Madonna dedica Human Nature a jovem paquistanesa baleada pelo Talibã

Madonna

O atentado a tiros contra a jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai, conhecida por seu trabalho em prol da educação feminina, continua a gerar uma corrente de solidariedade ao redor do mundo. Na noite de quarta-feira (10), no show do MDNA Tour em Los Angeles, foi a vez de Madonna, que dedicou a música “Human Nature” à garota de 14 anos, baleada na cabeça e no pescoço em uma ação do Talibã na terça-feira (9):

“Isso me fez chorar. A menina de 14 anos que escrevia um blog sobre como era ir à escola. O Talibã parou seu ônibus e atirou nela. Vocês têm ideia de quão doentio é isso? Apoiem a educação, apoiem as mulheres,” disse Madonna ao público do Staples Center, em Los Angeles, antes de começar “Human Nature”, cujos versos defendem a livre expressão. “Uma das coisas que tenho percebido durante minhas viagens é o quão sortudo nós americanos somos. Somos um país imperfeito, com um governo também imperfeito, mas posso te dizer, eu estive na Ucrânia e na Rússia… Preciso lembrá-los que as integrantes do Pussy Riot ainda estão presas? Em São Petersburgo, 75 homens foram presos por serem gays… Essa canção é para você, Malala!”

Nesta quinta-feira (11), Malala foi transferida de um hospital na cidade de Peshawar para um centro médico militar em Rawalpindi, mais distante da área de influência do Talibã. A jovem foi baleada quando voltava da escola. Na quarta, a bala que perfurou sua cabeça foi removida. Hoje, os médicos que tratam da ativista informaram que ela movimentou braços e pernas na noite passada. Outras duas meninas foram atingidas no ataque de terça-feira. Uma está fora de perigo, enquanto a outra continua em condições críticas.

– Rezem por ela – pediu o tio de Malala, Faiz Mohammad, quando a sobrinha deixava o hospital de Peshawar rumo a Rawalpindi.

Dentro e fora do Paquistão, continuam as manifestações contrárias ao ataque contra Malala, que ganhou notoriedade em 2009, com o blog no qual relatava o cotidiano de uma estudante diante das restrições impostas pelo Talibã. Nesta quinta, foi a vez do ex-premier britânico Gordon Brown, hoje enviado especial da ONU para a educação global, que visitará o Paquistão no mês que vem:

“Pedi ao presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, para que o sofrimento de Malala não seja em vão. (…) Agora que o nome dela ficou conhecido em todo o mundo, espero que o atentado contra ela leve a muito mais que uma simples retórica sobre mudanças”, escreveu Brown em artigo publicado em sites como o Huffington Post.

Ao mesmo tempo, clérigos muçulmanos do Conselho Sunita Ittehad emitiram uma fatwa (lei islâmica) no qual dizem que o ataque do Talibã contra Malala atende a uma interpretação incorreta do Islã – em comunicado, o grupo fundamentalista justificou o ataque dizendo que Malala era uma militante pró-Ocidente e “símbolo dos infiéis”. Em Lahore, a segunda maior cidade do Paquistão, diversas entidades civis organizaram vigílias por Malala. Na capital, Islamabad, senadores de espectros políticos opostos condenaram o ataque contra a jovem, mas aproveitaram a comoção despertada pelo crime para culpar seus respectivos adversários por suas políticas de segurança.

Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; o presidente americano, Barack Obama; sua secretária de Estado, Hillary Clinton; e várias lideranças políticas paquistanesas divulgaram mensagens de repúdio ao atentado contra Malala.

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