Madonna conversou com o jornal americano USA Today sobre o disco novo, os filhos, arte e Instagram.
USA TODAY: VOCÊ LEVOU UM BAITA TOMBO OUTRO DIA. COMO SE SENTE?
Madonna: Estou bem, com um galo na cabeça. Bati com ela no chão e machuquei um pouco o pescoço, mas não machuquei mais nada no corpo, o que foi estranho. Fiquei sem hematomas ou arranhões.
VOCÊ ANDA BEM OCUPADA, CERTAMENTE. VOCÊ TRABALHOU COM UM GRUPO ECLÉTICO DE COLABORADORES PARA O ÁLBUM REBEL HEART.
Muitas pessoas que eu não conhecia pessoalmente, apenas o trabalho deles. Geralmente, com um álbum, eu escolho um produtor e leva umas semanas pra gente se conhecer. Daí, a química começa a rolar. Desta vez, eu meio que fui jogada em vários grupos de compositores. Com alguns, senti uma conexão direta… Me senti tão rejuvenescida no simples ato de compor. Me senti de volta a Nova York, Queens, onde eu peguei um violão e compus minha primeira canção. As ideias simplesmente fluíam de mim.
MUITOS TÊM COMENTADO SOBRE O TEOR SEXUAL DE ALGUMAS CANÇÕES, MAS ELAS TAMBÉM SÃO CRUAMENTE EMOCIONAIS. FOMOS LEMBRADOS DE QUE AMOR E SEXO PODEM TRABALHAR JUNTOS.
Ou um contra o outro. Acho que o amor reside em todas as canções, mesmo quando elas são mais sexuais. Canções como Holy Water e S.E.X. possuem humor, em camadas. Lidamos com diferentes ideias em exploração – espiritualidade, sexualidade, diferentes aspectos de amor, seja romântico ou o amor pelos filhos. E este amor pode ser devastador e destrutivo, mas também pode rejuvenescer e dar vida. Acho que tentei capturar isso tudo.
VOCÊ ESTÁ SATISFEITA COM O RESULTADO?
Sou perfeccionista. Eu diria que seria bom ter mais um mês para avaliar alguns detalhes, dar uns retoques e ligar os pontos. Mas todos já conhecem a história chata do hacker e de por quê eu tive que lançar meu álbum muito antes do planejado. Mas aceitei de boa e tenho orgulho dele. Talvez o Universo estivesse me dizendo que ele estava pronto, pra ser lançado.
QUANDO AS GRAVAÇÕES CAÍRAM NA INTERNET, EU PENSEI EM COMO NOSSA FORMA DE USAR AS MÍDIAS MUDOU DESDE QUE VOCÊ FICOU FAMOSA. VOCÊ SE SENTE MAIS OBSERVADA AINDA HOJE?
Sempre fui muito observada, mas eu não costumava prestar atenção ao que todos diziam. Hoje, leio os comentários das pessoas no Instagram. Nunca tive esse tipo de acesso – e as pessoas não tinham este tipo de acesso a mim. É interessante, ler discussões em minha conta, sendo que dela nem mais faço parte. Leio se as pessoas discutem sobre o Islamismo contra Israel, ou o tiroteio em Paris, ou homofobia ou sexismo. A única coisa que não entendo é quando as pessoas que comentam claramente não são fãs meus. Penso logo: “Por que está aqui? Por que perde seu tempo?”. É fascinante!
SUA FILHA MAIS VELHA, LOURDES, ESTUDA “ARTES PERFORMÁTICAS” NA FACULDADE (NA ESCOLA DE MÚSICA, TEATRO E DANÇA DA UNIVERSIDADE DE MICHIGAN). VOCÊ CONVERSA COM ELA SOBRE SER UMA ARTISTA?
Conversamos sobre isso o tempo todo – sobre ser artista, criativa, e onde focar a energia. Ela está de férias em casa agora. E ela é muito talentosa, em diversas áreas. Ela não sabe se quer ser atriz ou produzir música, apesar de ser uma cantora e dançarina incrível.
SEUS OUTROS FILHOS PENSAM EM INVESTIR NA MÚSICA?
Com certeza! Meu filho Rocco é um dançarino fantástico. Ele também produz música. David toca violão, canta e dança; e minha filha Mercy toca o piano lindamente. Sendo assim, todos são musicais, de uma forma ou de outra. Alguns são mais desinibidos, mas é uma casa muito musical.
APARENTEMENTE, VOCÊ TEM UMA COLEÇÃO DE ARTE FABULOSA TAMBÉM.
Acho que as artes se alimentam. Meus filhos sabem quem é Picasso, e também sabem quem Andy Warhol e Keith Haring são. Acho isso importante.
DURANTE MUITOS ANOS, AS PESSOAS ANALISARAM A SUA INFLUÊNCIA NAS CANTORAS, MAS VOCÊ TEVE UM IMPACTO MAIS GERAL NA MÚSICA, INCORPORANDO TEXTURAS DA DANCE MUSIC NA MÚSICA POP, POR EXEMPLO.
Claro, trazendo a dance music para a arena da cultura Pop, levando diferentes tipos de dança pro público. Além disso, sendo extrovertida, atrevida e provocante. Acho que você pode dizer que alguém como Kanye age assim também; e sendo homem, não mulher. E eu diria que Na Cama Com Madonna foi o primeiro reality show.
VOCÊ TAMBÉM É CAMPEÃ DE DIREITOS DOS GAYS. HOUVE PROGRESSO NESSA ÁREA RECENTEMENTE?
Acho que houve muito progresso, definitivamente. Ainda há muita discriminação contra a comunidade gay? Sim. Contra a comunidade afro-americana? Sim. Houve muito avanço, mas ainda pensamos pequeno e julgamos. É uma contradição.
ENTÃO, AGORA QUE O ÁLBUM FOI LANÇADO, VOCÊ DEVE ESTAR FOCANDO NA TURNÊ. O QUE PODEMOS ESPERAR, ALÉM DE MUITA ENERGIA E UM GRANDE ESPETÁCULO?
Definitivamente, quero que seja espetacular. Mas também quero mais intimidade no meu show. Então, é isso que você pode esperar.