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Por que o mundo precisa de um novo álbum da Madonna?

2001 - Madonna by Regan Cameron for Drowned World Tour Promo - 02

(Artigo Attidude Magazine) – A mulher que sempre esteve acima das mídias sociais vem tendo um romance tórrido com elas ultimamente. 2014 será sempre conhecido por este fã como o ano em que a Material Girl abraçou o Instagram e nos concedeu tudo: de fotos dos seios a uma homenagem a axilas cabeludas. E eu amei! Pelo iPhone, Madonna nos levou pra trás da cortina prateada – até mesmo para o seu banheiro elegante no lado leste de Manhattan, para testemunhar desde seu suor pós-treino até o filho David Banda na guitarra.

Porém, o mais fascinante foi o jeito brega com que ela nos chamou para entrar no estúdio de gravação. A Rainha do Pop tem provocado o mundo com o progresso do seu 13º álbum ainda sem título (a menos que seja chamado Unapologetic Bitch – Senhor, espero que não!).

A lista de colaboradores potenciais, até então, é impressionante: o produtor Ariel Rechtshaid, o co-compositor de Wrecking Ball MoZella, Diplo (que produziu MIA), o DJ/Produtor Avicii, o ex-colaborador da Lady Gaga Martin Kierszenbaum, a cantora pop Natalia Kills, e o criador de hits Toby Gad.

A foto postada recentemente é emocionante: uma homenagem a Betty Page, veus misteriosos e imagens religiosas? Veja só. Mas há também alguma preocupação. Por quê? Porque Madonna parece estar perto de acertar. E todos sabemos o que acontece quando Madonna erra um pouco. Duas palavras: Hard Candy.

Algumas pessoas podem argumentar que o último álbum de estúdio, MDNA, foi uma decepção. Na verdade, eu adoro vários momentos do álbum, mas havia uma sensação, logo antes do álbum ser lançado, de que algo não estava no lugar.

É difícil destacar o que estava faltando. O mundo estava faminto pela qualidade de Madonna. A realidade é que tivemos apenas uma pitada dela. William Orbit sugeriu em retrospecto que M seguiu muitas direções para realmente fazer do álbum o grande retorno à forma, com canções como Gang Bang e Addicted.

Ela tinha uma linha de roupas, uma turnê mundial, um filme e um perfume para promover. Música – a fonte de todo o poder – havia sido rebaixada a uma mera porção de seu tempo, um trabalho de meio expediente e, infelizmente, algo seria sacrificado. Suponho que foi o laser da pista de dança que perdeu o foco, e todo o projeto sofreu as consequências.

Felizmente, a turnê conjunta não sofreu o mesmo destino. Testemunhamos Madonna em sua melhor forma, destruindo multidões com sua confiança atrevida e celebrando a dança no centro de seu circo. Mesmo assim, quando o confete acabou, havia o sentimento de que o trem de Madonna havia passado sem deixar o menor rastro. A era, como em Hard Candy, não perpetuou da mesma forma que Confessions On A Dancefloor fizera anos antes.

O problema é que Madonna é consistentemente brilhante. Quando ela atinge o seu melhor, a música equivale a orgasmos. Momentos como Holiday, Intro The Groove e Hung Up são exemplos. Um abandono imprudente da pista de dança, mas não bobeiras desperdiçadas. Sim, músicas pop sólidas nas quais você quer se perder, se embebedar ou se entregar a uma noite de prazer. Mas são canções de liberdade, de fuga e poder. Uns podem chamá-las de “trilha sonora da saída do armário”. No âmago destas pérolas da pista de dança, estão verdades universais inseridas na experiência humana: “Apenas quando danço, me sinto livre assim”, “A alma está na música, é lá que me sinto linda e mágica. A vida é um baile, então caia na pista de dança”.

O que é um caso de amor entre homens gays e Madonna? É diferente de nossa admiração por outras cantoras – um encontro específico que se distingue do amor por Cher, Kylie, Mariah etc. Enquanto aprecio as qualidades que todas essas fortes divas têm em comum, há algo diferente sobre Madonna. Se você cresceu gay durante o reinado dela, há algo da rebeldia dela no seu DNA. Quando era adolescente, eu me identificava com a recusa dela em ser categorizada. Nem “machão”, nem “feminina”; nem “bruta”, nem “suave”. Especialmente nos anos 80, ela desafiou a definição de “bela”, e sua resistência e determinação eram infecciosas.

