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Rebel Heart reforça a relevância de Madonna

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Apesar dos críticos que insistem pra ela desistir de tudo, Madonna está determinada a dominar a cultura social mais uma vez. Ela está nas manchetes e, pela primeira vez em dois anos, o tema da conversa é a música.

Nas últimas semanas, várias demos das novas canções caíram na rede, forçando Madonna a pensar logo na próxima jogada. Numa decisão aparentemente desesperada, ela concluiu seis faixas e as disponibilizou para download no dia 20 de dezembro de 2014, além de anunciar que o 13º álbum de estúdio, Rebel Heart, agendado para lançamento apenas em 10 de março de 2015, viria com mais 13 faixas.

Cada lançamento de Madonna é tido como algo de alto padrão por críticos profissionais e fãs mais ardorosos. Por bem ou mal, a Rainha do Pop tem um legado impressionante a manter, e não é suficiente pra ela lançar um bom álbum Pop. Ela deve lançar o melhor álbum toda vez, ou seja, cada lançamento deve ditar moda e ser icônico. É por isso que os críticos e fãs não gostaram de Hard Candy (2008) e MDNA (2012). Para outros artistas como Britney Spears ou Katy Perry, estes seriam álbuns sólidos, mas, para Madonna, foram tentativas chatas de apelar ao grande público. Obviamente, não é justo, e tantas expectativas tão altas ignoram o fato de que até mesmo o trabalho mais fraco de Madonna é significantemente mais interessante do que o pop contemporâneo. Porém, é melhor isso do que aceitar tudo que ela faz simplesmente por levar o nome dela.

Ao contrário dos Little Monsters, dos Swifties e dos Arianators, os fãs de Madonna não têm medo de dizer quando ela precisa se esforçar mais, e não a defendem apenas por gostarem dela. Quando ela lançou Give Me All Your Luvin’ como primeiro single do álbum MDNA, por exemplo, os fãs a desdenharam, e a grande maioria não conteve a decepção. “Como uma artista premiê da música Pop produz um single banal e estúpido?”, pensaram eles. Tal preguiça não seria tolerada.
Se o vazamento de Rebel Heart terá impacto nas vendas da primeira semana ou não, os fãs de Madonna podem descansar, sabendo que será o melhor álbum dela desde Confessions On A Dancefloor (2005), se não melhor. Há um sentimento de alívio e respeito por ela desta vez.

A primeira faixa, Living For Love, é a mais alegre desde Express Yourself, e nos mostra por quê Madonna ainda é importante hoje. A produção, inspirada na batida House dos anos 90, é audível instantaneamente, e a letra inspiradora se encaixa na obsessão do Pop contemporâneo com otimismo e autoajuda. Como as faixas Shake It Off, da Taylor Swift; Break Free, da Ariana Grande; e Roar, da Katy Perry, Living For Love é um hino de sobrevivência. Entretanto, ao contrário dos outros grandes artistas, Madonna já viveu o suficiente para ser uma sobrevivente, o que faz a canção dela ser mais poderosa e emocionante.

Devil Pray é a segunda faixa, e lembra a Madonna mais introspectiva de Ray Of Light (1998) e American Life (2003). A canção traz Madonna em busca da salvação, e é confusa e linda ao mesmo tempo. A faixa 3, Ghosttown, também é introspectiva, e é, discutivelmente, a canção de amor mais sombria da carreira dela.

Embora fãs e críticos são unânimes em elogios às primeiras três faixas, as outras três – Unapologetic Bitch, Illuminati e Bitch, I’m Madonna – dividem opiniões. Uns admiram a audácia de Madonna em se divertir, enquanto outros acham que ela está velha demais pra cantar sobre farras. Alguns apreciam a habilidade de Madonna de experimentar sons atuais, enquanto outros queriam que ela parasse de tanto tentar permanecer relevante.

Apesar das críticas negativas, é impossível não admirar a bravura de Madonna. Em uma época em que a música Pop está saturada de jovens em seus vinte e poucos anos, a veterana de 56 assume um grande risco sempre que volta pra recuperar o trono. Ela se arrisca a isolar os fãs mais antigos, assim como se separar da geração mais jovem que não se familiariza com a personalidade mais agressiva dela. De certa forma, ela lembra o cineasta Jean-Luc Godard, que, aos 84 anos, decidiu lançar o primeiro filme digital em 3D, Goodbye To Language, em 2014. Apesar dos críticos que insistem pra ela desistir de tudo, Madonna está determinada a dominar a cultura social mais uma vez.

