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Crítica: Madonna exibe seus “bens” na Arena Philips, em Atlanta

Ouviu-se no banheiro feminino no final do show de Madonna: “Ela era boa. Agora, ela está tão…estranha”.

Madonna

Uma das figuras mais extremistas da história da música popular sendo classificada como incomum não é novidade. Madonna se tornou Madonna não por causa de sua habilidade vocal limitada ou coreografias criativas – ela o fez baseada numa habilidade provocativa sem igual, uma mente sagaz para negócios e ótimas colaborações de composições que ajudaram-na a criar dezenas de músicas pop atemporais.

Agora, ela tem 54 anos, intensamente consciente de que não conseguirá apresentar um show de duas horas equivalente a um espetáculo da Broadway noite após noite por quase 6 meses, ou que ficar apenas de sutiã preto e calcinha, como fez no show na Arena Philips, não lhe dará assobios e gritos por seus firmes “bens” pra sempre.

Tais óbvias realizações explicam a grandiosidade explícita deste show, uma produção tremenda que, às vezes, apresentou bateristas suspensos sobre o palco, cubos iluminados e impressionantes, 15 dançarinos em vários figurinos chamativos, exibindo peitorais musculosos (os homens, claro) e um alegre show de moda durante Vogue. A líder Madonna quase não teve tempo de beber água e, enquanto não pode ser criticada por muitas coisas – como o Auto-Tune desenfreado e a cantoria questionável durante coreografias pesadas – ela vai à exaustão no palco, pelo benefício de um show de primeira.

A extravagância foi dividida em quatro seções/temas, que inicialmente continham um monte de violência besta. Revolver e Gang Bang apresentaram-na ostentando uma arma, ondas de sangue inundando a enorme tela, de quase 1km de altura, sempre que ela matava um bandido no estilo “vilão de James Bond”.

Na verdade, muito da primeira parte do show pareceu uma produção do Cirque du Soleil. Você está lá, confuso, mas não quer desviar o olhar com medo de perder aquele segundo precioso. Daí, novamente, a julgar pelo número de pessoas que passaram a maior parte do show mandando mensagens de texto e vendo fotos nos telefones, talvez Madonna tenha saído muito de seu curso, sem, ao menos, suavizar nossas tendências tecnológicas.

Mas se há uma queixa legítima sobre esta turnê, não é que ela tocou músicas do MDNA, seu último álbum. O que você esperava? O problema é que apenas algumas dessas canções são boas o bastante pra garantir o foco.

A acústica e linda Masterpiece, apresentada com o trio basco Kalakan, foi um ponto alto do show, que começou às 22h30, fato frequentemente mencionado desde que a turnê começou. Além dela, a irritável I Don’t Give A…, que apresentou Nicki Minaj no vídeo, deve ter sido um sucesso em outra era musical. Mas muitas outras – I’m Addicted, Girl Gone Wild – são esforços esquecíveis, enquanto Gang Bang é, meramente, um refrão chato sobre uma batida latejante e guitarras frenéticas.

Claro que haverá fãs do show, esgotado, que irão reclamar que Madonna não cantou sucessos suficientes, e eles teriam razão. Mas, na última década, nenhuma turnê de Madonna incluiu mais do que alguns dos hits dos anos 80, e a maioria destas canções foram tão recriadas, que ficaram irreconhecíveis.

Pelo menos no sábado, os fãs receberam uma Papa Don’t Preach mais fiel, uma Vogue excitante e uma versão tradicional de Open Your Heart, novamente com Kalakan. A única falha verdadeira foi transformar Like A Virgin numa supostamente ardente canção, que Madonna apresentou com o sutiã supracitado e calças, primeiramente elevadas na linha do estômago, no fim da passarela, e depois sobre um piano, no estilo do filme Os Fabulosos Irmãos Baker. Claro que seria ridículo se ela cantasse a versão original, mas transformá-la em lixo não foi a melhor escolha.

Àqueles ansiosos pela Madonna vintage, ela fez uma aparição mais cedo no show, quando, vestida com o figurino de baterista de banda e mostrando um pouco da coreografia com os pompons – algo que você não verá em qualquer jogo de futebol colegial – ela apresentou Express Yourself. No meio da canção, Madonna chegou ao refrão de Born This Way, de Lady Gaga, provando que ela rouba a mesma linha melódica, daí enfiou a faca no melhor estilo Madonna adicionando o refrão de sua própria She’s Not Me.

Entendido! A questão é a seguinte: mesmo quando Madonna está criando e apresentando um show que é mais pro seu próprio interesse do que para agradar fãs que ainda usam luvas de renda e rendem-se aos seus shows…é uma evolução necessária!

Podemos nem sempre concordar com as direções dela, mas, como Minaj lembra no fim de I Don’t Give A…: “Só há uma rainha, e é Madonna”. Access Atlanta

Crítica: Quando Madonna deixará de ser relevante?

Mark Kemp – Creative Loafing

Madonna

Quando Madonna comicamente anunciou aos fãs do Verizon Center, em Washington, no dia 24 de setembro, que “temos um Muçulmano negro na Casa Branca”, ela jogou a merda no ventilador. Foi como se os abutres da cultura nacional sofressem outro caso de amnésia pop-cultural. Esta é Madonna, afinal. E Madonna será Madonna.

Como ovelhas, todos obrigatoriamente resmungaram no Twitter e no Facebook pra registrar seu horror. Foram inteligentes também, sendo que os considero bem astutos. Pessoas conhecidas ou com quem trabalhei muitas vezes nos últimos 15 anos – jornalistas musicais e críticos, especialistas, assessores de imprensa, o pessoal do rádio, músicos, até mesmo amigos de faculdade e conhecidos do colégio. Com os dentes rangendo e as bocas espumando, eles pularam desenfreadamente pra atacar Madonna novamente. Foi bem nostálgico.

Um escritor e ex-repórter da Billboard de Los Angeles ligou um artigo do jornal Huffington Post na página do Facebook com o título “Madonna chama Obama de ‘um Muçulmano negro na Casa Branca’”. Claro, ele também fez um comentário: “Deixe esta vaca lerda e louca por atenção se meter no diálogo político e ajudar a perpetuar uma das mais duradouras e errôneas concepções sobre o presidente”.

É sério? Sim. 57 pessoas curtiram a postagem dele e 35 comentaram, incluindo “Ela é tão idiota quanto um saco de martelos”; “Ela é uma vaca sem talento, sem cérebro e idioooota, sem senso de humor”; “Ela é uma puta, um verme estúpido”; e “Vamos lembrar que ela ainda exibe os seios nos shows”.