Tinha 12 anos quando a Virgin Tour foi lançada em videocassete. Enquanto os garotos da minha escola se escondiam pra ver seios em Porky’s ou cenas de mamilos em Conan, O Bárbaro, eu ficava colado em frente à TV tentando aprender a coreografia de Dress You Up. Eu vi a audácia transparente desta mulher, que provocava…não, exigia que a multidão pedisse mais. “Eu disse: ‘Vocês querem ouvir mais?’”, ela gritava durante uma incrivelmente longa pausa no meio de Holiday. Nossa, como eu queria mais!

Sou um eterno defensor de American Life, uma escolha controversa de álbum favorito entre os fãs de Madonna, mas permitam-me apresentar minha solitária evidência: a canção Nothing Fails. É a versão 2004 de Like A Prayer, um pouco mais maltratada, cansada do amor e possuída exatamente pelo tipo de profundidade que eu sempre esperei dos álbuns de Madonna.

Como projeto, sim, sei que é desprovido de hits – mas, pra mim, é uma aula de composição. Como álbum, é um trabalho de arte coeso, pois, claramente, teve 100% da atenção dela. É esta atenção aos detalhes de que um grande álbum da Madonna precisa. O sucesso simplesmente não acontece sem ela.

Alguns projetos passaram do ponto exatamente pois não tinham um elemento crucial: Madonna. Não ligo pra quantos produtores estelares, compositores ou DJs bacanas estejam com ela – eu sempre aposto nela! Quando Madonna decide aparecer no estúdio, há um brilho inabalável. Like A Prayer e Ray Of Light são exemplos. Eis a mulher que ama sua arte, e a paixão é evidente. A verdade é que Madonna é sempre o elemento mais interessante de uma colaboração com Madonna. As coisas apenas dão errado quando este equilíbrio se descontrola. Sempre achei que a colaboração dela com Pharrell, e até com Babyface, ofuscou o quociente Madonna. O som deles permearam o álbum e o resultado ficou sem criatividade. Eu sei, é chocante, né? Madonna nunca será normal!

O trabalho dela com talentos novos e excitantes é, pra mim, sempre mais recompensador. O trabalho com William Orbit, uma escolha relativamente obscura na época, foi revolucionário. Similarmente, o álbum Music com Mirwais a reinventou completamente para o século 21. Quando Madonna entrou em estúdio com Stuart Price, ela parecia estar em uma maré de vitórias. Três incrivelmente originais e bem-sucedidos álbuns pop, com a excelência provocativa de American Life no meio.

Aconteceu algo estranho no Twitter quando anunciei que escreveria este artigo. Li alguns comentários irritantes: de “diga a ela pra começar a agir como alguém da idade dela” a insinuações de que Madonna não compôs seus maiores sucessos (total ficção, já que ela é uma das compositoras pop mais produtivas e talentosas e, estranhamente, raramente recebe este crédito). Eu me vi defendendo o direito de Madonna tirar a roupa – mesmo que não me afete muito, a recusa dela de “envelhecer graciosamente” está de acordo com seus valores, e eu posso apenas encorajá-la. Com todo o respeito, os fãs de Madonna são furiosamente protetores, e uma coisa em comum que percebi foi uma paixão pelos acertos de Madonna, seja lá o que isso for. Meu argumento sempre foi que o foco tem que estar nas canções, e a disciplina deve aparecer não apenas na academia, mas nas ideias. Na música.

Todo compositor e artista ficam com preguiça – é difícil ser bom. Bono Vox, do U2, tem uma ótima frase sobre lutar pela excelência: “Bom é o inimigo do ótimo”. E é verdade. Madonna é boa facilmente e sem o menor esforço. Ninguém pode negar isso. Mas, quando ela é ótima, não há ninguém que chegue perto na música pop.

Nesta calmaria antes da tempestade, quero mandar alguns cósmicos raios de luz à rainha. Todos os sinais apareceram: a determinação, o foco e a alegria em ser artista. Podemos todos debater qual era, qual visual ou qual persona foi a mais forte, mas há apenas uma pessoa que pode nos servir tudo isso. Ajude-nos, Madonna Louise Veronica Ciccone. És a nossa única esperança.

Darrren Hayes é o ex-vocalista da banda Savage Garden e desde 2000 segue em carreira solo, tendo como último álbum o bem-sucedido "Secret Codes", de 2011.
Darrren Hayes é o ex-vocalista da banda Savage Garden e desde 2000 segue em carreira solo, tendo como último álbum o bem-sucedido “Secret Codes”, de 2011.

