerimônia de premiação e cedeu seu lugar ao emblemático Iggy Pop, que, acompanhado pelo The Stooges, interpretou novas versões das músicas “Burning Up” e “Ray of Light”, que surpreenderam o público e a própria artista pop.

Para entrar no Hall da Fama, o artista tem de ter seu primeiro álbum ou single lançado há pelo menos 25 anos. Os escolhidos passam a ser representados no museu do Hall da Fama do Rock and Roll, na cidade de Cleveland, estado de Ohio.

Confira o discurso completo de Madonna na cerimônia:

“Não consigo decidir do que eu preciso me recuperar primeiro: de todos aqueles penteados horrorosos do vídeo anterior, ou de todas as indiretas de Justin. Tudo que ele disse é verdade, mas inicialmente eu não disse ‘abaixe as calças’, eu disse ‘abaixe a cueca’. Para deixar bem claro – como você havia dito – o quanto eu sou controladora.Eu não tenho certeza se o meu discurso será tão divertido, mas era isso que eu queria dizer:É uma grande honra receber este prêmio, estou muito grata e lisonjeada pelo reconhecimento que isso representa. Mas há algo de conclusivo numa premiação, e eu gostaria de refletir por uns instantes sobre as coisas (que aconteceram) na minha vida. Coisas que não têm sido e que continuam a não ser definitivas. Tenho a sorte de ter tido gente à minha volta que acreditava em mim. Começando pelo meu professor balé, Christopher Flynn, em Detroit, Michigan, que me disse, quanto eu tinha 14 anos, que eu era especial, que eu precisava acreditar em mim, que eu precisava sair para o mundo e buscar meus sonhos. Essas palavras significaram tudo para mim, porque posso lhes garantir que eu não me sentia especial.

E, em seguida, veio Dan Gilroy. Ele vivia em uma sinagoga abandonada no Queens com seu irmão Ed. Eles tocavam juntos numa banda. Eu já estava farta de trabalhar como dançarina, então ele me ensinou a tocar guitarra. E todo dia, quando Dan e Ed saiam para seus trabalhos diurnos, eu me escondia no porão e ensinava a mim mesma como tocar bateria ouvindo os discos de Elvis Costello e repetia aquelas quatro notas que Dan havia me ensinado várias e várias e várias vezes. Eu escrevi a minha primeira canção nessa sinagoga. Ela se chamava, ironicamente, “Tell the Truth” (Diga a Verdade). Lembro-me claramente desse momento, lembro dos pêlos do meu antebraço ficarem em pé, e pensar comigo mesma ‘quem escreveu essa música? Não fui eu’. Eu sentia como se tivesse sido possuído por algo mágico. E, para minha sorte, eu estava sendo milagrosamente e repetidamente possuída por algum tipo de magia. E mesmo hoje, o meu agente Guy Oseary, que está por aí, em algum lugar da platéia assistindo, me diz quase todos os dias “M, tudo é possível. Basta me dizer onde você quer chegar”. E ele realmente faz acontecer. Vinte e cinco anos depois, as pessoas ainda me encorajam a acreditar nos meus sonhos. O que mais eu poderia pedir? Há um ditado no Telmud que diz que “para cada folha, há um anjo vigiando e sussurrando ‘cresça, cresça’”. E eu ainda consigo ouvir anjos sussurrando. E mesmo os negativistas que diziam que eu tinha pouco talento, que eu era gorducha, que eu não deveria cantar, que eu era cantora de uma música só. Eles me ajudaram muito. Eles ajudaram com que questionasse a mim mesma e, constantemente, me incentivaram a ser melhor. E sou grata por sua resistência.