O fato dela ter sido bem-sucedida, pelo menos por ora, é uma conquista impressionante, e questiona a significância das vendas na era digital. Uma artista como Madonna não precisa de um sucesso #1 da mesma forma que Taylor Swift e, neste momento da carreira, ela parece estar mais interessada na qualidade da música do que em qualquer outra coisa. Ao invés de perseguir o topo das paradas como fez com Hard Candy e MDNA, Madonna finalmente parece perceber que o panorama da cultura Pop que ela dominou nos anos 80, 90 e no início do ano 2000, mudou drasticamente. Tais mudanças a liberaram e a inspiraram a fazer a música mais pessoal e coesa da carreira.

A ideia do legado de um artista merece contemplação, especialmente quando ícones como Madonna continuam criando. Como devemos medir o novo álbum de Madonna, e de que maneiras ele pode influenciar a reputação dela? As vendas da primeira semana e a quantidade de singles no Top 10 realmente importam? E as críticas positivas dos especialistas e dos fãs? Qual a importância da qualidade?

Talvez, nada disso importe, a menos que o artista entre no debate, o que Madonna segue fazendo com cada lançamento. Sempre que alguém opina a respeito dela, de forma positiva ou negativa, eles reforçam a relevância dela. Usuários de redes sociais em todo o mundo se juntaram à discussão após o lançamento-surpresa das seis canções supracitadas, uns comemorando o retorno dela, e outros condenando a carreira toda. De qualquer forma, todos se importam o suficiente para opinarem.

Quando a poeira baixar, Rebel Heart será citado como um dos melhores álbuns de Madonna, e fãs e críticos elogiarão o retorno dela à forma. Entretanto, como todos sabemos, os debates nunca foram apenas sobre música, e, mais do que tudo, Rebel Heart mostra que ela ainda é a artista mais comentada do mundo. (PopMatters)

REBEL HEART se transforma no melhor álbum de Madonna em 10 anos

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O lançamento-surpresa de Madonna revelou que a Rainha do Pop não perdeu o toque. Depois que uma dezena de demos vazou na semana passada – um evento que ela chamou de “estupro artístico” e “uma forma de terrorismo” –, ela decidiu entrar na luta e lançar as versões oficiais de seis canções do 13º álbum a ser lançado, chamado Rebel Heart. O lote de novas faixas representa o novo material desde MDNA, de 2012, um flerte morno com a música de boates contemporânea.

A questão é que há um frescor em cada novo lançamento de Madonna, que determina a qualidade da música verdadeira: neste momento da carreira, ela é a barata do Pop: complacente, durona e escandalosamente adaptável. Com cada faixa nova, há lições sobre o a fase atual do gênero e o futuro próximo nos sons e imagens específicos que ela escolhe para ajudá-la a trazer sua visão à realidade.

Baseado neste primeiro lote do material de Rebel Heart, Madonna procura o equilíbrio. Primeiramente, há os elementos de música eletrônica e synth-pop, os modos de operação que ela escolheu – representando os trabalhos de Diplo, Avicii e Savan Kotecha. Daí, ela se une a artistas de vanguarda em uma variedade de gêneros: de astros como Kanye West a novatos, como os produtores Ariel Rechtshaid e Sophie. Esta é uma manobra esperta. Que surpresa! Uma jogada esperta de uma das popstars mais astutas a se apresentar, pois permite que ela toque para as massas e quebre barreiras.

As canções que lideram este primeiro lançamento de Rebel Heart, como o single Living For Love e Devil Pray, encaixariam perfeitamente nas rádios juntamente com os hinos britânicos do house-pop e também com Hey, Brother, do próprio Avicii. As que fecham o pacote, especialmente a áspera colaboração com os raps de Kanye chamada Illuminati e o hino frenético com a participação de Nicki Minaj, Bitch, I’m Madonna, te deixam bem perto do espírito obscuro da página da gravadora PC Music no Soundcloud e ao tom afiado de Yeezus, o álbum mais recente de Kanye.

E, por Madonna existir em ar rarefeito, de tipos como ela mesma, Prince e outros pouquíssimos, cada lançamento é mais uma resposta a tudo o que ela já fizera antes do que uma afirmação independente; outro capítulo de um romance épico sem um fim definitivo. Os tons, temas e a imaginação que constroem a caixa de ferramentas musicais dela – a sensualidade honesta, os vários métodos de intoxicar-nos, os lapsos Católicos, a confiança sem compromisso – são de temática gospel neste momento, e elevam alguns dos itens mais esquecíveis de Rebel Heart a um nível de puro prazer.

