Jean-Paul Gaultier: ‘Ninguém é como Madonna. Nem Lady Gaga”

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A imagem do estilista de ar blasé, de nariz empinado, fazendo cara de nojo para tudo definitivamente não se aplica a Jean-Paul Gaultier. Simpático, sorridente, animado, ele cumprimentou todos os jornalistas na mesa-redonda de que o iG participou, na tarde do sábado (8) e se despediu com um “então, até mais tarde!”. Ele está no Rio pela enésima vez para apresentar no Festival do Rio o documentário “Jean-Paul Gaultier – Quebrandoas Regras”, dirigido por uma de suas descobertas, a ex-modelo Farida Khelfa.

O filme, basicamente uma grande entrevista, às vezes conduzida por personalidades como Carla Bruni e Dita Von Teese, terá sessão com presença do estilista e da diretora neste domingo (9)às 20h, no Estação Sesc Botafogo 1 – há outra exibição, às 14h45.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Gaultier:

Como foi se ver na tela

“Foi horrível. Sou atraído por pessoas com feições fortes, com sobrancelhas grossas, e eu não tenho sobrancelhas. Eu não tenho cor na pele, não gosto da cor do meu cabelo, não tem nada de especial. Na realidade, gosto do contrário de mim mesmo. Mas isso me deu inspiração para achar algo diferente para mim. Não digo que me ame fisicamente, mas não sou tão mau mentalmente.”

Auto-definição

“Eu me definiria como um monstro! (risos) Não gosto de mim fisicamente. Sempre tento fazer com que as pessoas fiquem mais bonitas porque não me acho bonito. É verdade! Mas não quero fazer vocês chorarem (risos). Diria que sou honesto. Porque, quando era criança, estava sempre mentindo, talvez porque não gostasse da vida que eu vivia. Tentava fazê-la parecer mais interessante. Mas, desde que comecei a trabalhar com o que amo, não posso mais mentir.”

Infância

“Eu era rejeitado porque não era bom em futebol. Meus primos diziam que eu não era um menino de verdade. Me sentia humilhado. Mas um acidente aconteceu que foi muito bom para mim. Eu desenhei uma personagem do Folies Bergeres, tinha 9 anos. Uma professora quis me humilhar, pregou o desenho nas minhas costas e me fez desfilar na escola toda. Só que todo o mundo gostou e começou a me encomendar desenhos. Aí descobri que não era bom ou mau. E isso me deu energia para desenhar.”

Legado

“Gostaria de ser lembrado por ter uma mente aberta para diferentes tipos de beleza. Não gosto de apenas um tipo de beleza, inclusive para homens.”

Moda depois de 35 anos

“Sempre é uma nova aventura. Mas não gosto da rotina. Só que sempre há novas ideias, novos projetos. É como um novo amor, você fica excitado, claro.”

Visão de moda

“Conheci a moda pelo cinema. Gosto de fazer desfiles teatrais, mesmo que as modelos andem normalmente. E quero ver as roupas em alguém real. Quando vi Farida pela primeira vez, achei que ela era incrível. Gosto de modelos com atitude.”

Gisele Bündchen

“Adoro, ela é uma modelo clássica linda. Ela sempre me pareceu interessante, é forte. E as brasileiras têm um jeito diferente de andar na passarela, têm atitude. Quando a conheci, vi que ela é simpática, alegre, normal. Também adoro a Rachel Zimmermann.”

Madonna

“Foi uma experiência fabulosa trabalhar com Madonna, uma das melhores da minha carreira. Temos a mesma visão. Ela é única. Ela é feminina, mas ao mesmo tempo o maior macho que eu conheço. É uma mulher fantástica.”

Lady Gaga é a nova Madonna?

“Ninguém pode ser como Madonna. Ela está fazendo coisas que a Madonna já fez. E a Madonna é muito bonita. Ela pode ficar loira, ruiva, de cabelos pretos. Lady Gaga, não.”

Conselhos para a mulher brasileira

“A mulher brasileira já me parece se vestir com conforto. Isso é muito importante. Não se negue. Não mascare sua personalidade. Não morra pela moda!”

Planos no Rio

“Vou para uma escola de samba, também vou para alguma festa. Gostaria de ver um show de drag queens. E, claro, vou ver a parada gay! Também queria ver algum filme brasileiro.”

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