Você imaginaria que esses profissionais da indústria da música eram estudantes colegiais debatendo sobre uma líder de torcida popular, mas notoriamente rebelde, durante o almoço. Na verdade, eram pessoas de 40, 50 e até 60 anos de idade, debatendo sobre alguém que eles vêm seguindo de perto ao longo das últimas três décadas. Alguém que tem sido parte integral da cultura popular americana. Alguém que vem se expressando há muito tempo em músicas abusadas e bem-sucedidas, além de álbuns e performances, sempre aumentando o nível para mulheres da indústria da música e expandindo as definições de uma cantora pop e um ícone cultural popular. E lá estava ela – aos 54, a líder de torcida mais rebelde da América – na estrada já há um tempo, promovendo seu mais recente álbum, MDNA. E alimentando mais ainda a fúria no Facebook.

Agora na etapa final de uma turnê que começou em Tel Aviv em maio, Madonna seguiu para Charlotte no dia 15 de novembro para uma performance na Time Warner Cable Arena. Ela provocou controvérsia novamente? Esta sequer é uma pergunta significativa?

A grande novidade em setembro não foi que Madonna fez uma observação impactante durante um show em DC (seria novidade se ela não tivesse feito algo impactante). Não, a novidade foi que Madonna ainda trabalha e diz coisas que acendem uma paixão assim, tanto positiva quanto negativa, em 29 anos de carreira. A pergunta “Madonna ainda é relevante?” tem sido um mantra por quase 28 desses anos. Tudo começou em 1984, após o lançamento do segundo álbum e do convite pra cantar o até então o novo sucesso, “Like A Virgin”, no Video Music Awards, da MTV. Ela finalizou se arrastando no palco em um vestido de noiva, exibindo um pouco da virilha e cantando levemente fora do tom numa faixa pré-gravada. Após a performance, no primeiro de muitos pronunciamentos subsequentes, especialistas tocaram o sino da morte: Madonna desesperadamente procura chocar as pessoas; ela está acabada, pronto! Próxima!

Madonna não apenas estava em alta, mas se encontrava no meio de três álbuns maravilhosos, cortesia de colaborações muito boas com gênios dos estúdios, incluindo seu ex-namorado Jellybean Benitez, Nile Rodgers e Stephen Bray. Ao longo dos cinco anos seguintes, ela se casou e divorciou de Sean Penn, apareceu na Broadway na peça Speed The Plow, de David Mamet, estrelou no sucesso de público e crítica Procura-se Susan Desesperadamente e no fracasso Quem É Essa Garota?, e se tornou vítima de inúmeras piadas sobre punks e roqueiros. Ainda assim, foi tratada como estrela por membros da realeza do cenário alternativo: Sonic Youth e Mike Watt, do Minutemen, cujo projeto paralelo Ciccone Youth foi tanto uma homenagem, quanto uma paródia.

A primeira grande mudança artística de Madonna aconteceu em 1989 com Like A Prayer, o álbum que muitos – inclusive eu – ainda consideram a obra-prima dela. Depois de batalhar com seu querido pai e com a Igreja Católica em Papa Don’t Preach três anos antes, Madonna levou seus problemas religiosos à frente na faixa título do álbum e no clipe, repleto de ícones católicos sagrados/profanos: cruzes em chamas, cicatrizes e uma fantasia sexual com um santo. “Coube certo com o meu espírito da época, na questão de se impor às autoridades masculinas, seja o Papa ou a Igreja Católica ou meu pai e suas maneiras conservadoras e patriarcais”, ela disse à Rolling Stone em 2009. Em Express Yourself, do mesmo álbum, ela apelou a uma nova geração de jovens mulheres para que saíssem da sombra de seus namorados e tomassem o controle criativo. O que aconteceu foi que Madonna organizou um motim dois anos antes de Bikini Kill ou Courtney Love reclamar às massas desajustadas ao som de guitarras grunge e punk.

Madonna

Nos 23 anos seguintes, temos questionado a relevância de Madonna de forma automática. Com cada nova polêmica, especialistas respondem como cachorrinhos do fisiólogo russo Pavlov: “Ela foi longe demais desta vez? As bizarrices cheias de controvérsias dela chegaram a um nível de desespero? Madonna ainda é relevante?”. Fizemos isso em 1990 quando ela incorporou servidão e sadomasoquismo no clipe de Justify My Love. Fizemos de novo em 1992 quando ela lançou o livro Sex, como parte integrante do novo álbum Erotica. Fizemos no fim dos anos 90, quando ela incorporou as novas crenças da Kabbalah em Ray Of Light, que acabou sendo outro grande avanço criativo.

A primeira década do século 21 foi igual. Em 2003, Madonna usou o VMA da MTV novamente para ir além dos limites da aceitação, beijando Britney Spears e Christina Aguilera após a performance original de Like A Virgin. Os especialistas soaram como um coral: Madonna foi longe demais. Três anos depois, quando Madonna e o até então marido Guy Ritchie adotaram um menino do Malauí, o refrão voltou: ela está procurando atenção desesperadamente.

Estamos no jogo dela a cada novo movimento: suas aparições no cinema, os amantes, os desrespeitos de celebridade e comentários sociais. E em 2012, lá estamos nós outra vez. Em julho, o site MTV.com postou uma notícia com a manchete gritante: “A controversa turnê MDNA de Madonna: Ela foi longe demais? Usando armas falsas e se expondo no palco, a turnê MDNA do ícone pop está repleta de críticas”.

“Oh, fala sério, pessoal! Ela estava brincando. Os americanos estão assim, tão incapazes de aceitar sarcasmo?”. Foi isso o que eu escrevi no Facebook do escritor de música de Los Angeles sobre o comentário de Madonna sobre o “Muçulmano negro”. Daí, eu repostei o artigo na minha página. A situação não foi melhor lá, embora a acidez entre meus amigos não tenha sido tão intensa. “É um comentário horrível, que não vai ser nada bom pro Obama. Mas, ei, fez Madonna voltar ao noticiário”, um antigo conhecido da faculdade sugeriu. “Não tenho dúvidas de que ela tentava ser sarcástica”, um amigo de minha cidade disse, “mas ela falhou totalmente”. E um colega de Nova York lamentou que a piada de Madonna foi inapropriada:

“Há muitas, muitas pessoas lá fora que verdadeiramente acreditam que Obama não seja Cristão.”

