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Afinal, o mundo precisa ou não de um “Superman” ?

Porque o mundo precisaria do Superman? Neste fim de semana, aproveitei o domingo para curtir dois grandes filmes: “Poseidon” e “Superman”. Não sou do tipo que se empolga com filmes de super-heróis e afins. Raramente isso me desperta interesse. Adoro filmes de ação, e tenho uma verdadeira tara por filmes de avião e navios. Semana passada me deliciei com “Vôo 93” – filme que retrata os atentados de 11 de setembro, e neste fim de semana, “Poseidon”. Interessante é notar que eu tenho medo de altura e mar aberto. Estaria aí o meu fascínio nestes filmes? A superação do medo? Escreverei sobre isso depois. Os filmes são velhos, I know !

Mas quero falar sobre Superman – o Retorno. Como todos sabem, por mais que ele seja um super-herói que defende todo o planeta, a figura do “Homem de Aço” sempre será ligada ao ego americano. É nos Estados Unidos que ele foi criado e onde mora até hoje. Sua própria história, um imigrante que chegou a uma terra desconhecida e conseguiu vencer, reflete o sonho americano. Vale lembrar ainda que o Superman foi criado numa das piores épocas da história norte-americana, o período após a grande depressão de 1929. Uma de suas missões era dar esperança ao povo e incentivá-lo a fazer o que era certo. O filme não tem nada de imprevisível. Aliás, na história do Superman (vivido neste filme por Brandon Routh), nada é imprevisível. Sabemos que seu poder é limitado quando está defronte a kriptonita. Sabemos que sem o sol não há Superman e que ele arrasta boings por Lois Laine. Aliás, porque ele não terminou com Lois neste último filme? Certamente Superman veio para continuar. Ele descobriu que tem um herdeiro, e que não é tão alienígena como ele. E o filme termina com ganchos para um “Retorno II”.

Mas voltamos para o mundo real e pense comigo. Porque o mundo precisaria de um Superman? Bem, se existisse um, certamente o avião da GOL não teria caído e vitimado dezenas de pessoas em plena selva amazônica. Também Bin Laden e seus terroristas não teriam aterrorizado o mundo inteiro em seus ataques ao World Trade Center. E o grande tsunami que varreu a costa da Indonésia e deixou mais de 220 mil mortos? Bem, se o Superman existisse, muitas das catástrofes ocorridas devido ao nosso amigo “El Nino”, que devido a corrente de águas quentes do Pacífico que atinge periodicamente as costas das América do Sul, deixa rastros de anomalias climáticas no mundo todo, seriam evitadas. Ah Superman !!! Ele iria inclusive evitar que eu estivesse em meio a um rápido seqüestro relâmpago em 1998 ( que fique entre nós, foi tão emocionante ). Com sua super audição e sua visão de Raio-X, Superman teria um relatório completo para entregar a polícia federal sobre as peripécias petistas e Lula não teria sido reeleito (aff, esqueci que brasileiro só assiste novela, mero detalhe). Mas ele é americano, e talvez ele seria Bush na cabeça e no coração.

Pois bem, Superman ficou sumido por cinco anos para ver, com seus próprios reluzentes olhos azuis, as ruínas de sua terra natal, Krypton. Neste meio tempo, ele não esteve voando entre nós e evitado, assim, o ataque às torres gêmeas. Ele abandonou Lois, e certamente, deixando-a grávida. Ele volta para uma Metrópolis mudada. Pior: para um mundo mudado, ainda mais violento e desnorteado do que o que ele deixara. Metrópolis, como se sabe, é Nova York, e Super-Homem – O Retorno incorpora obrigatoriamente o sentimento de caos que se seguiu ao 11 de Setembro. Como o mundo do nazismo, esse para o qual Clark retorna é um mundo do qual a idéia de um deus parece ter se ausentado. Personificando o titubeante Clark Kent, o herói retoma seu emprego de jornalista no Planeta Diário para pelo menos reencontrar Lane (Kate Bosworth). Mas ela não só arrumou um filho (de suspeitíssimos 5 anos de idade) e um noivo, como vai receber o Prêmio Pulitzer, por um artigo intitulado “Por que o mundo não precisa do Super-Homem”. Não há fúria no inferno que se compare à de uma mulher desprezada, e Lois não tem nenhuma palavra boa para dizer sobre o sujeito que, apesar de parecer tão especial, sumiu de sua vida como um canalha qualquer.

Mas enfim, no fim das contas, como previsível, Superman se mete em apuros com seu inimigo Lutor, quase morre, o mundo se abate, seu romance com Lois continua no chove-não molha, e então, fim. Superman voa para a imensidão do céu azul, melhor, vai passear no espaço. E detalhe: no espaço, sua capa chocalha mais do destaques de escolas de samba.