O telhado, a cachoeira e o inabitável

Uma menina linda e doce, digamos, encantadora, foi pêga em flagra atendendo uma chamada de seu celular em pleno horário de trabalho. Pobre menina branca, ela ficou sentida o dia inteiro. De longe, notava-se que sua vontade era simplesmente abandonar o seu crachá ali mesmo e correr para os braços de seu namorado. De perto, sentia-se sua frustração. Ela tem sonhos e quer casar, ter filhos, estudar e conquistar um bom salário após a formatura.

Hoje ela esteve de folga, e hoje é quarta-feira. Ás quartas, a doce menina costuma ir a cachoeira. A cachoeira faz parte de um de seus refúgios. Lá ela medita, pensa na vida, ou esquece de pensar na vida. Seu lado ainda mais doce aflora cercada pela água gelada do inverno. Já perguntei a bela donna porque o gosto pela cachoeira da cidade – é longe demais, eu pelo menos acho. Mas enfim, se eu gosto de subir no telhado e ficar olhando o céu para poder pensar em coisas que eu gostaria que fossem reais, porque ela não poderia ter a cachoeira como refúgio ?

Refúgios são lugares onde apenas nosso coração consegue habitar, seja em uma cachoeira, ou no cume da minha casa, ou nos devaneios do meu sono profundo, uma corrida de taxi jamais te levará até lá.

Deixe um comentário