E isso é problema de Madonna? Se as pessoas são burras o bastante pra acreditar que o Presidente é muçulmano, é problema deles, não de Madonna. E se o Presidente Obama tivesse perdido as eleições por causa da piada sarcástica de Madonna, muito mais teria sido dito sobre o nível de inteligência dos americanos do que sobre o humor dela. A sagacidade, os cálculos e o timing de Madonna estão ótimos, muito obrigado. Ou, conforme a solitária voz da razão – do jornalista musical, humorista e autor de I Want My MTV  Rob Tannenbaum – sugeriu no meu Facebook, o ultraje sobre a afirmação de Madonna “mostra não apenas um sarcasmo mal-entendido, mas – pior – Madonna sendo mal-entendida”.

Como a mais óbvia influência pop dela, David Bowie, Madonna é tanto uma artista performática quanto da música – cuja experimentação com personagens não se reserva apenas ao palco, filmes, clipes ou álbuns. Ela permeia cada aspecto da vida pública dela. Quando Madonna faz um documentário, como Na Cama Com Madonna ou I’m Going To Tell You A Secret, ela está se apresentando, não oferecendo algum tipo de visão jornalística perspicaz sobre sua vida pessoal ou o processo de bastidores. Ela está interpretando Madonna, seja atuando de forma vulnerável ou no controle; ela está brincando com códigos de gênero e cultura, papéis sexuais e suposições sobre poder.

Quando Madonna se une a alguma causa – seja pelos direitos gays, assuntos humanitários ou uma eleição presidencial – ela está se apresentando. Claro, é óbvio que a pessoa real – Madonna Louise Veronica Ciccone, de Detroit – também apoia o Presidente Obama e os assuntos GLBT, mas ela o faz através de vários aspectos de suas personas, não com canções de protesto, redações racionais ou palestras. Não é assim que ela trabalha. Madonna faz grandes observações com situações elaboradas, grande teatralidade, figurinos extraordinários, maquiagem à-la Fellini, e, sim, sarcasmo profano – todos os muitos aspectos de suas personas. Se entendermos os discursos políticos dela da mesma forma que ouvimos os de Joan Baez, Chuck D, Tom Morello ou Boots Riley, estaremos interpretando-a erroneamente. As grandes narrativas dela são o que a elevam muito acima das imitadoras, exceto talvez Lady Gaga, que realmente entende Madonna.

No aniversário de 50 anos de David Bowie, em 1997, eu estava com ele numa pequena loja inglesa de chás em Manhattan. Conversamos sobre as personas que ele criara ao longo dos anos – sobre seus objetivos, o que ele tentava alcançar, o que ele esperava que as pessoas soubessem sobre ele. Outros devem saber pouco sobre David Robert Jones (seu nome de batismo), ou Bowie como sugerido, mas eles devem saber muito sobre Ziggy Stardust and the Thin White Duke. A autenticidade foi superestimada, ele disse. Bowie é um artista que faz arte, personagens e situações – não uma realidade linear. “Eu costumava ficar agressivo com a ideia de integridade”, ele me contou, referindo-se àqueles que o criticaram no começo, por usar truques numa época em que sinceros cantores de folk pregavam ao seu eleitorado. “Eu dizia, ‘Foda-se – meu negócio é truque”.

Truque é o negócio de Madonna também. E esperamos muito disso quando ela chegou à arena de Charlotte. Já sabemos que ela tem provocado com uma sequência violenta durante as mais recentes canções – Girl Gone Wild, Revolver e Gang Bang – que apresentam Madonna com armas e couro, numa luta sangrenta e coreografada contra homens mascarados dentro de um quarto de hotel cenográfico. A cena foi tão perturbadora para alguns membros da plateia em Denver (sendo tão recente ao tiroteio da tragédia envolvendo o filme Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge), que algumas pessoas deixaram o show. “Estamos dançando e, de repente, as pessoas começaram a perceber o que era a canção”, Aaron Fransua, de 25 anos, contou à Associated Press. “Ficamos todos parados lá. Todo mundo perto de mim estavam chocados”.

Algumas canções depois no setlist da turnê MDNA, o que parecera antes ser um golpe visual e temático no ex-marido de Madonna, o diretor britânico adorador de sangue Ritchie, ficou bem claro, de acordo com a blogueira Marilee Lindemann, conhecida como a “Louca com um laptop”. Lindemann escreveu sobre o show do dia 23 de setembro em Washington: “Percebi naquele momento que não estávamos sendo forçados simplesmente a nos divertir com a violência gratuita. As evocações de Abu Ghraib contextualizaram e geopolitizaram friamente a violência das cenas anteriores, à-la Tarantino, e mostraram consequências reais”. Lindemann, Professora universitária de Inglês e Diretora de Estudos Gays, Lésbicos, Bissexuais e Transgêneros na Universidade de Maryland, acrescentou: “ou…o mais real possível no espetáculo surreal de Madonna”.

Quando o espetáculo de Madonna chegou a Charlotte, também pudemos ver referências à rixa dela com a imitadora Lady Gaga. As duas têm estado muito conectadas ao longo do último ano, brigando pela opinião popular. Em turnê, Madonna injetou a rixa em Express Yourself  (“não aceite o segundo lugar, baby…”), desviando-se momentaneamente à faixa similar de Gaga Born This Way, pra afirmar apropriação, sabe?

A resposta de Gaga a esta justaposição? “As únicas similaridades são a progressão de cordas – é a mesma da música eletrônica há 50 anos”, disse a Lady. “Não significa que estou plagiando, mas que sou esperta pra cacete”.

Na verdade, Madonna e Lady Gaga são ambas espertas pra cacete. Madonna levou a narrativa da rixa a Minneapolis em 4 de novembro, contando à plateia que Gaga rejeitara um convite pra cantar com ela no palco. “Tudo bem”, Madonna disse. “Tenho os melhores fãs do mundo todo. Então, toma isso, Lady Gaga!”.

Tome isso também: de acordo com os números, Madonna é tão relevante quanto sempre foi e, facilmente, tão popular quanto quaisquer de suas herdeiras. MDNA é o quinto álbum consecutivo dela a dominar as paradas. A turnê atual já vendeu 1.9 milhão de ingressos no mundo todo, com a maioria dos shows esgotados. E mais, ela continua em grande forma física e as canções e conceitos de performance de MDNA são fortes como tudo que ela já fez em anos.

