Hoje acordei e pensei em escrever sobre embalagens. Acho que existe aí um problema que é muito sério e pouco comentado, divulgado ou debatido. Um problema que certamente já chegou até você, numa tarde qualquer de sábado, por exemplo, enquanto comia singelamente um recheado hamburguer. Como se não bastasse toda a silenciosa culpa calórica que acompanha o ato, um perrengue ainda maior insiste em se fazer presente toda vez que me entrego à indulgência: Quem foi o gênio que pensou, aprovou e industrializou os diabólicos saquinhos plásticos de catchup, mostarda e maionese? Quem consegue, com as mãos já agasalhando o sanduíche, abrir um desses troços sem se irritar? Você já viu a cena: o sujeito segura o sanduíche com uma das mãos e, com a outra, alcança do odioso saquinho. Aí, com a boca (ato altamente reprovado por qualquer dentista) tenta fazer um rasgo na embalagem. Todo torto, nosso herói, depois de alguns minutos, finalmente fura o plástico e cospe longe o pequeno pedaço que ficou em sua boca – nem vamos falar da falta de sofisticação à qual somos obrigados a nos submeter.
Mas o drama não acabou. Porque, na sequência, é hora de jogar a mostarda sobre o sanduíche. Só que a mostarda raramente segue a direção pretendida e pode, por exemplo, sair para cima, para os lados, para o seu colo ou, na melhor das hipóteses, rumo ao seu dedão. Trata-se de uma tarefa para budistas aposentados. Quem nunca deixou de colocar mostarda no cachorro-quente apenas porque o saquinho, concebido para nunca abrir, de fato cumpriu sua missão terrena?
Quem nunca perdeu as estribeiras diante de um pote fechado de azeitonas que teima em continuar fechado mesmo depois que você e suas mãos se esgotaram em esforços para arrancá-lo? Quem nunca soltou um estrondoso palavrão ao tirar, com todo o cuidado do mundo, aquele micro papel alumínio que lacra a embalagem dos sucos e ver parte do conteúdo espirrar na mesa, na sua camiseta nova, no jornal? E nem me façam começar a escrever sobre a mãe de todas as embalagens burras: a do copinho d’água. Por que os geniais pensadores de embalagens não dão a devida atenção ao problema? Por que esses troços não evoluem?
Tudo isso ia passando pela minha cabeça até que…ah, deixa pra lá….estou cansado.