É divertido ouvir Madonna cantar um verso como “Posso parecer uma puta sem remorsos, mas, às vezes, você sabe que é assim que devo dizer” (e tentar uma vibe voltada ao Rap, se arriscando), pois ela já tem três décadas de putarias sem remorsos na bagagem. É um resultado fácil, lógico, mas eficaz. E, se a versão completa de Rebel Heart, que sai no dia 10 de março pela gravadora Interscope, conseguir trazer mais alguns “resultados fáceis” com algumas composições mais aventureiras, o álbum pode ser o melhor de Madonna em quase uma década. (Time)

Madonna nos varre pela Tsunami dela de ambição e necessidade, diz Graham Norton

madonna e Graham Norton

O apresentador do talk show mais inteligente do Reino Unido, Graham Norton lança seu segundo livro de memórias neste mês, e está escrevendo uma coluna no jornal Mail Online, na qual destaca o seu mundo particular. Na história de hoje, ele revela como lidou com as maiores divas do show business, incluindo a própria Rainha do Pop.
“Madonna e eu – um caso de amor não-correspondido!”, por Graham Norton.

“Em uma recente visita a Nova York, eu estava em um bar (que surpresa!), quando dois jovens charmosos se aproximaram (isso sim foi uma surpresa). Quando eles pediram para tirar uma foto comigo, pedi a um dos meus amigos que o fizesse e eles pareceram satisfeitos.

‘Obrigado por ter sido gentil’, um deles confidenciou. ‘Na última vez em que estivemos aqui, andávamos pela Quinta Avenida e vimos Madonna. Ficamos emocionados e começamos a dizer o quanto a amávamos. Ela não parou – apenas virou a cabeça enquanto andava, mexeu o cabelo e disse oi e tchau.’

Eles estavam realmente chateados? Não é assim que eles queriam que a deusa se comportasse? Claro que queremos que nossas divas ajam como…bem, divas. Ninguém o faz melhor do que Madonna. Ela pode não ter o dom da atuação, mas, quando se trata de ser Madonna, ela o faz melhor do que qualquer um. Ela é tão certa de que é especial, que somos todos varridos pela Tsunami dela de ambição e necessidade.

Quando o programa So Graham Norton começou no canal 4, em 1998, ela estava no topo da minha lista de possíveis convidados, mas levaria 14 longos anos para que ela finalmente sentasse o bumbum definido no meu sofá vermelho.

Havia muitas condições. Era pra ser especial. Sim, ela queria gravar o programa à tarde. Sim, ela queria aprovar a música. Sim, me pergunto até onde iríamos. Qual exigência poderia ter levado um ‘não’? Nem consigo imaginar.

Poucas semanas antes da gravação, fui convidado a conhecê-la numa recepção no Hotel Claridge, seguida por uma exibição de sua estreia na direção cinematográfica, W.E.. Esperei em um salão ornamentado com uma mistura de jornalistas e celebridades. Finalmente, a porta se abriu. A águia pousara. Tentávamos não encará-la, mas não adiantou.

Madonna andou pelo salão cumprimentando as pessoas e fazendo um breve discurso, como a Rainha visitando uma fábrica de escovas de dentes em Sheffield.

Uma mulher vestindo um terno escuro apareceu atrás de mim. ‘Venha comigo’. Minha boca ficou seca e andamos pelo mar de pessoas até chegarmos à brilhante ilha no centro da multidão. Uma pálida mão se estendeu a mim.

‘Parabéns pelo filme’, eu disse.
‘Oh, você já assistiu’.
‘Não, será nesta noite.’
‘Bem, guarde seus parabéns pra depois’.

Apenas segundos depois, tudo já dava errado, mas, de alguma forma, consegui pacificá-la antes dela seguir pro próximo perdedor. Alguém deve ter tirado uma foto nossa durante nossa breve conversa, pois a tenho emoldurada em minha casa. Estávamos com o riso forçado, mas sou eu que segurava uma bebida e parecia 10 anos mais velho do que ela.

Voltei aos meus amigos e a única palavra que pensei para descrever meu sentimento era ‘doidão’. Alguns instantes depois, a euforia passou e eu quis encontrá-la novamente. Se é isso o que acontece com todo mundo que espera do lado de fora dos teatros e estúdios, não é de estranhar que eles voltem por um pouco mais.