Eu sei que eu não estaria aqui agora sem tudo isso, sem todos vocês. Porque a vida, como a arte, é feita de colaboração, e eu não chegaria aqui sozinha, por vontade própria. Eu não poderia imaginar o rumo que minha vida iria tomar. De alguma maneira, aconteceu uma série de imprevistos. Um dia, eu era uma bailarina batalhando em Manhattan, em seguida, eu estava me ensinando a tocar bateria numa sinagoga no Queens, de repente, eu estava numa banda, fazendo shows no CBGB’s em Maxis, Kansas City e, de repente, eu conheci Seymour Stein recebendo soro na veia numa cama de hospital. E, logo a seguir, assinei contrato com a Sire Records e, de repente, eu estava rolando pelo chão no MTV Awards com os peitos pulando pra fora – o que ninguém sabe é que eu perdi um dos meus saltos altos e que eu voei pro chão para encontrá-lo e, de repente, estava fazendo passos de dança (Yikes!). E quando voltei pros bastidores, meu empresário estava branco feito um fantasma de tão nervoso dizendo que eu tinha arruinado minha carreira. Será que ele entendia de alguma coisa? Então, de repente, eu estava no palco no Madison Square Garden, e eu olhava para a platéia e cada garota estava vestida como eu. Saiam de mim! De qualquer forma, ‘de repente, de repente e de repente’ é uma maneira de olhar as coisas.

A outra maneira é que tudo aconteceu exatamente do jeito que tinha que acontecer. Que eu trabalhei com pessoas fantásticas que pretendia trabalhar, que eu viajei a lugares incríveis que pretendia viajar, que cometi erros que eu tinha que cometer. Que o universo teria conspirado a meu favor e me guiado o tempo todo até o momento em que estou aqui diante de vocês, tendo a oportunidade de agradecer a muitas pessoas, finalmente.

Antes de tudo, gostaria de agradecer à minha gravadora Warner Brothers, que tem assinado toda a minha carreira discográfica. Poucos podem dizer isso. Então, ali está Michael Rosenblatt, que fiz questão que estivesse aqui esta noite. Ele é a pessoa que mais ou menos me descobriu numa boate em Manhattan. Ele me disse que ele era ‘o cara do A&R’ da Sire Records. Eu não tinha idéia do que era um ‘cara do A&R’, mas parecia ser importante. Então, eu coloquei minha fita demo na mão dele, e nós dividimos uma cartela de ecstasy e dançaram a noite fora. Essa que é a verdade. Foi ele que me apresentou à próxima pessoa à qual tenho que agradecer, que é Seymour Stein. Eu acho que ele está aqui esta noite: Seymour, onde está você? Está por aí? O lendário Seymour Stein. Yeah. Conhecer Seymour é se apaixonar por Seymour. Mas quem toparia conhecer alguém tomando soro na veia numa cama de hospital? Eu pensei: o cara deve estar quase morrendo! Mas logo ele me perguntou se ele estava usando roupa de baixo e camiseta: a situação tava meio esquisita. Ele me pediu que mostrasse minha fita demo para ele e eu sempre costumo carregar um toca-fitas comigo. Yeah. Daí, toquei minha música e ele parecia estar gostando. De qualquer maneira, Seymour continua vivo e bem, e essa é uma ótima notícia. Obrigada, Seymour!

Tem alguma coisa esquisita nisso tudo? Hospitais, sinagogas … ecstasy? Não sei não, mas acreditem: vem coisa pior.

A próxima pessoa a quem tenho que agradecer é Liz Rosenberg. Sei que ela também está aqui, em algum lugar. Yeah. Ela tem sido, e continua sendo a diretora de divulgação de toda a minha carreira. Agora, será que alguém entende a loucura que é ser minha divulgadora nesses últimos 25 anos? Bem, eu acho Liz estava fumando um ‘cigarrinho’ quando encontrei com ela pela primeira vez. Yeah, Yeah. Eu andava pelo escritório dela e ela discretamente entupia o cinzeiro. Acho que ela pensava que eu não sabia que ela estava puxando fumo, mas tava na cara. Enfim, nós nos demos bem imediatamente. Ela era o meu tipo de garota: durona, irreverente e divertida, e nós estivemos juntas nesse longo e fantástico período de tempo. Depois de se deparar com tantos casos escabrosos, ela tinha que administrar eles e apagar os incêndios, e publicar notas, e ela é tão incrível que não se atirou na heroína. Não estou querendo dizer que a maconha revitaliza e lhe deixa no mesmo nível das pessoas, ou que todos com quem tive contato eram dependentes de droga ou nada disso, mas o que interessa, na realidade, é que acabei formando um grupo muito responsável, de pessoas que trabalham duro e que me ofereceram muito de amor e apoio, junto com todo o pessoal de minha gravadora e que não tenho tempo de agradecer a cada um de vocês, mas lhes sou grata.

