Rebel Heart: Ser Madonna, o que significa nos dias de hoje?

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Leia a entrevista que Madonna deu para promover o álbum “Rebel Heart” para a revista PITCHFORK.

Madonna acaba de lançar seu novo álbum “Rebel Heart”, mas há provavelmente 100% de chances de qualquer pessoa com mais de, digamos, 25 anos ter alguma lembrança relacionada à Madonna com algo de seu carreira. Talvez você tenha dançado ao som de Crazy For You em um baile da escola, memorizado a coreografia de Vogue no quarto, cantado Express Yourself em uma despedida de solteiros, sonhado na pista de dança com Ray Of Light, ou se atrapalhado com algum experimento sexual ao som de Erotica. Talvez você tenha crescido adorando a era Into The Groove e, bem quietinho, desabrochado sua sexualidade após assistir a Na Cama Com Madonna várias vezes. Mesmo que você não seja um super fã – ou nem ao menos goste dela – não há como escapar de Madonna. Ela está em toda parte.

Não é exagero dizer que Madonna influenciou profundamente as formas de uma geração inteira de jovens pensarem sobre música, moda e especificamente sexo. Ela foi uma das primeiras celebridades a defender os gays e a falar abertamente sobre AIDS. Ela foi uma das maiores provocadoras, mesmo quando não era necessariamente interessante pra ela (Assista a alguns noticiários da época de lançamento do livro SEX, pra ver o quanto o cenário cultural mudou desde então).

Ela já vendeu mais de 300 milhões de álbuns, o que já é razão suficiente pra falar de Madonna, mas não é o motivo mais importante: ela essencialmente construiu a casa que todos chamam de lar: Britney, Beyoncé, Nicki, Gaga, Sky, Rihanna, Katy, Ariana e até mesmo Kanye. Ela inventou o arquétipo do estrelato Pop que conhecemos e entendemos. E, exceto por Michael Jackson, o impacto duradouro de Madonna na cultura popular permanece inigualável.

Mas o que Madonna significa em 2015? Não é um assunto fácil de resolver, além de ser uma questão complicada até para a própria Madonna. No novo álbum, Rebel Heart, o paradigma de Madonna é “lembrar”, ao invés de “reinventar”. O resultado é a obra de 19 faixas que, de várias maneiras, representa a mitologia de Madonna – um disco que vacila entre hinos poderosos, mensagens românticas e as (agora) necessárias declarações de dominação completa (como em Bitch, I’m Madonna), com paradas pelo caminho para revisitar as obsessões de toda uma vida por sexo e Catolicismo.

Como sempre, o jeito de Madonna escolher colaboradores atuais continua com tudo. Desta vez, a longa lista inclui Diplo, Kanye, Avicii, DJ Dahi, Blood Diamonds, Ryan Tedder, Ariel Rechtshaid, Nicki Minaj, Nas, Chance the Rapper, e Mike Tyson. Enquanto este rol de talentos transforma o álbum na maior mistura que Madonna já lançou, não a impede de ser surpreendentemente pessoal. Faixas como Joan Of Arc – na qual ela examina o preço de ser Madonna – e a faixa-título são algumas das mais vulneráveis que ela já gravou.

Em outra parte, ela troca experiências de vida com Nas em Veni Vidi Vici – uma canção na qual ela lembra de quando era uma “gatinha nas ruas”, perdida no Lower East Side de Nova York, no início dos anos 80. Para um disco que arduamente tenta ser atual, os momentos mais interessantes de Rebel Heart tendem a ser aqueles nos quais ela larga as poses e o papo sexual, e examina a própria identidade. Talvez para Madonna – uma artista bem-sucedida em evoluções radicais –, a coisa mais radical que ela pode ser neste momento é ela mesma.

Com a experiência de ser uma das pessoas mais faladas nos últimos 30 anos, Madonna é, previsivelmente, um assunto formidável. Uma conversa com ela é tanto intimidadora, quanto surreal, além de divertida, também. Com um espartilho, as câmeras prontas, e um apito Chanel cheio de joias no pescoço, Madonna é amigável e direta – feliz por falar de arte e poetas como Anne Sexton e Mary Oliver, e também de música Pop. É capaz de você imaginar que uma conversa com uma celebridade do nível de Madonna teria muitos pré-requisitos, mas o único aviso que recebo vem dela mesma. “Se me fizer uma pergunta que eu ache boba, você vai tomar uma dose desta tequila”, disse ela, apontando para uma garrafa. “E se você me perguntar algo incrível, algo que realmente me provoque, daí eu terei que beber. Mas não se preocupe, esta tequila é ótima”. No fim das contas, ambos bebemos.