Finalmente, o dia da gravação chegou e eu berrava: ‘Senhoras e senhores, por favor, recebam Madonna!’ e lá estava ela. Estava realmente acontecendo.

O resto do show é uma vaga lembrança. Lembro de estar nervoso e, depois, relaxar. Nós nos familiarizamos e, logo, enquanto eu deliberava com a equipe de produção, fiquei sabendo que me chamaram no andar de cima. Corri e encontrei Madonna e seu pessoal descendo pelo corredor.

‘Muito obrigado!”, falei ansiosamente. Comecei a tentar elogiá-la mais, mas ela me interrompeu.

‘Só queria me despedir’, ela disse, imitando uma pessoa normal da melhor forma possível. Mas, daí, sem dizer nada, alguém veio por trás dela e a vestiu em um casaco de pele, provando que ela não era nem um pouco normal.

Não ficamos amigos depois disso. Ela se manteve como a artista gelada, e eu, o fã espantoso. E nossos mundos nunca se encontraram outra vez.

Assista a entrevista Legendada

10 motivos que provam que Madonna virá com um ótimo álbum

2009 MTV Video Music Awards - Press Room

O amor de Madonna pelo Instagram nos permitiu vê-la de novas maneiras – uma orgulhosa mãe de quatro filhos, expert em limpeza, #putasemremorsos – mas, talvez, o melhor do fato da Rainha do Pop ter descoberto a câmera do iPhone é a quantidade de informação sobre o novo álbum que ela tem atirado. Vimos fotos em estúdio, folhas com letra de música e trechos de um coral gospel e de uma orquestra em ação… algo bem emocionante está acontecendo, o que é um alívio. Para muitos fãs, Madonna nunca precisou de um álbum fantástico mais do que agora.

A última vez em que ela recebeu aplausos universais foi em 2005, quando o álbum Confessions On A Dancefloor misturou versos viciantes, letras afiadas e a produção vibrante e animada de Stuart Price para criar um clássico do pop moderno. Desde então, entretanto, as obras musicais de Madonna têm sido um pouco mais imperfeitas. Os ritmos urbanos de Hard Candy (2008) e o pop technicolor de MDNA (2012) tiveram um resultado calmo. Entre os dois, veio a compilação desleixada Celebration. Algumas pessoas, inclusive, foram longe demais e disseram que a Rainha do Pop “havia perdido o talento”.

Claro que isso é besteira. Apesar dos álbuns terem perdido um pouco da qualidade desde Confessions (e, francamente, não há desculpa para Revolver), quando Madonna acerta, ninguém é melhor do que ela. Eis 10 faixas brilhantes que ela gravou desde 2005, que provam que Madonna ainda tem muito talento.

1. Give It 2 Me
Give It 2 Me, o segundo single de Hard Candy, mostra o melhor do trabalho de Madonna com Pharrell Williams. A faixa tem os ritmos hipnóticos de Blurred Lines, sem a letra estranha ou as caretas de Robin Thicke. Como não amar?

2. Devil Wouldn’t Recognise You
Não deixe a introdução lenta te enganar. Esta faixa é mais sombria do que muito material recente de Madonna. Co-produzida por Justin Timberlake, Devil mostra Madonna confrontando um amante cheio de lábia, que se encurralou. É uma das melhores letras escritas por ela em anos.

3. She’s Not Me
Escrita quase no fim do casamento com Guy Ritchie, o ritmo dos anos 80 traz Madonna alertando seu amante que nenhuma outra mulher jamais a vencerá. O melhor deste épico de seis minutos não é a atitude da Rainha do Pop, mas a inacreditável pausa na metade da faixa, que revela um pânico na suposta confiança de Madonna. Conforme ela repete She’s Not Me várias vezes, fica difícil dizer se ela o está desprezando, ou se convencendo.

4. Candy Shop
Sim, é nesta que Madonna rosna My sugar is raw, sticky and sweet (quase 20 vezes, na verdade). Pare um pouco, sacode a poeira e se recupere. Encontre batidas R&B com uma vaga linha de baixo e versos espalhados. Candy Shop pode ser “grudenta e doce”, mas é bem por causa da geleia que é.

5. Celebration (Benny Benassi Remix)
Apesar da versão na compilação Celebration soa um pouco antiquada, o remix em vídeo é justamente uma revelação. Uma produção implacável respira novamente e o destaque é, sem dúvidas, quando tudo se distancia antes do refrão, para terminar numa batida eufórica que simplesmente exige que você jogue os braços pra cima. Ouça no trabalho, por sua conta e risco!

