Under the wind without my umbrella

Quase bêbado ás seis. Algo nesta quinta me avisava que nada do que eu planejava, ou imaginava, daria certo. Eu acredito que tenho um anjo que me sopra as coisas….ás vezes eu teimo, aliás, isso sempre acontece, minha ansiedade crônica só aceita a realidade em cima da decepção. A decepção é forjada, a desculpa é forjada, anyway, tenho o meu ponto de vista sobre a realidade desta quinta e que acredito ser real. Mas logo após aceitar o fato de que o plano A não ocorreria, era a minha chance de não perder tudo. Eu precisava respirar, pensar, ou não pensar. Aliás, eu não queria pensar em nada, apenas esquecer quem eu sou, o que eu sou, o que eu faço, o que eu não faço. Esquecer qualquer coisa ou não pensar em qualquer coisa. 

A vida nunca cidade o qual você ainda está se habituando não é, não diria difícil, mas solitária. Eu tenho um coração solitário por natureza, muitas vezes carente devido algumas circunstâncias. Sou teimoso, ambicioso, forte e fraco ao mesmo tempo, sensibilidade, apaixonado por tudo de criativo. A criatividade me encante, a criação me encante, minha mente então, me encanta. Logo após sair do serviço ás 18:30, desistir de ir numa limpeza de pele que havia marcado e então pensei em andar na orla de camburi…não sei quantos quilômetros, mas eu queria. Peguei um ônibus que não lembro qual e que me deixou próximo ao chamado “triângulo”. Então eu rumei pra orla, ouvindo minhas músicas favoritas no meu player. Eu precisava me sentir o mais livre, mesmo que por algumas horas, de qualquer síndrome de qualquer coisa não alcançada, ou qualquer nome que isso possa ter. “Uma cerveja garçon, no débito”. Não tenho o costume de andar com dinheiro, e na verdade ali estava com pouco. Fui andando e bebendo uma cerveja e então comecei a minha jornada de duas horas e 15 minutos rumo a lugar nenhum.  

O vento que jorrava sobre mim era espetacular. Andava e cantava na minha cabeça a música “Who Knew”, da Pink, sem parar. “You took my hand You showed me how You promised me you’d be around Uh huh That’s right I took your words And I believed In everything You said to me Yeah huh That’s right”. Geralmente trechos de várias músicas iam colando, falando de minha vida, me contando, me lembrando de fatos do passado, do presente e de coisas que ainda está por vir. E assim eu caminhava. Já na segunda bebida eu imaginava mais. Eu não via ninguém em minha frente, era como se eu estivesse no clipe de “ray of light”, da Madonna, enxergando apenas raios de carros pelo lado esquerdo, vultos de pessoas caminhando. Ás vezes eu dizia para alguém que passava ao meu lado assim, mas em pensamento : “corre sua gorda, você precisa mesmo, eu não, eu estou andando porque gosto da sensação de solidão, e você corre para perder peso”. Juro que eu disse coisas assim diversas vezes.

cena 

Cena que melhor ilustra : “Ray Of Light” 

Já a uma certa altura da caminhada, sai do calçadão e fui andar na areia. Arregacei minha calça, tirei meu sapato e me imaginei naquelas cenas de filmes. Foi então que eu uma garota, que andava mais na frente, parou, e eu percebi que ela estava meio que chorando, e que também estava andando para esquecer alguma coisa. Eu queria me aproximar dela. Ela sentou na areia e ficou vendo o mar escuro. Eu já estava com coragem. Perguntei se ela estava precisando de alguma coisa, se sentia bem e tal. Ela não disse nada, mas eu percebi que ela estava arrasada. Eu só disse: “tente ficar bem, thau”. Não quis convidá-la a andar comigo, sei lá..talvez ela precisasse ficar sozinha.

Cena 

Cena que melhor ilustra :”The Power Of Goodbye” 

Passando algumas músicas, chegou em “I´m Like A Bird”, versão ao vivo do Concert For Diana, de 2007. Eu comecei a cantar a música na praia..lógico que não tinha ninguém perto, mas também não me importava, ninguém me conhecia, não sou uma Britney Spears, e portanto não seria o comentário do mundo no dia seguinte após algum ato insano. E eu viajei na letra. “….E ainda que meu amor seja raro. Ainda que meu amor seja verdadeiro, sou como um pássaro. Eu simplesmente voarei embora. Não sei onde está minha alma. Não sei onde está meu lar…” Minha cabeça é uma mistura de videoclipes e minha vida uma trilha sonora completa. Já era 20:00 horas quando olhei para trás e vi que eu já estava na reta final. O ônibus virava ali e saia da orla, bem no final, quase. Ali então eu parei e vim pra casa a tempo de ver “Paraíso Tropical”. (Poxa Marcos, tão emotivo e termina a descrição das 2 horas de caminhada, de vento, de imaginação fértil e tudo mais falando em novela). “Pra você ver”.

 Ah, só queria dizer que estou contrariado pois quando eu levo my umbrella, não chove, quando eu esqueço em casa, o céu desaba. Under my umbrella, ela ela ê ê ê…

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