Especialistas têm lamentado quando Bowie ou Bob Dylan ou os Rolling Stones continuam se apresentando bem em seus anos de crepúsculo, mas Madonna retrocede esta turnê – focando, na maior parte, em sua idade.

Tudo bem, de acordo com Madonna. “Já me rejeitaram antes”, disse ela, apesar de se referir aos insultos de sua jovem rival e não aos comentários sobre sua idade. “É bom construir caráter”.

Enquanto continuarmos questionando a relevância de Madonna e de seus personagens, ela continuará relevante como nunca!

Review: ou você gosta de Madonna desse jeito ou você não gosta. Não há meio termo!

Madonna, Time Warner Cable Arena (11/15/2012)
CICIT

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Se você saiu do espetáculo da quinta-feira, na Time Warner Cable Arena apenas com a imagem da bunda desse ícone pop de 54 anos, então você não sabe nada sobre Madonna.

Claro, que ela mostrou seu traseiro. Mas nada na MDNA Tour é gratuito. Nada é de todo surpreendente principalmente se você manteve-se informado sobre a turnê, iniciada em Tel Aviv, maio passado.

Em uma das várias sequências perturbadoras, mas emocionante, uma Madonna de olhar duro sentou-se à beira de um palco enorme que se estendeu ao longo da arena – o mesmo lugar onde, há dois meses atrás, viu os Delegados Democratas aplaudirem o presidente Barack Obama. Vestida com uma roupa de stripper toda preta,de salto alto brilhantes e de calcinha fio dental, Madonna se arrastou e deslizou sobre o chão em uma performance sinistra de seu desempenho mais notório de “Like a Virgin” no MTV Video Music Awards de 1984. Insultando os membros da plateia que estavam no borda do palco, revelando-se desgrenhada, mas ainda firme e com braços e pernas musculosos, ela cantou – lentamente, de forma ameaçadora, e em um tom menor com uma orquestração mais sombria – uma versão radicalmente reformulada da canção.

Madonna estava implorando por dinheiro, ela queria dinheiro, ela disse – dólares, muitos dólares. E ela estava conseguindo. Enquanto centenas de cédulas eram jogadas no palco, ela deslizou sobre as notas, descontextualizando completamente a sua velha persona de “Material Girl”. “Se você vai olhar para minha bunda”, ela vociferou, “é melhor trazer algum dinheiro.”

O objetivo do número – ocorrido em mais da metade de um show de duas horas, que vai da violência escura de “Gang Bang” para a exuberância emocionante de “Like a Prayer” – foi a de arrecadar dinheiro para a vítimas do furacão Sandy em Nova York, a cidade que Madonna iniciou sua carreira a mais de 30 anos atrás. Mas ela não fez simplesmente colocar baldes para doações no saguão da arena. Não! Madonna o fez à sua maneira – teatralmente, provocativamente, desconfortável, e em um cenário projetado para polarizar a audiência.

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E polarizar é o ela fez. “Like a Virgin” foi uma sequencia de cerca de três onde vimos alguns poucos membros da plateia se levantar de seus assentos e sair da arena. O primeiro veio no início do show, durante a tão comentada sequencia sangrenta – “Girl Gone Wild”, “Revolver” e “Gang Bang” – que evoluiu de um tiroteio coreografado com os homens em um quarto de hotel falso, para soldados que pareciam estar na prisão de Abu Ghraib. Durante o show veio outro comentário da cantora em apoio ao presidente Obama. Houve muitos aplausos, mas também um coro significativo de vaias.

AUDIÊNCIA de Madonna em 2012 – seus fãs estão na sua maioria na casa dos 30s, 40s e 50s – pode ser um público “mais velho”, mas ela ainda não está preparada para ser uma artista “mais velha”. Apenas um punhado de músicas – incluindo “Like a Virgin”, um trecho de “Papa Dont Preach”, “Express Yourself”, “Vogue” e “Like a Prayer” – foram realmente os velhos hits. E ela os retrabalhou para que muitas vezes não fossem reconhecidos inicialmente. O agrado que ela fez aos seus velhos fãs vestidos de “Lucky Star” foi um clipe mostrando imagens de flashback com vários sucessos de seus vídeos ao longo dos anos.

Mas se você vem para um show esperando apenas sucessos de Madonna, você vai sair tão desapontado como um fã casual de Bob Dylan que espera ouvir suas versões fiéis de “Blowin ‘in the Wind” ou “Mr. Tambourine Man”. Madonna continua a crescer, não só como artista musical, mas como uma atriz de teatro musical, desconstrucionista e reconstrucionista. Sua turnê MDNA não é um concerto – é um evento teatral, com conceitos e coreografias que vão do pensamento positivo ao total obscuro. A cantora está mais empenhada do que nunca em fazer declarações e ser provocativa – coisa que ela consegue fazer muito bem, diga-se de passagem – e suas palavras e ações são tão desafiadoras quanto qualquer um de seus hits. Mais ainda, em muitos casos.

Será que Madonna usa Auto-Tune? Sim. Ela o usa muito bem. Será que ela faz uso do playback? Sim, claro que ela faz. Não se poderia realizar as enormes e fisicamente desafiadoras coreografias que ela faz com seu desfile de belos dançarinos sem estar dublando algumas vezes. Será que ela segura uma guitarra, utilizando-a não tanto como um instrumento, mas como um suporte para completar o conceito de uma atuação específica? Sim. E se você é dogmaticamente contra o uso de Auto-Tune, dublagem e instrumentos musicais como adereços, você não deve estar em um show que se usa estes tipos de efeitos.

Não que Madonna tenha decepcionado seus fãs em Charlotte. Ela vestida de cheerleader como no SuperBowl em “Express Yourself”, com imagens da pop art dos anos 60, de mulheres em papéis tradicionais e não convencionais no telão gigante; ela atingiu a todos em seu memorável número de poses durante “Vogue”, e um sexy e libidinoso remix de “Justify My Love”, e juntou todos num só coro em “Like a Prayer”.

No meio de tudo isso ainda tivemos toneladas de materiais recentes que variaram desde baladas acústicas à percussão africana pesada, e o poder das guitarras sintetizadas de “Turn Up the Radio” de seu mais recente álbum MDNA, às cítaras indianas e percussão em “Im a Sinner”. A última canção foi um destaque especial, pois vimos Madge ainda mais provocante e misteriosa ao cantar, talvez mais do que nunca como em sua primeira apresentação e na fivela de seu cinto poderia estar escrito: “I’m a sinner and I like it that way.” “Eu sou uma pecadora e gosto disso”. Ou você gosta dela desse jeito ou você não gosta. Não há meio termo!

