Quando Madonna ainda morava nos subúrbios de Detroit, certamente assistiu aquele garotinho de voz afinada e seus irmãos dançando juntos pela TV. Quando estava ralando em Nova Iorque às voltas com empregos em lanchonetes, o garotão já era considerado um ícone pop, com o disco Off The Wall. Quando Madonna estourou para o mundo, aquele rapaz que enlouquecia todos nós com um requebrado e deslizava pelo palco andando pra trás como se andasse pra frente, já era o dono dele.
Madonna e Michael Jackson são dois mundos diferentes, tão diferentes que tornam-se parecidos. Transformaram-se em deuses com o advento da MTV, e a MTV só tornou-se o que é hoje, por causa dele. Foi com Thriller que o videoclipe estabeleceu-se como uma forma de arte. E foi com ele que Madonna aprendeu, e muito.
Michael Jackson foi Rei, ou será eternamente um. Não há lugar no mundo onde os passos de moonwalker não sejam reconhecidos. A luva branca, os mocassins pretos, a jaqueta vermelha. O chapéu colocado abusadamente sobre o rosto. Entrou para a galeria dos ícones do século XX, ao lado de Elvis, Lennon, Jimmy Hendrix, Bob Marley e poucos outros.
Ao longo dos anos, Michael e Madonna cruzaram-se de diferentes formas: turnês ao mesmo tempo, recordes sendo quebrados, discos sendo lançados, e a certeza de uma admiração mútua. Um respeito que fofocas e brigas menores nunca conseguiram derrubar. E também porque um virou o comparativo com o outro: os dois ícones da MTV, do megaestrelato, do fenômeno da mídia.
Se Madonna chora hoje, é porque um dia maravilhou-se com a dança, a verdade, o carisma e a música de Michael Jackson. Talvez porque se lembre das manhãs na frente da tv assistindo os Jacksons Five, ou porque tenha se trancado no quarto, adolescente, cantando Ben, até mesmo porque lembrou do beijo que foi dar nele em 1997, no aniversário de Liz Taylor. Se Madonna chora hoje, é porque o defendeu da armadilha em que ele caiu quando um repórter fez um programa que o expunha ao ridículo, alguns anos atrás.
E se Madonna chora hoje, é porque sabe o quanto perdemos e o quanto ele significou pra todo mundo que fecha os olhos e sonha com os deuses. Se a nossa rainha chora hoje, é porque ela perdeu sua referência maior. Se ela está se sentindo mais só, é porque sabia que Madonna e Michael Jackson se completavam. Ele entrou pra história. Vai fazer muita, mas muita falta.
E na foto de hoje, tentando digitar aqui enquanto as lágrimas caem sobre o teclado, Madonna e Michael Jackson se divertindo à beça, em 1991. Tivemos poucas oportunidades de vermos os dois juntos, e agora ao saber que ela queria subir ao palco com ele numa das apresentações de sua turnê de retorno, essa imagem tão meiga dá um aperto no coração. Seria simplesmente o máximo. Bravo, Michael! (de Maurício, via Orkut)