Nesse momento, é claro, eu precisava de um empresário, certo? Então, perguntei a mim mesma “Mim mesma, quem é o artista mais bem sucedido do mundo dos negócios hoje?” E eu mesma respondi em alto e bom tom: “Michael Jackson”. Então, fui para LA, encontrar o homem que agenciava o Michael Jackson, e o convenci a ser meu agente. Filmem o Freddy DeMann, ele é o outro homem que eu gostaria de agradecer, é um cara esperto, parecia um paizão, tinha cabelos lisos castanhos, usava um perfume forte, fumava charuto e tinha um Porsche. Ele me deu carona até o meu hotel nesse Porsche. A partir daí, nós começamos, e ele se tornou meu empresário. Não tinha nada de suspeito no negócio, ok. Ele me deu… Estou brincando! Até ele (olhando Justin Timberlake) se esfregou em mim. Esse discurso não foi concebido para ter um monte de conotações sexuais, de forma alguma… Ele é quem está trazendo o “sexyback”, ok? Eu vou ferrar com você! Ok, por isso, nós (eu e Freddy) tivemos extraordinários quinze anos juntos, e eu aprendi muito com ele, por isso, eu lhe agradeço, Freddy DeMann.

Foi enquanto eu estava com Freddy que encontrei este incrível e petulante adolescente israelense chamado Guy Oseary. Ele seguia os passos de Freddy e eu me encantei pelo garoto. Yeah. Ele sempre estava dando alguma opinião, especialmente quando eu não perguntava nada a ele. Ele era bem ambicioso, confiante, idealista, tinha fome de conhecimento, era obcecado por dinheiro desde os 18 anos quando o conheci. Ele me amolava com suas idéias. Ele não parava de articular planos. Ele era incansável e, hoje, ele é o meu empresário. E eu sei que ele iria até o fim do mundo por mim. Portanto, lhe agradeço, Guy.

E, como vocês podem ver, tudo parece uma espécie de ciclo que se fecha aqui, não é mesmo? Mas o que é um disco, sem a música, certo? É isso aí, ‘matherfuckers’! O que seria um disco sem Nile Rogers, Pat Leonard, Babyface, Joe Henry, William Orbit, Mirwais Ahmadzai, Stuart Price, Pharrell, e agora, Justin Timberlake e Timbaland. Eu me sito extremamente sortuda em ter tido a oportunidade de trabalhar com compositores e produtores tão maravilhosos. Não posso negar o quanto sou grata por isso.

Também gostaria de agradecer a todos os meus fãs, que estiveram colados comigo nos bons e maus momentos. Só Deus sabe que foram… (aplausos) Yeah. Agora fiquem quietos. Eles estão comigo nos bons e maus momentos, e só Deus sabe foram muitos os maus momentos. Isso não é uma indireta.

Também gostaria de agradecer às garotas da Semtex, que são meus soldados, e sei que elas atravessariam qualquer incêndio comigo. Obrigada, meninas. Para os meus professores, meus amigos e minha família, agradeço a todos vocês que facilitaram essa jornada, que para mim só começou, lembrando que eu só sou a administradora do meu talento, não dona de mim. Eu tenho feito muitas coisas na vida, desde escrever livros infantis a desenhar roupas, dirigir um filme, mas, para mim, tudo acontece e sempre volta a acontecer por causa da música. Portanto, muito obrigada, mesmo. Agora, gostaria de apresentar um outro ‘matherfucker’ de Michigan, Iggy Pop.”

Sim, este cabelo é UÓ !!! Como grande parte dos fãs, também odiei