MADONNA EM 1985: Ela não é a estrela da sorte, e sim uma estrela muito esperta

Madonna

Madonna em 1985: “Ela não é a estrela da sorte, e sim uma estrela muito esperta”
• Artigo por: Jon Bream, para o Star Tribune

Madonna é a figura feminina mais quente no show business no momento.

Ela está na capa da Rolling Stone duas vezes em 26 semanas e também na capa da People. Suas canções estão em todas as rádios e seus vídeos estão em toda programação da MTV. Nos últimos 16 meses, ela colocou sete músicas no Top 20 na parada pop da Billboard. Seu primeiro grande filme, “Desperately Seeking Susan”, está entre os cinco melhores filmes de maior bilheteria da temporada. E sua primeira turnê – chamada The Virgin Tour – esgotou entradas instantaneamente em todas as cidades por onde passou.

No entanto, muitas pessoas se perguntam se Madonna é um talento genuíno ou simplesmente um pacote bem apresentado que vai rapidamente tornar-se tão fora de moda da mesma forma como subiu.

Depois de ver seu show na noite de terça no St. Paul Civic Center (Minnesota) é difícil dizer.

Não foi melhor ou pior do que as minhas expectativas. O show não consegue desafiá-la artisticamente, ou sugerir que ela poderia estar no mesmo patamar de Prince, Michael Jackson e Bruce Springsteen, os principais artistas do rock nos palcos. Ela sabe de suas limitações e seu desempenho é adaptado à sua performance.

O Show de 70 minutos foi bem coreografado, tranquilo e divertido no geral. Ela misturou canto com dança (se apresentando com dois bailarinos), fez algumas mudanças de roupa e apresentou slides projetados de seu rosto fotogênico em telas enormes atrás dela e falava sobre ser uma pessoa sem coração que muita gente pensam que ela é. Em última análise, ela veio como uma Ann –Margret punk, com um chamativo, sexualmente provocante, burlesco e contemporâneo espetáculo, que caberia muito bem numa casa de shows de Las Vegas.

Mais do que qualquer outra coisa, Madonna é uma personalidade, um ícone que combina um sórdido glamour, uma inocência simulada e uma crua sexualidade de uma forma que atrai principalmente meninas e meninos adolescentes.

Ela não só tem talento, presença de palco e um rosto inesquecível, mas também tem instinto e rodeia-se das pessoas certas no show business. Seu primeiro álbum foi produzido por Reggie Lucas e Jellybean Benitez, dois dos mais badalados produtores da época, e depois no ano passado ela ficou com Nile Rodgers, que tinha sido produtor do Chic, Diana Ross e David Bowie. Ela também contratou o homem que cuidava da carreira de Michael Jackson, e dois dos membros de sua banda atual já haviam excursionado com os Irmãos Jackson no ano passado na exitosa Victory Tour. Em suma: Ela não é a estrela da sorte, e sim uma estrela muito esperta.

Madonna Ciccone, 25 anos, sempre achou que ela ia levar uma vida especial. Como uma adolescente na área de Detroit, ela caiu nas graças de um instrutor de dança mais velho que a apresentou ao mundo das artes. Ela conseguiu uma bolsa de estudos para ir à Nova York com 35 dólares no bolso. Lá, estudou com o famoso coreógrafo Alvin Ailey, em seguida, mudou-se para Paris para se tornar cantora durante a era disco. Voltou para Nova York, entrou para uma banda, reuniu-se um disco jockey numa discoteca que a ajudou a conseguir um contrato de gravação.

Seu álbum de estreia de 1983, “Madonna”, rendeu três hits e já vendeu mais de 2 milhões de cópias. Seu segundo álbum, “Like a Virgin” tem, até agora, dois hits e vendeu cópias duas vezes mais que seu LP inicial. Com sua composição e enquadramento de seus produtores, Madonna se encaixa bem nos clubes de dança e em estações de rádio pop e soul.

Não são tantos, mas também há adoradores pessimistas de Madonna. Para muitos ela é uma espécie de “dou-aos-rapazes-o-que-eles-querem”, ou uma nova versão de Marilyn Monroe para os palcos. Outros dizem que a sereia da moda não tem muita voz. Ambas as críticas pareciam válidas na noite de terça-feira.

Mas Madonna não contribuiu muito para isso não, exceto em “Material Girl”, onde algumas impressionáveis e pouco sofisticadas jovens na plateia podem ter dado uma ideia errada sobre o papel das mulheres. Além disso, sua voz parecia fina, estridente, sem alma e sem emoção. A única vez que ela cantou com paixão foi na balada, seu hit atual, “Crazy for You”.

O resto do show foi de números de dança alegres. Madonna dançou e agitou toda a sua plateia, apesar da minissaia limitar seus movimentos. Mas em seu favor vimos que ela foi capaz de dançar e cantar energicamente por 70 minutos, o que não é pouca coisa.

A multidão predominantemente feminina (em torno de 16,799 pessoas) foi igualmente enérgica. As meninas vieram vestidas como Madonna, com o cabelo coberto de gel, muita renda, pulseiras e colares e laços. E se tratando de um ídolo quente e intenso como Madonna, vestir-se e estar lá é, muitas vezes, a coisa mais importante.

Obrigado a Jorge Luiz pelo artigo.

OFICIAL: DVD MDNA TOUR será gravado em Miami dia 19 e 20 de novembro

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Confirmado pelo site oficial de Madonna, o madonna.com. Nada de Colômbia. O DVD/Blu-ray oficial da tour MDNA será gravado em Miami, EUA, nos dias 19 e 20 de novembro, segunda e terça-feira.

Para os membros do fan clube oficial de Madonna, os que comparecem ao show bem caracterizados de Madonna concorrerão ao Golden Triangle. Estes dois shows serão os últimos da etapa americana.

A gravação acontecerá no American Airlines Center com capacidade para 20 mil pessoas.

Eis a diferença de palco para os shows do MDNA Tour em estádios e em arenas.