PITCHFORK: VOCÊ JÁ TRABALHOU DE DIVERSAS FORMAS – ATUANDO, DIRIGINDO, NO TEATRO, EM FILANTROPIA –, MAS SEMPRE VOLTA À MÚSICA POP, COMO SUA FORMA PRIMÁRIA DE EXPRESSÃO.
Madonna: Sim, minha base: a música Pop e a Igreja Católica.

E SEXO.
(Risos) Sim, por que não? Os três juntos, se possível.

O QUE FAZ A MÚSICA POP SER UM MEIO TÃO PODEROSO PRA VOCÊ?
É bem primitivo, como uma boa poesia. Gosto de ter quatro minutos para evocar um sentimento e levar as pessoas em uma espécie de jornada. Quando descobri que podia compor música, senti que era a forma mais natural de me conectar às pessoas e contar minhas histórias. Senti senti que era isso que fazia: contar histórias.

FIQUEI MUITO SURPRESO COM O NOVO DISCO. PRA SER SINCERO, FIQUEI ATÉ MEIO ALIVIADO…
Por não tê-lo odiado? (Risos)

NA VERDADE, SIM. SABE, NUNCA SE SABE…
Totalmente. Espera-se isso.

ESTE É O SEU 13º ÁLBUM DE ESTÚDIO. VOCÊ TENDE A IR GRAVAR O DISCO COM UMA SENSAÇÃO DO QUE QUER DO ÁLBUM, OU ISSO SE REVELA AOS POUCOS?
Geralmente, começo escolhendo os produtores com quem trabalhar, o que determina a direção-geral que o som seguirá. Mas, desta vez, meu objetivo desde o início foi apenas compor boas canções que não precisassem de qualquer produção pra serem sentidas ou compreendidas. Eu quis poder sentar com um violão e tocar do início ao fim, e ter o mesmo impacto da versão em estúdio, com os sinos e assobios. No início, eu compus com Avicii, que todos associam à música eletrônica, mas eu trabalhei com o time de compositores dele e tudo foi muito simples – vocais e piano, vocais e violão. Era quase algo folk.

Só quando eu estava na metade do álbum comecei a pensar em sons, e daí Diplo chegou. Ele começou a adicionar essas batidas monstras e uns baixos animais que você nunca ouviu antes, e isso me direcionou. Daí, peguei as canções que ainda estavam sem produtores e comecei a buscar pessoas com quem eu achei que me divertiria.

Eu quis trabalhar com um produtor de Hip Hop, mas não alguém convencional, e o DJ Dahi trabalhara numa faixa do Kendrick Lamar que eu adorei. Então, Diplo trouxe o Blood Diamonds, que eu nunca ouvira antes. Foi como um trem que começou a se mover: pelo caminho, novas pessoas entravam, enquanto outras saíam, pra voltar depois. Desta forma, eu não era apenas a compositora primária, mas também a controladora de agendas que gerenciava as idas e vindas dos DJs loucos que estavam na equipe (risos).

QUANDO OUVIA O DISCO, COMECEI A DIVIDIR AS FAIXAS DE “FESTA” DAS “PESSOAIS”…
Festa versus Funeral (risos).

E ME VI MUITO MAIS ATRAÍDO PELAS CANÇÕES PESSOAIS.
Alguma específica?

JOAN OF ARC, POR EXEMPLO. TALVEZ POR…
Você se sentir um santo martirizado (risos)?

EU IA DIZER PORQUE SOU UM GAY DE 40 E POUCOS ANOS – A MESMA COISA. AS CANÇÕES QUE PARECEM LIDAR COM A VELHICE ME ATRAÍRAM, DANDO SENTIDO ÀS COISAS.
Entendo.

