Algumas horas atrás, tive a sorte de comparecer à festa de lançamento do “Secret Project Revolution” da Madonna, um curta-metragem de 17 minutos em conjunção com Steven Klein, abordando discriminação e injustiça no mundo. (VEJA O VÍDEO AQUI)
Cheguei no evento por volta das 9 horas, daí tive que perambular até as 10 antes das portas se abrirem. O e-mail com o convite era claro sobre a pontualidade, alertando que não entraríamos se chegássemos depois das 10:45h. Mas muito cedo também não era bom. Como todos entrariam na Gagosian Gallery entre 10 e 10:45h? No fim, a lista de convidados era pequena mesmo, com talvez 250 pessoas.
Lá dentro, a sala estava reservada. Uma foto de Madonna, tirada por Klein, do tamanho da parede, e sua trupe MDNA era um ponto focal, assim como uma foto gigante do olho de Madonna no filme. Mas o que realmente me chamou a atenção (sem contar o fato de que o ex de Madonna Sean Penn estava passeando por lá) foi uma área protegida em frente a uma parede em branco, onde imaginei que Madonna projetaria o filme e talvez se apresentaria de alguma forma, ou, pelo menos, falaria. Então, meu amigo Curtis e eu ficamos na frente enquanto a maioria das pessoas se misturaram e aceitaram bebidas de garçons com máscaras de gás.
O tecido se revelou uma bandeira, que dizia:
Enquanto esperávamos, o artista Scooter LaForge nos contou que ele ouvira que Madonna cantaria uma música nova. Estávamos tão envolvidos com essa fofoca que quase perdemos: Madonna, de repente, estava aos nossos pés – literalmente. Maravilhosa em um casaco preto apertado e com uma touca “morango-loura”, Madonna estava de joelhos, muito próxima de nós, desenrolando um tecido branco. Ela nos falou sobre o exato lugar do tecido: “Vocês são a primeira fila. Não deixem ninguém estragar isso”. Os avisos de “Proibido fotografar” já haviam sido globalmente ignorados, então tirei uma foto rápida da diretriz trabalhando, mas mantivemos o tecido no lugar. Foi surreal vê-la comparecendo desta forma e, daí, caminhando entre seus convidados.
Pouco tempo depois, Madonna entrou na área e começou um discurso de 12 minutos, explicando suas motivações pra criar o “Secret Project Revolution”, um trabalho que ela chamou de “a coisa mais importante que já fez depois de ter os filhos”. Dizendo que não queria soar narcisista, Madonna, entretanto, afirmou: “Agora, só quero ouvir a mim mesma”. Todo o local ficou em silêncio enquanto ela defendia sua causa e explicava a intenção do filme, de iniciar um projeto de mídia social no qual as pessoas enviassem suas ideias de liberdade.
“Quando digo que quero começar uma revolução, é exatamente isso o que quero dizer. Quero dizer que quero começar um movimento de pessoas, de artistas, que não se preocupam com concursos de popularidade, que não se preocupam com aprovações, que não se preocupam com a beleza da bunda – embora seja importante ter uma bunda bonita…”
Foi legal o discurso dela ter um pouco de humor, algo que a revista Slant disse estar faltando neste projeto. Mas Madonna não estava rindo quando explicou que seu uso de armas foi metafórico – é bem óbvio quando você assiste ao filme, algo que os críticos ardorosos nem se importarão em fazer.
Logo antes do filme começar, ouvimos um longo trecho de uma entrevista de James Baldwin. Lembre-se de que Madonna nos mandou sentar, então a minha visão foi de pessoas como Zac Posen e Zachary Quinto e Donna Karan, sentados no chão frio da galeria.
(Senti cada minuto da minha idade com o passar do tempo…tão lentamente…até me endireitar novamente no fim.)