ESTÁDIOS

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ARENA

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RUMORES ANTERIORES DE QUE SERIA GRAVADO NA COLÔMBIA

Segundo o jornal ‘El Colombiano’ Madonna teria fechado contrato com a prefeitura de Medellín para a gravação do DVD da MDNA Tour na cidade. O show será realizado nos dias 28 e 29 de novembro no estádio ‘Atanasio Giradort’ para mais de 100 mil pessoas e segundo a fonte uma porcentagem dos lucros com as vendas será destinada ao local. A prefeitura da cidade ofereceu U$ 3 milhões a Madonna para que o show fosse gravado lá, mas…

Madonna no Madison Square arrecada U$ 60 mil para vítimas do Sandy

MadonnaMadonna continua ajudando como pode as vítimas do furacão Sandy. Durante seu show no Madison Square Garden, realizado na terça-feira (13), a cantora novamente pediu para que o público fizesse doações, que seriam revertidas para as famílias e pessoas necessitadas. Para arrecadar ainda mais dinheiro, a Rainha do Pop abaixou as calças e mostrou o bumbum, segundo pessoas que falaram ao jornal The New York Post.

“Estou mostrando minha bunda pelas vítimas do furacão Sandy”, teria dito Madonna. Um fã jogou uma nota de U$ 20 no palco, que foi devolvida pela artista, que comentou que queria muito mais do que isso.

“Ela gritou: ‘Isso é o que minha bunda vale?’”, completou a fonte.

Informações não-oficiais contam que, no fim da noite, Madonna arrecadou U$ 60 mil (mais de R$ 124 mil) entre o dinheiro arremessado no palco e aquele dado por sua equipe e outras pessoas no local.

Foi neste show no Madinson Square Garden que a Rainha do Pop recebeu o cantor sul-coreano PSY, dono do hit Gangnam Style.

VÍDEOS

Review MDNA Tour: Madonna no controle do American Airlines Center

Madonna

Madonna arrasou em Dallas na noite de Domingo (21), quando se apresentou para uma arena esgotada no “American Airlines Center”. Enquanto no palco Madonna se desculpou por ter cancelado o show de sábado, prometeu cantar com o coração para compensar a noite anterior, e assim fez. Madonna foi uma das poucas artistas que eu nunca tinha visto, então estava muito animado pro show. Mas eu nem imaginava como aquela noite seria incrível.

Os ingressos apontavam o início do show para as 20h. Eu corri, tentando chegar lá a tempo, igual a muitos outros. Um DJ entrou no palco e começou a tocar, daí continuou e continuou. Eram 22h45 antes do verdadeiro show pelo qual a plateia estava esperando, quando Madonna fez uma entrada sem igual e, imediatamente, tomou o controle do palco. A performance começou com uma imagem de Catedral ao fundo, com sinos ressoando e um imenso grupo de monges encapuzados cantando, enquanto macacos voadores e morcegos à la “Mágico de Oz” brincavam ao fundo, e um candelabro cheio de luzes girava ao redor do palco e sobre a plateia. O canto evoluiu para murmúrios mais altos de “Oh, God” até que Madonna fez sua grande entrada.

A noite foi uma mistura de sucessos conhecidos e amados do passado com material do mais novo CD “MDNA”. Todos foram apresentados com uma imensa trupe de dançarinos extremamente talentosos, homens e mulheres. Entre as primeiras canções da noite, do novo CD, estavam “Revolver” e “Gang Bang”, roubando a atenção de todos com as armas de brinquedo e Madonna encenando todo o poder e atirando nos homens mascarados, completando com as grandes telas de vídeo cobertas com respingos de sangue. Um dos vários momentos memoráveis da noite foi o “medley” contendo “Shoo-Bee-Doo” (de onde ele tirou isso, deve ser efeito de alguma droga), apresentando uma coreografia bem complexa, que, pra mim pelo menos, lembrou da cena do telhado do filme “Mary Poppins”. “Vogue” foi outro número bem elaborado, com transformistas desfilando ao redor do palco circular, enquanto Madonna ia orgulhosa. Outros sucessos antigos foram “Express Yourself”, “Open Your Heart” e uma nova versão sexy de “Like A Virgin”. Em um momento do show, havia numerosos bateristas de banda de fanfarra tocando, enquanto estavam suspensos no ar. Eu, como todos perto de mim, não estava muito certo se era real ou uma possível ilusão. Só tenho certeza de que foi impressionante! Todo o show foi demais. O palco em constante mudança e movimento, a iluminação, o som, as fantasias, os dançarinos, sem mencionar a própria Madonna, que transformaram tudo numa performance espetacular.

O show terminou como começou, com o tocar dos sinos, mas, desta vez, o som estava glorioso, um som de celebração. Foi definitivamente uma noite pra ser lembrada. Poucas pessoas saíram antes das luzes se acenderem totalmente. Quando tudo terminou, a enorme multidão, todos com grandes sorrisos no rosto, era uma linda visão. Muitos dos que vão a shows, provavelmente, tinham acabado de experimentar uma das noites mais divertidas de suas vidas. A aparente espera interminável até Madonna aparecer no palco já estava esquecida. Madonna é verdadeiramente incrível, mais ainda depois de todos esses anos (e 247 canções gravadas).

The Examiner – Jill Jackson.

Madonna se politiza e mostra a bunda para multidão em Los Angeles

By Randall Roberts – Los Angeles Times Pop Music Critic

Mais um review da passagem de Madonna por Los Angeles com a MDNA World Tour.

Madonna

Contorcionistas humanos se fantasiaram com asas. Monges de túnicas e padres misteriosos cantando em voz baixa. Tiroteios em hoteis decadentes. Assassinatos cheios de drama, com sangue derramado numa tela do tamanho de um outdoor, além de um giratório guerreiro ninja Nunchuku.

Estes dramas musicais e o retorno em destaque da cantora pop Madonna a Los Angeles na noite de quarta-feira (10/10), onde ela apareceu no Staples Center para o primeiro de dois shows em divulgação ao álbum MDNA.

E esse foi apenas o primeiro ato.

Por várias vezes, no segundo e terceiro atos, ela levou uma bateria flutuante que tocou enquanto se pendurava nas vigas de suporte, girou um cassetete em uníssono com os dançarinos/líderes de torcida e confortou uma tropa de dançarinos soldados com um violão acústico, violino e a batida de Masterpiece.

Ela flutuou num carro cromado sobre o palco e arrastou-se numa escada próxima ao público, apertando a mão de um fã. A energia alegre que iluminou o rosto de um homem de meia idade enquanto Madge olhou fixamente pra ele impulsionou o Staples Center.