VOCÊ NUNCA TEVE MEDO DE SE REVELAR FALANDO DE TEMAS PROVOCANTES, COMO SEXO E RELIGIÃO, MAS É MAIS ASSUSTADOR FALAR DE SEUS SENTIMENTOS PESSOAIS E ÍNTIMOS?
Acho que “assustador” é o termo errado. Você só tem que estar pronto. Sabe, eu nunca quero parecer uma vítima, ou uma pessoa que sente pena de si mesma. Entretanto, eu realmente quis compartilhar alguns aspectos dolorosos da minha experiência de vida, com os quais acho que o público se relacionará – especialmente nesta era de mídias sociais, nas quais todos podem se esconder atrás da Internet pra dizer coisas odiosas e discriminatórias. Não que as pessoas tenham ficado mais loucas ou odiosas, mas é que, agora, todos têm a coragem de dizer coisas sem medo. Por mais benefícios que tenha, a mídia social também motiva a estupidez e a degradação.
Você conhece (a poeta dos anos 60) Anne Sexton? Eu a venero! Ela viveu em uma época difícil, e não teve apoio de ninguém pra ser poeta e falar o que pensava, ou revelar coisas pessoais. Quando fiz o Na Cama Com Madonna, fui muito criticada por permitir que câmeras me seguissem o tempo todo. Você imagina, nesta época?

AGORA, TODOS TÊM UMA CÂMERA OS SEGUINDO O TEMPO TODO.
Quando o filme foi lançado, eu sempre citava o poema For John, Who Begs Me Not To Enquire Further, da Anne Sexton. Ela foi criticada demais por ser tão pessoal no trabalho, mas o poema é a forma dela dizer: “Olha só, não sei fazer outra coisa”. Ele sempre me conforta, especialmente em um tempo em que todos me diziam que eu estava louca.

JÁ CONVERSEI COM ARTISTAS POP, COMO MILEY OU SKY FERRERA, QUE SE BENEFICIARAM DO ESPAÇO QUE VOCÊ ABRIU EM SUA CARREIRA. PORÉM, SEMPRE ME SURPREENDO PELA QUANTIDADE DE DESAFIOS QUE VOCÊ ENFRENTOU E QUE MUITAS MULHERES NA INDÚSTRIA DA MÚSICA AINDA ENFRENTAM, SEJA A VERGONHA POR FALAREM DE SEXUALIDADE, OU A FALTA DE CRÉDITO QUE ELAS RECEBEM PELO TRABALHO.
Sexismo: não dá pra ser sexy e inteligente ao mesmo tempo, não é permitido. Nada mudou, ou seja, tudo bem se você quiser rebolar, mas o cenário é limitado. Se você tentar incorporar muitos aspectos humanos em seu trabalho, ou se tiver muitas referências, as pessoas se confundem. Vejo muita gente ficando puta com a Miley por ela agir como um homem – mas se ela fosse homem, ninguém diria nada.

A LINGUAGEM DAS PESSOAS É FASCINANTE. POR EXEMPLO, QUANDO FALAM DAS SUAS COLABORAÇÕES NO TEMPO CERTO, SEU TRABALHO É QUASE SEMPRE DESCRITO COMO “VAMPIRESCO” OU “CALCULADO”. MAS, SE VOCÊ FOSSE HOMEM, SERIA TIDO COMO “ESPERTO”.
Oh, sim. Mas, se eu fosse homem… Oh, se eu fosse homem. (Risos)

VENI VIDI VICI – A NOVA FAIXA COM NAS – É TAMBÉM UMA DAS QUE CONTÉM MAIS REFERÊNCIAS PESSOAIS. COMO ELA FOI CRIADA?
Diplo me disse: “Você tem uma carreira tão longa, que corre tantas décadas… Você devia fazer um rap – mas não um rap convencional – e falar de tudo o que você já fez”. E então eu respondi: “Ok, boa ideia! Farei isso”. Daí, eu quis ter um convidado na canção, e sempre fui fã do Nas. Sinto que ele teve uma jornada super interessante. Claro que tivemos criações diferentes – eu sou do Michigan, e ele, do Queens – mas ele é um sobrevivente também. Eu também amo a voz dele.

Ele foi incrível e cheio de graça quando eu fiz o pedido. Ele apareceu sozinho um dia – sem guarda-costas, assistentes, nada – e ouviu a faixa antes de dizer: “Sim, conte comigo. Farei isso”. Agora, somos amigos e eu realmente gosto dele. Ele também apareceu em um momento em que senti que o rap estava no auge, lá atrás quando todos os rappers falavam da vida real e refletiam sobre o que acontecia na sociedade.