6. I’m Addicted
Esta é a joia na coroa do MDNA. Evocando as batidas bizarras do início do Daft Punk, I’m Addicted é uma produção eletrônica cheia de tensas camadas musicais. No fim, a canção oscila e desmorona em um delírio permanente. O sucesso que ficou de fora.

7. Love Spent
Muitos geralmente reclamam que as letras de Madonna não são mais pessoais – uma crítica rebatida por Love Spent. Apontando o dedo para Guy Ritchie pelo término do casamento, Madonna oscila entre farpas (“Acho que se eu fosse seu tesouro, você teria me apreciado mais”) e o desejo de assumir o valor do dinheiro que ele, aparentemente, amava tanto. O fato da canção trazer ecos de Hung Up é apenas a cereja no topo de um bolo extremamente agridoce.

8. Some Girls
Ela começa com uma sirene de festa rave. Algo mais precisa ser dito? Bem, talvez o fato dela ser uma das canções mais irritáveis de Madonna, por ela citar arquétipos femininos antes de destruí-los com batidas eletrônicas e turvas. “Algumas garotas não são como eu” – não há verdade maior. Um básico hino de destruição!

9. Turn Up the Radio
Fora de contexto, o refrão poderia soar arrastado e sem inspiração, mas, quando parte desta faixa bem construída, Turn Up The Radio é irresistível. É uma fantasia de fuga doce e comovente: quando a vida estiver ruim, tudo dá certo se ligarmos o rádio. Isso, felizmente, é algo que sempre fizemos facilmente por ela.

10. Gang Bang
Estrondosa, ridícula e brilhante. E co-escrita por Mika! Só Madonna!

Por que o mundo precisa de um novo álbum da Madonna?

2001 - Madonna by Regan Cameron for Drowned World Tour Promo - 02

(Artigo Attidude Magazine) – A mulher que sempre esteve acima das mídias sociais vem tendo um romance tórrido com elas ultimamente. 2014 será sempre conhecido por este fã como o ano em que a Material Girl abraçou o Instagram e nos concedeu tudo: de fotos dos seios a uma homenagem a axilas cabeludas. E eu amei! Pelo iPhone, Madonna nos levou pra trás da cortina prateada – até mesmo para o seu banheiro elegante no lado leste de Manhattan, para testemunhar desde seu suor pós-treino até o filho David Banda na guitarra.

Porém, o mais fascinante foi o jeito brega com que ela nos chamou para entrar no estúdio de gravação. A Rainha do Pop tem provocado o mundo com o progresso do seu 13º álbum ainda sem título (a menos que seja chamado Unapologetic Bitch – Senhor, espero que não!).

A lista de colaboradores potenciais, até então, é impressionante: o produtor Ariel Rechtshaid, o co-compositor de Wrecking Ball MoZella, Diplo (que produziu MIA), o DJ/Produtor Avicii, o ex-colaborador da Lady Gaga Martin Kierszenbaum, a cantora pop Natalia Kills, e o criador de hits Toby Gad.

A foto postada recentemente é emocionante: uma homenagem a Betty Page, veus misteriosos e imagens religiosas? Veja só. Mas há também alguma preocupação. Por quê? Porque Madonna parece estar perto de acertar. E todos sabemos o que acontece quando Madonna erra um pouco. Duas palavras: Hard Candy.

Algumas pessoas podem argumentar que o último álbum de estúdio, MDNA, foi uma decepção. Na verdade, eu adoro vários momentos do álbum, mas havia uma sensação, logo antes do álbum ser lançado, de que algo não estava no lugar.

É difícil destacar o que estava faltando. O mundo estava faminto pela qualidade de Madonna. A realidade é que tivemos apenas uma pitada dela. William Orbit sugeriu em retrospecto que M seguiu muitas direções para realmente fazer do álbum o grande retorno à forma, com canções como Gang Bang e Addicted.

Ela tinha uma linha de roupas, uma turnê mundial, um filme e um perfume para promover. Música – a fonte de todo o poder – havia sido rebaixada a uma mera porção de seu tempo, um trabalho de meio expediente e, infelizmente, algo seria sacrificado. Suponho que foi o laser da pista de dança que perdeu o foco, e todo o projeto sofreu as consequências.

Felizmente, a turnê conjunta não sofreu o mesmo destino. Testemunhamos Madonna em sua melhor forma, destruindo multidões com sua confiança atrevida e celebrando a dança no centro de seu circo. Mesmo assim, quando o confete acabou, havia o sentimento de que o trem de Madonna havia passado sem deixar o menor rastro. A era, como em Hard Candy, não perpetuou da mesma forma que Confessions On A Dancefloor fizera anos antes.