Certamente! Ela é Madonna e ninguém faz isso melhor. Nem Lady Gaga, Katy Perry, Britney Spears, Ke$ha, Rihanna, Christina ou qualquer estrela pop de outras gerações que usaram como modelo os shows detalhadamente montados, as coreografias, os projetos artísticos e os espetáculos. Algumas delas podem ser cantoras melhores ou mais acrobáticas, ou até oferecer ingressos mais baratos – assentos bons custaram mais de 300 dólares – mas ninguém se provou tão adepta na entrega de um bom espetáculo como Madonna.

Uma evidência: o modo sugestivo no qual ela incorporou o refrão de Born This Way, da Lady Gaga, em Express Yourself. Apresentada tanto como uma provocação e como uma ponte de gerações, o gesto personificou as formas com as quais Madonna adotou suas crias pop, o que deve ser ressaltado, já que o álbum divulgado é um dos mais desafiadores da carreira. Um esforço em vão de continuar sua dominação das paradas competindo com artistas que têm metade da idade dela, a abordagem pareceu um pouco desesperada.

Ela encheu o show com faixas do MDNA, com as cinco primeiras músicas acrobaticamente coreografadas com inspiração em filmes policiais. Daí, o drama cresceu, em suas seduções musicais e nos intervalos.

E, como de costume, ela deu um sermão, desta vez focado na banda russa Pussy Riot e no recente tiroteio a uma garota paquistanesa de 14 anos, Malala Yousafzai, supostamente pelos Talibãs. Ela protestou com a voz e, com a música, chocou e impressionou.

Rolando no chão durante Human Nature, ela tirou o sutiã e virou de costas pro público. Com muita sedução, baixou as calças para revelar a bunda e, um pouco acima, o nome Malala.

Os sucessos continuaram muito bem organizados. Vogue foi executada em preto e branco; I’m A Sinner mostrou Madonna tocando guitarra numa versão mesclada como música indiana; Like A Prayer apresentou um coral de 30 pessoas formado pelos dançarinos que, ao longo da noite, mostraram força e agilidade.

Combinada, a Rainha do Pop entregou um grande espetáculo, com quase duas horas de uma performance ridiculamente alegre. Não é de estranhar porque os ingressos foram tão caros. Foi um negócio sério que exigiu muita mão-de-obra (sem camisa e muscular), além de muita energia feminina e misticismo.

VÍDEOS

Madonna MDNA TOUR Billboard Boxscore (03/10) – ESGOTADO

Madonna

A revista Billboard divulgou nesta quarta-feira, 3, mais um boxscore da nova tour de Madonna, MDNA Tour. Tudo esgotado.

MDNA World Tour 2012
Shows: 49
Público: 1.326.111
Rentabilidade: $ 172.403.622

Aug. 28, 2012
Philadelphia, Pa. – Wells Fargo Center
$2,651,855
15,741 / 15,741 (SOLD OUT)

Aug. 30, 2012
Montreal, Quebec – Bell Centre
$3,457,482
16,918 / 16,918 (SOLD OUT)

Sept. 1, 2012
Quebec City, Quebec – Plains of Abraham
$8,098,292
70,569 / 70,569 (SOLD OUT)

Sept. 4, 2012
Boston, Mass. – TD Garden
$2,450,720
13,995 / 13,995 (SOLD OUT)

Sept. 6-8, 2012
Bronx, N.Y. – Yankee Stadium
$12,599,540
79,775 / 79,775 (SOLD OUT)

Sept. 10, 2012
Ottawa, Ontario – Scotiabank Place
$2,371,994
14,422 / 14,422 (SOLD OUT)

Sept. 12-13, 2012
Toronto, Ontario – Air Canada Centre
$7,458,188
32,557 / 32,557 (SOLD OUT)

Sept. 15, 2012
Atlantic City, N.J. – Atlantic City Boardwalk Hall
$2,891,340
12,207 / 12,207 (SOLD OUT)

Sept. 19-20, 2012
Chicago, Ill. – United Center
$5,102,880
28,143 / 28,143 (SOLD OUT)

Sept. 23-24, 2012
Washington, D.C. – Verizon Center
$4,860,428
27,944 / 27,944 (SOLD OUT)

Sept. 29-30, 2012
Vancouver, British Columbia – Rogers Arena
$4,758,994
28,500 / 28,500 (SOLD OUT)

Madonna entrega uma alta dosagem de MDNA na Key Arena em Seattle

Por Gregory Franklin, para o Seattle Weakly

Madonna

Descrever a atual turnê de Madonna em um amontoado de palavras é mais ou menos como ser solicitado para descrever a história da sua vida em detalhes para um estranho. Existem tantos momentos de minúcias e detalhes maravilhosos que acabarão tendo que ser explicados em uma recapitulação posterior que a tentativa é, desde o início, inútil. O set de 135 minutos de Madonna foi uma aula master em “Arte da Apresentação Profissional”, e não houve um segundo sequer dele onde não nos sentíssemos envolvidos por inteiro, direcionando nossa atenção aos tais detalhes meticulosos, me parece trágico dar um parecer geral dos mesmos. Com isto em mente, aqui vou eu, tentar explicar o que vi nesses 135 minutos que passei na Key Arena na última terça-feira (2 de outubro) a noite.

Madonna sempre foi uma agregadora intensa de cultura pop. Algumas a chamariam de criadora de tendências ou de pioneira; outros diriam que ela usa a cultura como um figurino. Independente de qual lado da cerca você se encontre, é impossível negar sua imensa influência, e ver tudo isso em uma experiência concentrada e ininterrupta foi intensamente inspirador e simultaneamente chocante. Jogue tudo que você sabe/sente sobre religiões, espiritualidade, sexualidade, política, moda, amor, medo e a condição humana em geral dentro de um liquidificador, junto com um iPod bem estocado e você terá uma boa ideia da história caótica que Madonna está tentando contar em sua MDNA tour.

Isso não quer dizer que o caos não é bem-vindo ou não é planejado. Chegar perto de uma arena de shows é muito parecido a ir às festividades do 4 de julho; se tudo for feito de maneira correta, será algo alto, brilhante e você se encontrará processando tudo aquilo por um bom tempo. Você está ali para o espetáculo, para o bombástico, pela oportunidade de ver algo maior que a vida, e tudo que diz respeito a MDNA tour tem a obstinação de preencher todo o seu periférico até o ponto de ter seu processador sobrecarregado, derretido.

