Mulheres e homens

Nesse mar de mensagens na internet há uma quantidade significativa de louvações às mulheres e às mães. As mulheres e mães de hoje, não tenho dúvida em afirmar, são, quase sempre, especiais, apaixonadas e apaixonantes, trabalhadoras e destemidas na defesa daqueles a quem ama e do destino que traçam para si. Conheço, no meu exclusivo pensar, três tipos de mulheres. No primeiro grupo, estão as nascidas antes da Segunda Guerra e que se resignaram, via de regra, em ser donas de casa, mães de muitos filhos e esposas complacentes. O segundo grupo é formado por mulheres nascidas pelo meio do século XX e se caracteriza pela luta renhida por reconhecimento profissional, igualdade de direitos, recusa na aceitação tácita do homem como chefe de família e poucos filhos. O terceiro grupo eclode maturado na mudança do século e é o das mulheres que têm a liberdade como referência, o trabalho como destino e a família como opção.

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 Madonna, entre o segundo e terceiro tipo.

E entre estes três grupos navega sem bússola o homem de qualquer idade. Despreparado e desconcertado com o que sente e vê. Desarticulado por ter sido destronado, sem prévio aviso, do reinado que despoticamente exercia e tonto por não saber ainda a nova semântica que resulte em interação e integração com as mulheres com quem convive, compete, o excitam e, paradoxalmente, o amedrontam. E esse homem atordoado não é um adulto completo, trescala a cheiro da família ancestral, acredita ainda em conquista unilateral e não se vê como objeto de desejo ou desprezo, tendo de respeitar uma parceira que decide tempo e circunstância. E mais atônito ainda fica quando não se vê querido, aceito ou perdoado com os defeitos de comportamento que lhe foram repassados, assimilados e teimam em não desaparecer de sua vida, comprometendo relacionamentos, seja com companheiras, filhas ou co-partícipes de trabalho. Este alvorecer ainda está coberto de bruma, o porvir se esconde no horizonte, mas há sinais do sol a resplandecer com fulgor envolvendo a todos em uma auréola de afinidade, complementaridade, respeito e amor.

(Crônica de João Soares Neto)

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