O problema é que Madonna é consistentemente brilhante. Quando ela atinge o seu melhor, a música equivale a orgasmos. Momentos como Holiday, Intro The Groove e Hung Up são exemplos. Um abandono imprudente da pista de dança, mas não bobeiras desperdiçadas. Sim, músicas pop sólidas nas quais você quer se perder, se embebedar ou se entregar a uma noite de prazer. Mas são canções de liberdade, de fuga e poder. Uns podem chamá-las de “trilha sonora da saída do armário”. No âmago destas pérolas da pista de dança, estão verdades universais inseridas na experiência humana: “Apenas quando danço, me sinto livre assim”, “A alma está na música, é lá que me sinto linda e mágica. A vida é um baile, então caia na pista de dança”.

O que é um caso de amor entre homens gays e Madonna? É diferente de nossa admiração por outras cantoras – um encontro específico que se distingue do amor por Cher, Kylie, Mariah etc. Enquanto aprecio as qualidades que todas essas fortes divas têm em comum, há algo diferente sobre Madonna. Se você cresceu gay durante o reinado dela, há algo da rebeldia dela no seu DNA. Quando era adolescente, eu me identificava com a recusa dela em ser categorizada. Nem “machão”, nem “feminina”; nem “bruta”, nem “suave”. Especialmente nos anos 80, ela desafiou a definição de “bela”, e sua resistência e determinação eram infecciosas.

Tinha 12 anos quando a Virgin Tour foi lançada em videocassete. Enquanto os garotos da minha escola se escondiam pra ver seios em Porky’s ou cenas de mamilos em Conan, O Bárbaro, eu ficava colado em frente à TV tentando aprender a coreografia de Dress You Up. Eu vi a audácia transparente desta mulher, que provocava…não, exigia que a multidão pedisse mais. “Eu disse: ‘Vocês querem ouvir mais?’”, ela gritava durante uma incrivelmente longa pausa no meio de Holiday. Nossa, como eu queria mais!

Sou um eterno defensor de American Life, uma escolha controversa de álbum favorito entre os fãs de Madonna, mas permitam-me apresentar minha solitária evidência: a canção Nothing Fails. É a versão 2004 de Like A Prayer, um pouco mais maltratada, cansada do amor e possuída exatamente pelo tipo de profundidade que eu sempre esperei dos álbuns de Madonna.

Como projeto, sim, sei que é desprovido de hits – mas, pra mim, é uma aula de composição. Como álbum, é um trabalho de arte coeso, pois, claramente, teve 100% da atenção dela. É esta atenção aos detalhes de que um grande álbum da Madonna precisa. O sucesso simplesmente não acontece sem ela.

Alguns projetos passaram do ponto exatamente pois não tinham um elemento crucial: Madonna. Não ligo pra quantos produtores estelares, compositores ou DJs bacanas estejam com ela – eu sempre aposto nela! Quando Madonna decide aparecer no estúdio, há um brilho inabalável. Like A Prayer e Ray Of Light são exemplos. Eis a mulher que ama sua arte, e a paixão é evidente. A verdade é que Madonna é sempre o elemento mais interessante de uma colaboração com Madonna. As coisas apenas dão errado quando este equilíbrio se descontrola. Sempre achei que a colaboração dela com Pharrell, e até com Babyface, ofuscou o quociente Madonna. O som deles permearam o álbum e o resultado ficou sem criatividade. Eu sei, é chocante, né? Madonna nunca será normal!

O trabalho dela com talentos novos e excitantes é, pra mim, sempre mais recompensador. O trabalho com William Orbit, uma escolha relativamente obscura na época, foi revolucionário. Similarmente, o álbum Music com Mirwais a reinventou completamente para o século 21. Quando Madonna entrou em estúdio com Stuart Price, ela parecia estar em uma maré de vitórias. Três incrivelmente originais e bem-sucedidos álbuns pop, com a excelência provocativa de American Life no meio.