O show já começou de maneira suficientemente bela, com monges moicanos entoando uma melodia assombrosa (enquanto gárgulas aladas tomam suas posições em cubos de LED que sobem e descem do gigantesco palco) e um turibulo fumegante gigante balança, espalhando incenso pela multidão. Estamos sendo abençoados ou perdoados? Telas de vídeo aparecem ao fundo, mostrando uma enorme cruz adornada com o MDNA e o fundo de uma catedral antiga, cuja natureza sombria, rica e pontiagudaparece ter saído de alguma peça de Alexander McQueen. Por trás das telas, as luzes são posicionadas de forma a parecer que raios de sol vazam por entre as frestas. Madonna entra na arena, rezando, antes que os vidros jateados das telas ao seu redor se quebrem de maneira alta e dramática, espalhando-se pelo chão e oficialmente dando início ao espetáculo. Nunca querendo se esquivar de suas controvérsas, Madonna pula da sala de oração vestida com uma burca e segurando uma metralhadora. A sutileza tira folga quando Madonna está na cidade.

Apesar do repertório ter sido moldado para o material mais recente, o álbum MDNA, mais do que alguns fãs gostariam, foi difícil pelo menos se preocupar em ouvir as músicas favoritas quando cada segundo deste mesmo repertório foi visualmente impactante. Em “Revolver”, Madonna nos lembrou de seu contínuo gosto por chocar. Aparecendo no cenário de um motel sujo em “Gang Bang”, vários intrusos (dançarinos arrepiantemente coreografados) se arrastam para seu quarto para encontrarem a morte horrenda pela pistola de Madonna e ela rindo satisfatoriamente enquanto as gigantes telas de LED que preenchem o fundo do palco são preenchidas com um vermelho sangue vivo. Uma dica bastante saudável das menções a cerca de Quentin Tarantino, assim como um lembrete que esta não seria uma viagem rápida pela Candy Land.

Dito isso, vale dizer que Madonna não foi destrutiva o tempo todo. Em “Express Yourself”, Madonna estava estonteantemente doce. Entrando com sua tropa e com algumas projeções fantásticas inspiradas na arte gráfica pop de Roy Lichtenstein, que ficam pipocando e girando o tempo todo, Madonna parecia que estava entregando o bastão para qualquer atual ou futura cantora pop para ao menos TENTAR ser ela. Uma banda de desfile entra no meio da música, com um exército de bateristas suspensos por fios por cima do placo, flutuando por sobre a multidão, tocando como se fosse uma coisa absolutamente normal estar a 100 pés do chão. Não é grande coisa, certo? Tudo isso para ser sutilmente danado, pois Madonna coloca “Born this Way” de Lady Gaga no meio de “Express Yourself” (elas são basicamente a mesma canção) no que pareceu algo como um cumprimento amigável para Gaga, até que ela termina a canção com um desafiante “She´s Not Me” (ela não sou eu – faixa do álbum anterior, “Hard Candy”, de 2008)

A narrativa do show foi solta e dispersa, com Madonna ascendendo do inferno ao céu, passando por uma chuva de cápsulas de projéteis, indo de canções antigas (“Open your Heart” com o trio Basco Kalakan nos vocais na percussão e mostrando seu próprio filho de 12 anos Rocco Ritchie como dançarino) da lenta e tocante canção de amor “Masterpiece”, antes de se jogar ao desfile art-deco de “Vogue” e à orgia andrógena e contorcionista de “Candy Shop”.

Até mesmo os clássicos de Madonna foram refeitos, com “Like a Virgin” se tornando uma esparça e lenta peça acompanhada pelo piano, virando a música de uma celebração ao relacionamento para uma desesperada e piedosa balada sobre uma indestrutível co-dependência. Junto com algum dos momentos mais sombrios, os segmentos criativos dos dançarinos (obviamente de certa forma inspirados pelos Jabbawockeez ) foram mais do mesmo, mas mais focados em elementos de auto piedade; “Erotica” teve uma trupe de aterrorizantes palhaços em volta do filme noir da cobertura de Madonna, e os gráficos pop de “Nobody Knows Me” remeteram às armadilhas da fama, como também fizeram um tocante tributo à crianças que (presumidamente) morreram devido a atos de bullying.

A sequencia de “I´m a Sinner” e “Like a Prayer” mostraram a Madonna clássica no seu melhor, mandando lembranças ao misticismo ocidental dos Beatles enquanto abraça a vida selvagem e convidando depois um coral de 35 membros para o palco para uma grande e celestial apresentação. Foi hilário (se não um pouco já esperado) continuar seu papel, mostrando sua atuação 2012, estando confortável em sua própria pele, versus a sua luta nos anos 80 com sua culpa católica. Ao invés de uma ascensão literal ao céu, Madonna ascende para um clube de dança inspirado em Tron para “Celebration”, trazendo uma tropa de dançarinos inspirados em DJs e transformando a Key Arena em uma pulsante nave espacial pronta para entrar em órbita. Espero que eles tenham caixas eletrônicos no espaço, porque algo me diz que viajar com Madonna não vai ser nada barato.

NOTA: Se suas interações gentis com a audiência servem de indicação, seus tempos de sotaque britânico falso parecem ter chegado ao fim. Ela também cantou (ao vivo) a maior parte do show. Ela se desculpou por sua garganta arranhada (culpando Vancouver e sua imensa nuvem de fumaça de maconha na noite anterior) e fez um trabalho admirável sendo uma líder de gang e cantora. Claro, houve alguma nota falha aqui ou ali, mas eu me sinto melhor sabendo que uma pessoa (e não uma faixa pre-gravada) está manejando o microfone nos shows de Madonna.

NOTA 2: Por mais que eu queira fazer piadas a respeito dos braços de Madonna (os famosos “scaryarms” em inglês – Nota do Tradutor) e não as tenho. A mulher estava absolutamente incrível.

Setlist do show:
Gregorian Chant Intro
Girl Gone Wild
Revolver
Papa Don’t Preach
Hung Up
I Don’t Give A
Heartbeat (Interlude)
Express Yourself/Born This Way
Give Me All Your Luvin’
Turn Up The Radio
Open Your Heart/Saggara Jo (Kalakan)
Masterpiece
Justify My Love (Interlude)
Vogue
Candy Shop/Erotica
Human Nature
Like A Virgin
Love Spent
Nobody Knows Me (Interlude)
I’m Addicted
I’m A Sinner
Like A Prayer
Celebration

Tradução: Gustavo Espeschit, em 03/10/12

Vídeo

Fotos (clique nas imagens para ampliá-las)