Liz Smith relembra seu maior furo jornalístico sobre Madonna

Madonna - Liz Smith“Eu sou meu próprio experimento. Eu sou minha própria arte”. Disse Madonna, antes mesmo de Lady Gaga ter usado essas mesmas palavras. Tenho lembrado a vocês (e a mim mesma) de alguns furos jornalísticos através das décadas – o divórcio de Donald e Ivana Trump… O casamento de Elizabeth Taylor e Larry Fortensky. Inevitavelmente nós chegamos também a Madonna. Além da Miss Taylor, Madonna tem, certamente, tomado mais espaço na minha coluna. Eu não dei muita importância para ela de cara, mas, eventualmente, eu me encantava com as atitudes dela, seus vários tributos as grandes estrelas do passado, seus vídeos brilhantes e até sua própria música. Ela foi um gênio do Marketing. Falou abertamente sobre assuntos como homofobia, violência contra a mulher e a sua verdadeira natureza – “Express Yourself” foi o seu hino.

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Madonna na premiere do filme NA CAMA COM MADONNA - Truth Or Dare - 1991

Eu a vi pela primeira vez na première do seu filme “Na cama com Madonna”. Ela estava muito atenta quanto ao apoio que eu dei a ela. Ela estava morena, com o cabelo pintado, e usando algo realmente revelador. Então eu percebi que ela era uma garota tentando ser uma grande mulher, com toda aquela roupa. Eu estava lá sendo entrevistada pelo Primetime Live. Os produtores se perguntaram se Madonna daria algum tempo para falar um pouco sobre mim.

Como aquela era sua première, eu duvidei de tal feito. Estava errada. “Eu amo a Liz Smith porque ela tem bolas grandes, como eu” – Disse Madonna, rindo. Embora isso não tenha ido ao ar, é claro. (Eu tenho seu elogio bordado em um travesseiro, que me foi entregue por Diane Sawyer e Mike Nichols). Poucos anos mais tarde, eu a entrevistei pra valer. Como nós estávamos preparadas, ela me olhou direto nos olhos e disse: “Você não está com medo de mim. Eu gosto disso”.

Com o passar dos anos, eu a encontrei mais quente, mais legal, muito mais vulnerável do que ela era, publicamente. Ela tinha (e ainda tem) uma maravilhosa assessora de imprensa, Liz Rosenberg, que também é minha amiga. Minha coluna tinha o melhor acesso a ela, os primeiros detalhes sobre seus últimos vídeos e álbuns. Eu estava com ela, especialmente quando o prazer da imprensa era tirado de suas falhas e erros. Ela supostamente era para estar sempre “acabada”, mas, de alguma forma, isso nunca aconteceu.

Eu defendi a idéia de Madonna estrelar a versão cinematográfica de Evita. Assunto que, até então, ninguém havia comentado antes. Quando ela finalmente conseguiu o papel, senti que estava fazendo parte de um triunfo. Depois de duas semanas de filmagens de Evita na Argentina, recebi uma ligação no meio da noite na sexta – feira era Liz Rosenberg. “Liz”, então ela disse “Tenho algumas novidades”, um clima de suspense ficou no ar. “Madonna está gravida”. “O quê?” – gritei. “Quantos meses?” “Dois meses”. Eu fiquei em estado de choque. O mundo estava esperando por uma Madonna grávida há anos. E agora tudo isso estava acontecendo. (O pai era o personal trainer e ator Carlos Leon, que estava desesperadamente apaixonado por ela, um dos homens mais legais que ela já amou). Mas as filmagens já tinham começado como ela poderia esconder a gravidez? E toda a tensão… De repente Madonna me liga e diz “Liz, estou grávida, eu vou ter meu bebê, escreve sobre isso”.

Eu escrevi. E só tinha um probleminha. Eu tinha segurado a notícia por quase 78 horas. Mesmo em 1996, isso já era quase impossível. Eu tinha que esperar até o ultimo momento para enviar minha coluna até segunda – feira de manhã. O sindicato estava ficando louco. Eu tive que agilizar toda a papelada, estava certa de que ia perder o meu maior furo jornalístico. Mas não perdi. E como as notícias de Donald, Ivana e o casamento de Elizabeth, equipes de jornalistas esperavam por mim na frente do meu prédio e o telefone tocou sem parar e isso foi absurdamente assustador.

Dessa forma, Madonna me pagava todo o apoio que eu havia dado a ela, me dando o que eu mais precisava: uma grande e deliciosa exclusividade. E ela estava de outras maneiras, grata. Pela primeira vez, no auge da sua “impopularidade” – o lançamento de seu filme “Corpo em Evidência” e seu livro “Sex” – ela me ligou. “Oi, é Madonna. Eu quero te agradecer por tudo que você tem escrito. Eu sei que isso tudo é muito difícil pra você.”

Fiquei encantada. Foi quase – mas não completamente – tão bom quanto um furo de reportagem.

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