É LEGAL OUVIR VOCÊ FALAR DO PASSADO EM NOVA YORK, NO INÍCIO DOS ANOS 80, NA CANÇÃO. EU PENSEI EM VOCÊ E NAQUELA ÉPOCA QUANDO VI UM SHOW DO ARTISTA GREER LANKTON AQUI NA CIDADE, E HAVIA FOTOS DE PESSOAS COMO DAVID WOKNAROWICZ E KEITH HARING, TODOS ESSES FIGURÕES DA CIDADE.
E nenhum deles está mais conosco. (Suspiros) Nem comece…

É INTERESSANTE VER O QUANTO VOCÊ ESTÁ CONTIDA NESTE GRUPO – EM FLYERS DE BOATES, NA BIOGRAFIA DE DAVID WOJNAROWICZ, EM FOTOS COM KEITH. VOCÊ SENTE SAUDADE DAQUELA ÉPOCA?
Sim, especialmente agora. Penso no Keith vindo e dizendo: “Ouvi dizer que você vai fazer um show no Paradise Garage. Quero pintar um figurino pra você. O que vai vestir? Posso pintar algo na sua roupa?”. E eu dizia logo: “Sim, claro!”. Ou então, Basquiat e Warhol vinham ao show e todos saíamos depois e falávamos de arte. Ou íamos à galeria do Basquiat e víamos o trabalho dele. Nem dá pra explicar como era incrível pra todos nós naquela época. Estávamos sempre animados pro trabalho um do outro, e com ciúmes do trabalho um do outro, mas torcíamos muito também. Era o começo de algo incrível – e daí, de repente, todos morreram. Todas essas pessoas incríveis sumiram quase de uma vez.

Hoje, penso em como os artistas aparecem e, bem, não há uma comunidade. Há interações sociais, mas não uma real conexão entre as pessoas. Parece que a cultura Pop está separada do mundo da arte hoje em dia, mas antes eram a mesma coisa.

VOCÊ NÃO ME PARECE ALGUÉM QUE CURTE UMA NOSTALGIA.
Não, mas parece ser o momento certo de lembrar de tudo. Sabe, eu saía com William Burroughs, algo doido. Eu conheci tantas pessoas incríveis, e tantos personagens – desse tipo de arte – já não existem mais. Bem, claro que existem, mas parece não mais fazer parte da cultura jovem. Quando penso em cultura popular hoje em dia, é imediato pensar que vivemos a era da solidão. Há esta ilusão de que todos temos acesso instantâneo uns aos outros, mas, na verdade, vivemos sem conexão alguma. Você está simplesmente…

…SOZINHO NO QUARTO, OLHANDO PRO CELULAR.
Sim! Pense num tempo em que você realmente tinha que sair de casa e entrar em um trem pra ver e interagir com alguém. Você tinha que ir ao estúdio deles e tinha essas experiências viscerais com pessoas que realmente tinham uma interação física, as quais têm muito a ver com a construção da personalidade de uma pessoa. Eu temo que nos distanciemos mais e mais disso. E mais, tenho filhos adolescentes e vejo o mundo aos olhos deles. Logo penso: “Que bosta que eles não tenham vivenciado tudo aquilo”.

O QUE TEM TE INSPIRADO NO CAMPO DA MÚSICA POP?
Sinceramente, a música Pop não é mais tão excitante hoje em dia. Quero dizer, você considera James Blake música Pop? Adoro a música dele, algumas músicas me deixam louca. Ele é um excelente compositor. É o tipo de coisa que me deixa com ciúmes, tipo: “Oh, eu queria ter feito isso!”.

VOCÊ FALOU DE SEUS FILHOS SEREM OS MELHORES REPRESENTANTES, POIS TE MANTÊM ATUALIZADA COM O QUE ACONTECE NO MUNDO.
Oh, sim, eles certamente me apresentaram a muita música boa.

ELES SÃO CRÍTICOS EXIGENTES TAMBÉM?
Sim, eles dizem: “Por favor, mãe, não. Por favor, pare. Oh, lá vai ela de novo…”. E eu respondo: “Calem a boca, é isto que paga as contas!”. (Risos)

DOIS DOS SEUS FILHOS SÃO DO MALAWI, E ACHO QUE É IMPORTANTE RECONHECER O TRABALHO QUE VOCÊ AINDA FAZ LÁ.
Sim. Meu trabalho lá me dá um propósito que eu nunca tive antes – me dá muita alegria, e seria maravilhoso convidar outras pessoas pra participarem. Você testemunha um sofrimento extremo, mas também uma alegria extrema. Sei que é clichê, mas realmente coloca tudo em perspectiva. Você só tem que cair na real e parar de reclamar de tudo.