O filme por si próprio foi muito mais interessante por ser projetado com o som e o visual perfeitos dentro da galeria. Ainda acredito estar muito longe de ser “a coisa mais importante” que ela já fez, mas é um trabalho de muita paixão, exatamente o contrário das tentativas comerciais dentro de fora da música. É incrível que ela arranje tempo para algo assim depois de 30 anos de carreira. Se algo, a noite inteira – menos os grills dourados e outros exemplares de riqueza – remeteu aos dias da década de 80. Me perguntei o que Haring, Basquiat, Warhol e tantos outros daquela era, do passado dela, achariam deste evento, caso não tivessem sido datados por Madonna e seu desejo de sacudir as coisas.
Após o filme, uma série de danças começou, estrelando os artistas da MDNA. As coreografias foram lindas (especialmente por Chaz Buzan e Marvin Gofin). Foi realmente espetacular ver de tão perto (por falar nisso, Chuck Close estava bem à esquerda).
Finalmente, Madonna, que estivera sentada no chão, bem na plateia, foi arrastada de volta ao palco por dois “policiais”. Daí, ela apresentou um cover lindo de “Between The Bars”, de Elliott Smith, em uma voz perfeita (a música é da trilha sonora de “Gênio Indomável” e, me lembro bem, Madonna disse que esse filme era seu favorito quando foi lançado). Madonna está se arriscando como cineasta e sinceramente acredita que pode iniciar uma Revolução de Amor que mudará o mundo, mas, pra mim, tudo voltará à música, e ouvi-la apresentar essa balada melancólica a poucos metros de mim realmente me emocionou.
No fim, alguém vestido de preto dançando ao redor de Madonna revelou ser o filho Rocco. Daí, eles e toda a equipe agradeceram enquanto a sala se transformou numa pista de dança. Exceto pelo fato de que Madonna estava entre nós, então a maioria dos festeiros se aproximou dela, que ia passando, cumprimentando os VIPs de todo o mundo e outros famosos.
A interação afetuosa de Madonna com Sean Penn me espantou; foi uma cena que nunca pude imaginar quando lia rumores sobre ela ser “torturada como um peru” pelo homem que se tornou o primeiro ex-marido.
Lindsay Lohan, colega de Klein, estava lá, relutantemente tirando fotos para os intrépidos perguntarem. Eu me re-apresentei a ela (trabalhei com ela durante sua adolescência!), dizendo: “Fui o editor da revista ‘Popstar’!”. Ela ficou chocada e gemeu: “…oh, Deus!”.
Vestindo algo bem curto, Perez Hilton estava de prontidão para receber alegres boas-vindas de Lohan e Ciccone. Anderson Cooper e seu amor Benjamin Maisani se jogaram na aura de Madonna, trazendo Marc Consuelos para dizer um “oi”.
Anderson parecia estupefato; adoro quando ele age como fã (Ben educadamente recusou fotos em nome de Anderson, dizendo que “não era uma boa noite para isso”, mas foi definitivamente uma boa noite para a foto dele com Madonna).
Por um bom tempo, os dançarinos se exibiram em um círculo, atraindo a atenção de Madonna e permitindo que ela se inserisse na multidão, de alguma forma longe dos constantes flashes.
Enquanto ela ia pra lá e pra cá pela sala, consegui dizer a ela que achei a noite incrível (e foi!) enquanto peguei-a pelo braço e a parabenizei – “Obrigada”, ela disse, olhando à frente. Acho que a maioria dos fãs de Madonna presentes conseguiram tocar ou se aproximar do ídolo. A disponibilidade dela foi sem precedentes.
“É como estar na festa ‘Sex’ dela”, um amigo disse. Bem, havia correntes na entrada.
Conforme a noite terminava, Madonna se esconder em uma pequena sala perto da porta. Um caminho foi liberado, um segurança, atrasado, proibiu quaisquer fotos e bloqueou câmeras com sua mão gigante, e ela foi escoltada até o carro.
Tentarei postar mais detalhes conforme eles chegarem, o que deve acontecer depois que eu dormir. A Revolução pode ser cansativa.
LEIA MAIS sobre o lançamento do SECRET PROJECT, de Madonna.
Tradução de Leonardo Magalhães (Obrigado querido amigo)
Texto traduzido Boy Culture.