Madonna na trilha sonora de The Giver com “Messiah”?

madonna messiah meryl streep the giver

Entre Hard Candy e MDNA, Madonna parece ter se perdido. Sim, sei que ela ganha muito dinheiro e tal, mas ela perdeu um pouco da qualidade por fazer a linha “Tenho 50 anos, sou sexy e foda-se se você não gosta disso”. Não me entenda mal; Madonna enfrentou mais intolerância a mulheres do que qualquer outra artista na indústria. Odeio ver tal situação, mas, às vezes, ela se faz de alvo. Talvez seja hora de mudar.

Madonna sempre conseguiu se salvar com músicas em trilhas de filmes. Em 1994, quando todos os jornais do mundo diziam que ela nunca mais teria um hit, ela lançou uma das canções mais bem-sucedidas da carreira: I’ll Remember, do filme Com Mérito. Em 1986, após se tornar piada nacional pelas fotos das revistas Playboy e Penthouse (nos anos 80, era um escândalo ameaçador de carreiras), ela chocou a todos com a incrível balada Live To Tell. E quem consegue esquecer de You Must Love Me, ganhadora do Oscar por Evita?

Tenho afirmado, nos últimos meses, que Madonna gravou uma canção de trilha sonora. Não tinha – e ainda não tenho – total certeza para qual filme é. Entretanto, sei que a gravadora Interscope, que está produzindo a trilha de The Giver, pediu uma música a Madonna. Isso lá pelo fim de abril, mesmo estando a trilha já finalizada. Quando Madonna anunciou uma canção chamada Messiah recentemente, que cairia perfeitamente com o tema de The Giver, tive 100% de certeza de que era para este filme. Compareci a uma exibição do filme e tinha certeza de que ouviria a canção de Madonna. Até dei uma dica no Twitter, mas tive que deletar todas as postagens sobre o filme porque o pessoal dos estúdios The Weinstein Company (com toda razão) ficaram furiosos.

Antes de perceber, os créditos apareceram. Entretanto, não havia música. Nunca vi isso em um filme antes. Havia outra canção no fim dos créditos, mas não saquei quem era o cantor, e ouvi dizer que esta última música nem entraria na edição final. Pensei que, talvez, a canção de Madonna não estivesse pronta ainda e, por isso, não havia música. Perguntei a um representante dos estúdios, mas não recebi uma resposta – o que quer dizer “sim”, certo?

Ter uma canção em The Giver seria uma enorme vantagem na carreira para Madonna. Mesmo que não se torne um grande sucesso, a canção certamente entraria na lista de grandes canções em filmes. Há também a possibilidade de Madge obter uma indicação ao Golden Globe e ao Oscar. The Giver é um filme que Madonna adoraria, e seu envolvimento apenas melhoraria a qualidade da obra. A personagem principal, Jonas, é, basicamente, uma versão masculina da Madonna rebelde. Vamos esperar respostas em breve. (Fonte: Pop Music Gadfly)

Madonna novo álbum com Avicii: Será que ela justifica o seu amor?

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Após dois polêmicos álbuns, o próximo disco de Madonna será decisivo para muitos seguidores exasperados. Nós sobrevivemos às suplicas dela pra vermos o rebolado por Hard Candy e ignoramos o apressado e incoerente MDNA. Agora, a conta de Madonna no Instagram confirma que ela voltou ao estúdio com uma dúzia de compositores e produtores escandinavos, incluindo Avicii e a cantora/compositora britânica Natalia Kills.

Mas se Madonna quiser – ou se importar – ser relevante outra vez como musicista, ela precisa aprender com os erros que cometeu com MDNA:

Não reduza a qualidade de suas letras:

Madonna tem 55 anos, dois ex-maridos, quatro filhos; prefere namorar homens mais novos e é a mulher mais famosa do mundo. É material suficiente para se trabalhar. Por favor, chega de rimas do tipo “esperando, ansiando”, chega de nos avisar que o tempo está passando e de dizer o quanto gosta de dançar. Já sabemos de tudo isso. Não sabemos quem Madonna é atualmente. Ela pode juntar quantos produtores quiser, mas, quando compõe melodias fracas e letras genéricas, Madonna não mais revoluciona o Pop, ela apenas o segue.

Não desvie:

A pós-produção do filme W.E. levou mais do que o esperado, seguida de promoção mundial. Entretanto, sobrou pouco tempo para promover o álbum MDNA. Até mesmo seu produtor diplomático William Orbit admitiu: “Fomos pressionados devido a…vários compromissos de mídia, que acabaram com o tempo limitado da artista, como campanhas de perfume e concursos de moda adolescente, além de outros. Todos estávamos completamente fixos a nos dedicar ao máximo para fazer de MDNA o melhor álbum do ano, mas, infelizmente, não houve tempo”.

Poster do filme de Madonna, W.E.