Adoro levar meus filhos lá, pois não apenas os faz pararem de reclamar de tudo, mas também permite que eles amadureçam e saiam da zona de conforto, pra que façam este trabalho incrível pra ajudar a todos. Ser capaz de sair de si mesmo pra ajudar um outro alguém é a razão de estarmos aqui, é o que todos deveríamos fazer se possível. Não falo muito disso pra não receber elogios. Mesmo quando o ex-presidente de lá tentou me expulsar do país quando tentávamos construir escolas e hospitais, eu nunca desisti, pois faço por amor. É tão importante quanto qualquer coisa que eu já tenha feito.

VOCÊ TAMBÉM DEFENDIA OS GAYS E FALAVA ABERTAMENTE SOBRE AIDS EM UM TEMPO EM QUE POUCAS PESSOAS SE PRESTAVAM A ISSO.
Exatamente!

FICO FELIZ POR VOCÊ TER APOIADO PESSOAS COMO EU.
(Risos) Como você? Como eu.

VOCÊ FICA SURPRESA EM VER O QUANTO TUDO MUDOU RADICALMENTE, PRINCIPALMENTE A RESPEITO DO CASAMENTO GAY?
Bem, tudo em seu tempo. Não estou tão surpresa. Há muitas vozes poderosas e inteligentes na comunidade gay para as coisas não mudarem. Então, estou feliz e aliviada. Me sinto justiçada.

NA PREPARAÇÃO DESTA ENTREVISTA, PASSEI MUITO TEMPO VENDO VÍDEOS DE SUAS APRESENTAÇÕES ANTIGAS NO YOUTUBE…
Oh, Deus, você deve estar de saco cheio de mim.

VOCÊ AINDA SE EMOCIONA AO ESTAR NO PALCO EM FRENTE ÀS PESSOAS?
Sim. Gosto de chegar com essas extravagâncias espetaculares que, com corte, irão enlouquecer todo mundo. Mas também gosto da intimidade de parar tudo e ir à ponta do palco pra me conectar com o público. Na verdade, gosto muito da ideia de fazer uma turnê diferente – nem pense nada, pois ainda não irá acontecer –, na qual eu cantaria minhas músicas e tocaria violão, apenas com mais um músico comigo. Apenas eu, um violão e uma boa garrafa de vinho. Eu poderia conversar entre as músicas e contar histórias, ou fazer algo no estilo stand-up comedy, no qual sou ótima. Adoro quando vejo um comediante interagindo bem com o público. Eu poderia fazer isso um dia. Não acho que você saiba como eu sou engraçada. Quero dizer, talvez não agora, mas em geral. Conto minhas melhores piadas durante as passagens de som.

SEMPRE ACHEI MEIO FRUSTRANTE O FATO DE SHOWS EM GRANDES ESTÁDIOS NÃO PERMITIREM MUITA ESPONTANEIDADE.
Na verdade, eu sempre tento ter um momento no show no qual eu possa parar um pouco e conversar com as pessoas. Além disso, gosto de zoar todo mundo às vezes. (Risos) Posso ser responsável tanto por casamentos gays quanto por divórcios heterossexuais, pois já houve momentos em que vejo casais no público, com um marido de braços cruzados, meio entediado, e a esposa está dançando com tudo e se divertindo. Eu paro o show, aponto pra eles e digo: “Quem é aquele cara sentado?”, ao que ela responde: “Oh, é meu marido”. Eu digo: “Peça o divórcio – agora!”. E ela pede mesmo! Brincadeira. Espero que não, de verdade.

VOCÊ IMAGINA UM DIA EM QUE NÃO QUEIRA MAIS SAIR EM TURNÊ OU GRAVAR DISCOS?
Esta talvez seja uma pergunta idiota. (Risos) Você irá beber por essa. Sabe de uma coisa, vou beber também. (Madonna enche os copos) Saúde! Um brinde a uma pergunta idiota!

UM BRINDE A NUNCA SE APOSENTAR!
Um brinde a nunca se aposentar!

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