“Vivo a vida de maneira masoquista. Ouvindo meu pai dizer: ‘Não disse? Não disse? Por que você não é como as outras garotas?’. E eu disse: ‘Oh, não, não sou assim. E acho que jamais serei’”.
Essas palavras vêm da letra da faixa-título do novo álbum de Madonna, Rebel Heart. Não importa o que ela faça, com quem ela case, transe, e não importa quantos filhos ela tenha ou qual seja a idade, ela jamais será como “as outras garotas”. E mais, aparentemente, Madonna nunca se reconciliará totalmente com o pai. (Uma das músicas mais poderosas dela, juntamente com o clipe, é Oh Father, de 1989).
Madonna se recusa a aceitar qualquer convenção relacionada à arte dela ou o que espera-se de uma mulher com mais de 40 anos. (O recente acidente no palco em Londres, com uma capa apertada demais que a fez cair, atiçou ainda mais quem a critica por causa da idade. Mas desde quando ter 56 anos é “estar velha”?). Desculpe, mas Madonna é única, a idade ainda não é empecilho para ela e ela jamais aceitou e aceitará convenções estúpidas. Ela não é como as outras garotas. E ela já provou isso milhões de vezes.
O novo álbum é uma tremenda fonte de controvérsia. Metade dele foi roubada e vazada na internet, o que forçou Madonna a lançar seis canções oficialmente, antes da hora. A versão Deluxe contém 25 faixas. O jornal mais popular da Inglaterra, The Sun, disse que Rebel Heart é o melhor álbum da longa carreira de Madonna, e comentou 10 das canções não-lançadas.
Ela também aparece na capa da revista Rolling Stone, na qual fala de muitas coisas: a insônia crônica (apesar dela não se relacionar com pessoas “que dormem 12 horas por dia”), os quatro filhos, a maternidade (“mandona – mas que pai ou mãe não é?”), outra carreira que teria seguido (professora em Detroit), o sexismo inerente quando uma mulher se expõe, a reprovação de Guy Ritchie em relação à imagem dela (quem ele pensa que casou?), Kanye West (“Ele é um lindo bagunceiro. Adoro ele”), a luta para entender os comentários “degradantes” sobre a idade dela, a mortalidade (“De algumas formas, eu jamais morrerei, pois a arte é imortal”), Lady Gaga (Não há briga: “Olha só. Um dia, todos terão que se calar sobre isso. Você vai ver! Já tenho um plano.”)…E, finalmente, o escritor Brian Hiatt pergunta se ela ainda pretende se apaixonar outra vez. “Com certeza. Sim. Nunca duvido do amor. Fala sério, ouça as minhas músicas!”.
Bem, pelo comportamento exagerado – pelo qual ela não se desculpa –,Madonna sempre foi a maior romântica. É por isso que as baladas tristes e melancólicas dela serão mais lembradas no futuro do que as faixas dance.
A Rolling Stone deu 3,5 estrelas para Rebel Heart: “É uma meditação longa, apaixonada e de auto-referência sobre perder o amor e encontrar razão em momentos assustadores… Madonna tem mesmo um coração rebelde e você não pode culpa-la por nos lembrar que a música Pop é a melhor cura para isso”.