“Só há uma única rainha, e é a Madonna, ainda”, diz Liz Smith

Madonna MDNA Tour

A famosa jornalista Liz Smith não poupou elogios a Madonna com a estréia do MDNA Tour nos Estados Unidos. Em um artigo publicado no blog doThe Huffington Post, Liz fala sobre a energia e a viagem de Madonna com a espetacular tour.

Madonna Hoje, Ainda a Rainha: Destemida, Fabulosa, Sem Fazer um Show das Antigas

“Capaz de enfrentar o medo ou o perigo sem se esquivar…resoluto…invulnerável…valente…aventureiro.” Isto é uma parte da definição da palavra “Destemido” no dicionário.

Não conheço Madonna bem o suficiente (creiam ou não) para assegurar que ela é realmente sem medo algum como mulher, ou como ser humano. De fato, ela vem admitindo ser exatamente, se não mais, insegura, do que as pessoas comuns. A fama e o constante julgamento faz isso com as pessoas. Ela é mais delicada e vulnerável do que sugere sua persona pública. Mas não importa o que ela seja com seus filhos, seu homem, seus problemas, ela permanece sem dúvida como uma das artistas mais destemidas e verdadeiras consigo do mundo. Madonna acabou de estrear a etapa americana de sua MDNA Tour na Filadélfia na segunda de noite. Estava cheia de patriotismo, louvou a liberdade de expressão americana, exigiu a libertação das artistas russas encarceradas Pussy Riot e denunciou a homofobia, como vem fazendo nos últimos 25 anos. (Muito antes de Lady Gaga dizer a seus “little monsters” que eles “nasceram assim”, Madonna exortava a seus fãs a “expressarem-se” e esteve na linha de frente da problemática da AIDS.)

“MDNA” é o que se tornou o conjunto típico de um show da Madonna – brilho que faz despertar a mente, blocos deslumbrantes, danças incríveis. E ainda há as coisas que ela faz porque quer! Ela pretende levar seu público a uma jornada. Às vezes eles não estão prontos para essa jornada. Eles querem se divertir ao som dos hits dos anos 80 e 90, apresentados tal qual Madonna fez em seus famosos clipes. (Mas que azar!) Madonna murcharia e feneceria se ela tivesse de se repetir para todo o sempre. Ela não está brincando com seus fãs, está dando a certeza de que eles cresceram. Sim, e isso apesar do figurino juvenil de majorette que veste em certo momento. Ela não está fingindo que o tempo não parou. Ela é uma mulher ainda jovem, ainda cheia de alegria. (E esperem até que veham sua banda de bateristas, no meio do ar, elevados sobre a multidão!)

Em “MDNA”, Madonna dá a seus fãs clássicos como “Open Your Heart”, “Vogue”, “Express Yourself”, “Human Nature” e “Like a Virgin”. Mas, tomando-se o exemplo de “Like a Virgin”, ela mudou totalmente o divertido hino de ser “brilhante e fresca”, em algo quase insuportavelmente obscuro. Isto é dor? É prazer? Ela está sofrendo? Ela está extasiada? Não me pergunte, e não pergunte a Madonna. Ela odeia se explicar. Ela esfica muito mais feliz quando o público interpreta por si mesmo, ou nem mesmo o faz. Madonna se considera um trabalho em progresso e dá ao público o mesmo tratamento. Se não consegue entender, não se aflija. É a vida? Quem pode explicar a vida?

Este novo show conta fortemente com seu mais recente disco, “MDNA”. E embora o CD não tenha vendido tão espetacularmente como os seus sucessos passados, o público, excitado (como se quase estivesse morrendo devido ao calor) e histérico ficou doido por canções mais novas como as que abrem o show, “Girl Gone Wild”, “Revolver” e “Gang Bang”. Este é o tão criticado bloco “violento” do show, mas muitos pensaram que era menos assustador e mais uma paródia ao culto à violência, sem mencionar alguns sentimentos tumultuados arrancados do peito dela sobre seu ex, Guy Ritchie. Ela canta no cenário de um quarto de hotel xexelento, bebericando uísque e sendo atacada por assassinos estilo ninja vestidos de preto. É histriônico. É asqueroso. É Madonna. O palco é cheio de movimento, os blocos convidam à asfixia, os backdrops e visuais hipnotizadores. (Incluindo uma versão nova maravilhosa em preto-e-branco de “Erotica” (sic) [acreditamos que ela tenha falado de “Justify My Love”] e a controversa “Nobody Knows [Me]“, com suas imagens de violência, revolução política ao redor do mundo, e um tributo que faz chorar aos adolescentes gays que se suicidaram.) A voz de Madonna, quando ela canta totalmente ao vivo, é eficaz e comovedora, em especial em “Masterpiece”.

Ela ainda não cantou “Aida”, mas ela dá umas canjas. Seus passos permanecem um milagre atlético, para qualquer idade. Ela se mostra melhor do que em qualquer outra turnê anterior recente, mantendo seu peso em forma e se mostrando completamente cheia de alegria. Em dado momento ela declara, “às vezes é mais fácil mostrar seu traseiro do que seus sentimentos.” Naturalmente, naquele momento, ela mostrava ambos! Madonna completou a noite sacudindo o público com um frenesi que incluía “I’m a Sinner”, “Like a Prayer” (que se mostrou uma canção tão sólida, bonita e laudatoriamente selvagem que foi literalmente uma experiência religiosa) e a saltitante “Celebration”, na qual seu belo jovem filho, Rocco, deu à mamãe alguma concorrência na parte da dança.

Se vocês querem Madonna cantando as velharias, no mesmo tom, os mesmos figurinos, o mesmo estado de espírito, “MDNA” poderia decepcionã-los. Se vocês querem ver uma mulher ainda lutando a boa luta, tentando divertir, educar e chocar seu público, vocês estão em um passseio de montanha-russa, com a própria Madonna no controle. Só há uma única rainha, e é a Madonna, ainda.

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