Aconteceu algo estranho no Twitter quando anunciei que escreveria este artigo. Li alguns comentários irritantes: de “diga a ela pra começar a agir como alguém da idade dela” a insinuações de que Madonna não compôs seus maiores sucessos (total ficção, já que ela é uma das compositoras pop mais produtivas e talentosas e, estranhamente, raramente recebe este crédito). Eu me vi defendendo o direito de Madonna tirar a roupa – mesmo que não me afete muito, a recusa dela de “envelhecer graciosamente” está de acordo com seus valores, e eu posso apenas encorajá-la. Com todo o respeito, os fãs de Madonna são furiosamente protetores, e uma coisa em comum que percebi foi uma paixão pelos acertos de Madonna, seja lá o que isso for. Meu argumento sempre foi que o foco tem que estar nas canções, e a disciplina deve aparecer não apenas na academia, mas nas ideias. Na música.

Todo compositor e artista ficam com preguiça – é difícil ser bom. Bono Vox, do U2, tem uma ótima frase sobre lutar pela excelência: “Bom é o inimigo do ótimo”. E é verdade. Madonna é boa facilmente e sem o menor esforço. Ninguém pode negar isso. Mas, quando ela é ótima, não há ninguém que chegue perto na música pop.

Nesta calmaria antes da tempestade, quero mandar alguns cósmicos raios de luz à rainha. Todos os sinais apareceram: a determinação, o foco e a alegria em ser artista. Podemos todos debater qual era, qual visual ou qual persona foi a mais forte, mas há apenas uma pessoa que pode nos servir tudo isso. Ajude-nos, Madonna Louise Veronica Ciccone. És a nossa única esperança.

Darrren Hayes é o ex-vocalista da banda Savage Garden e desde 2000 segue em carreira solo, tendo como último álbum o bem-sucedido "Secret Codes", de 2011.
Darrren Hayes é o ex-vocalista da banda Savage Garden e desde 2000 segue em carreira solo, tendo como último álbum o bem-sucedido “Secret Codes”, de 2011.

Madonna na trilha sonora de The Giver com “Messiah”?

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Entre Hard Candy e MDNA, Madonna parece ter se perdido. Sim, sei que ela ganha muito dinheiro e tal, mas ela perdeu um pouco da qualidade por fazer a linha “Tenho 50 anos, sou sexy e foda-se se você não gosta disso”. Não me entenda mal; Madonna enfrentou mais intolerância a mulheres do que qualquer outra artista na indústria. Odeio ver tal situação, mas, às vezes, ela se faz de alvo. Talvez seja hora de mudar.

Madonna sempre conseguiu se salvar com músicas em trilhas de filmes. Em 1994, quando todos os jornais do mundo diziam que ela nunca mais teria um hit, ela lançou uma das canções mais bem-sucedidas da carreira: I’ll Remember, do filme Com Mérito. Em 1986, após se tornar piada nacional pelas fotos das revistas Playboy e Penthouse (nos anos 80, era um escândalo ameaçador de carreiras), ela chocou a todos com a incrível balada Live To Tell. E quem consegue esquecer de You Must Love Me, ganhadora do Oscar por Evita?

Tenho afirmado, nos últimos meses, que Madonna gravou uma canção de trilha sonora. Não tinha – e ainda não tenho – total certeza para qual filme é. Entretanto, sei que a gravadora Interscope, que está produzindo a trilha de The Giver, pediu uma música a Madonna. Isso lá pelo fim de abril, mesmo estando a trilha já finalizada. Quando Madonna anunciou uma canção chamada Messiah recentemente, que cairia perfeitamente com o tema de The Giver, tive 100% de certeza de que era para este filme. Compareci a uma exibição do filme e tinha certeza de que ouviria a canção de Madonna. Até dei uma dica no Twitter, mas tive que deletar todas as postagens sobre o filme porque o pessoal dos estúdios The Weinstein Company (com toda razão) ficaram furiosos.

Antes de perceber, os créditos apareceram. Entretanto, não havia música. Nunca vi isso em um filme antes. Havia outra canção no fim dos créditos, mas não saquei quem era o cantor, e ouvi dizer que esta última música nem entraria na edição final. Pensei que, talvez, a canção de Madonna não estivesse pronta ainda e, por isso, não havia música. Perguntei a um representante dos estúdios, mas não recebi uma resposta – o que quer dizer “sim”, certo?

Ter uma canção em The Giver seria uma enorme vantagem na carreira para Madonna. Mesmo que não se torne um grande sucesso, a canção certamente entraria na lista de grandes canções em filmes. Há também a possibilidade de Madge obter uma indicação ao Golden Globe e ao Oscar. The Giver é um filme que Madonna adoraria, e seu envolvimento apenas melhoraria a qualidade da obra. A personagem principal, Jonas, é, basicamente, uma versão masculina da Madonna rebelde. Vamos esperar respostas em breve. (Fonte: Pop Music Gadfly)

William Orbit fala sobre Ray Of Light e MDNA, de Madonna

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Todos ficaram tão animados quando souberam de sua participação em MDNA. Foi muito diferente colaborar com ela nestes dois projetos diferentes?