Não arruíne o lançamento do primeiro single:

No Reino Unido, lar de uma das fã-bases mais fieis, o primeiro single Give Me All Your Luvin’ recebeu mínima atenção das rádios. Daí, uma breve promoção permitiu aos fãs baixar a música de graça se eles comprassem o álbum MDNA na pré-venda, o que significou que Give Me All Your Luvin’ não era eleita às paradas. Quando disponível para compra como uma faixa singular, o momento já havia passado e o single chegou apenas no desastroso 37º lugar.

Não continue com singles ainda mais fracos:

O segundo e terceiro singles Girl Gone Wild e Turn Up The Radio eram faixas genéricas que podiam ter sido gravadas por qualquer cantora, de Katy Perry a Carly Rae Jepsen. O responsável por escolher os lançamentos de MDNA deveria se envergonhar.

E, daí, não case “insultos” com “acidente” e grave clipes ruins:

Apesar do clipe de Girl Gone Wild ter sido banido de acesso público no Youtube por ser “muito provocante”, com homens seminus (o que já fora visto nos clipes Justify My Love e Erotica duas décadas antes), o burburinho foi pouco com este segundo single. Ele não chegou ao Top 100 da Billboard e, no Reino Unido, permaneceu em 73º. Turn Up The Radio ganhou um clipe barato que podia ter sido gravado com um iPhone e foi, discutivelmente, a pior coisa que ela já filmou desde Destino Insólito. Esta era a mesma pessoa que revolucionou com Like A Virgin, Express Yourself, Like A Prayer e Bedtime Story?

Não subestime o poder da promoção…

MDNA se tornou um exemplo raro de críticos amando o trabalho de Madonna mais do que seu público. Porém, sem um single bem-sucedido ou qualquer tipo de publicidade da parte de Madonna (apesar de uma entrevista de 10 minutos pré-gravada para o programa Daybreak), muitos britânicos sequer perceberam que ela lançara um novo álbum. Seus leais fãs a levaram, sozinhos, ao topo das paradas. Porém, na terceira semana, o álbum já havia saído do Top 10. Promovendo o filme W.E. enquanto ensaiava pro Superbowl e planejava uma turnê, Madonna não conseguiu dar conta de tudo. O resultado foi a baixa venda de MDNA.

Capa do álbum MDNA, de Madonna

…mas não o promova em estádios!

Turnê, ingressos e produtos exclusivos sempre venderão mais do que um álbum. Mas achar o lugar certo para um show de Madonna é fundamental para o público experimentar e entender seus esforços criativos. Estádios impessoais são, geralmente, inúteis, a menos que você desembolse um bom dinheiro para o “círculo dourado” ou na fila da frente. Muitos detalhes da MDNA Tour se perderam para aqueles que mal viam o palco ou onde a qualidade do som era tão baixa, que se tornava inaudível. Fóruns na Internet se enchiam de reclamações das pessoas que saíam do show antes do fim. Enquanto é mais lucrativo se apresentar em um estádio com capacidade para 70 mil pagantes ao invés de fazer 10 shows em uma arena para 10 mil, o dano apenas será calculado com os recibos da turnê seguinte.

Não esqueça do seu legado.

Tenho comprado os discos de Madonna, Picture discs, singles, álbuns e downloads de 1983 até agora. Eu a defendi durante a infame era de Erotica e Corpo em Evidência; com os crucifixos flamejantes de Like A Prayer e o falso lesbianismo de Justify My Love. Fui a todas as turnês de Who’s That Girl a MDNA. Ainda estou aqui, apesar dos maus momentos, e me diverti com os bons.

É pelos detalhes e pela ingenuidade que sempre admirei Madonna. Ela se inspirou em outros artistas como Blondie, Bowie e Jackson, e, mesmo assim, conseguiu ser original nas ideias que remixou e revisitou. E é isso que está faltando – sinto que Madonna perdeu sua identidade. Ela é apenas Madonna, uma marca sendo corroída por lançamentos de perfume, academias, cremes pra pele, sapatos e roupas. Tudo isso agrega valor à sua produção, mas custando sua credibilidade.

Finalmente, não me dê atenção.

Afinal, o que eu sei? Eu jamais conseguirei influenciar, alcançar ou mudar percepções como Madonna fez, e é fácil pra mim sentar no computador e reclamar. Sei que sou egoísta – quero que Madonna permaneça como a maior artista pop do mundo. E, claro, continuarei nesta jornada iniciada 30 anos atrás, sem me importar com o próximo lançamento. Porém, como fã de longa data, espero – e anseio – por algo mais.

John Marrs