Eu sabia que todos estavam animados. Me perguntavam sobre um novo Ray Of Light a cada minuto. Foi desta forma: veio muito espontaneamente. Estávamos num estúdio, em uma área nada popular de Los Angeles. Lembro de M dizer a um cara da gravadora: “Isto é arte. É assim que fazemos”. Foi uma experiência muito pura; apenas para criar aquele álbum e nada mais. Ela é incrível como pessoa, produtora e colaboradora.

É importante dizer isso: não gosto quando as pessoas acreditam que eu era o espertinho fazendo todo o trabalho. Ficaria péssimo se eu fosse ela, pois ela não colocou o nome na produção por vaidade, ela estava lá comigo de verdade. Não tínhamos um plano e, apesar dela saber fazer tudo sozinha, não esperava vê-la nervosa durante a primeira festa de audição do álbum na Warner. Ela nunca demonstra e, sabe, essa mulher nunca perdeu dinheiro, mesmo em um ano ruim, e, mesmo assim, estávamos roendo as unhas!

Quanto ao MDNA, é importante dizer que me juntei ao projeto logo depois. Madonna também tinha vários projetos em andamento. Sinceramente, não sei como um ser humano conseguia lidar com tudo junto! Ela gerencia o tempo incrivelmente. Eu teria mixado o álbum sozinho se pudesse, ou junto com Madonna, pois ela é ótima nisso. Também teria dispensado três das 6 faixas produzidas por outros caras, que não eram tão boas na minha opinião; muito infantis. E quanto às outras três, eu teria sugerido um pouco mais de profundidade, pra torná-las mais especiais. Meu time era o melhor e também tinha outras brilhantes canções, é por isso que ainda estou confuso, mas o que passou, passou. Nem penso duas vezes. (Hunger TV)

Veja a primeira foto oficial da L’UOMO VOGUE, com Madonna

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Primeira foto oficial de Madonna para a revista L’UOMO VOGUE , clicada pelo fotógrafo Tom Munro, é divulgada. Ainda sem data definida para o lançamento da revista que divulga o projeto #artforfreedom e provavelmente o início da divulgação do novo álbum.

De acordo com informações de Madonna via Instagram, as gravações do novo disco estão finalizadas, pelo menos com os atuais produtores.

Além do DJ Avicii, MoZella, S1 e Tony Gad, Madonna confirmou que outro produtor está em seu novo disco: ninguém menos que Diplo, artista muito influenciado pelo funk carioca. “Diplo é malvado! Me fez trabalhar a noite toda no estúdio e tive que fugir pro banheiro”, disse a cantora ao postar uma foto em que aparece com um ar cansado.

Diplo já produziu artistas como Bruno Mars e Shakira, além de ter feito parcerias com os brasileiros DJ Marlboro, Bonde do Rolê e a banda Cansei de Ser Sexy.

Segundo a imprensa internacional, o disco será lançado no formato surpresa e, provavelmente, deve vir acompanhado de uma mini tour promocional a partir do segundo semestre, como é de praxe com os discos de Madonna. A exceção foi em 2012, com o MDNA, cuja turnê internacional já foi lançada quase seguida do disco.

Se os boatos se confirmarem, Madonna deve fazer a promoção do disco já a partir de agosto, pela Europa e Estados Unidos.

Madonna novo álbum com Avicii: Será que ela justifica o seu amor?

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Após dois polêmicos álbuns, o próximo disco de Madonna será decisivo para muitos seguidores exasperados. Nós sobrevivemos às suplicas dela pra vermos o rebolado por Hard Candy e ignoramos o apressado e incoerente MDNA. Agora, a conta de Madonna no Instagram confirma que ela voltou ao estúdio com uma dúzia de compositores e produtores escandinavos, incluindo Avicii e a cantora/compositora britânica Natalia Kills.

Mas se Madonna quiser – ou se importar – ser relevante outra vez como musicista, ela precisa aprender com os erros que cometeu com MDNA:

Não reduza a qualidade de suas letras:

Madonna tem 55 anos, dois ex-maridos, quatro filhos; prefere namorar homens mais novos e é a mulher mais famosa do mundo. É material suficiente para se trabalhar. Por favor, chega de rimas do tipo “esperando, ansiando”, chega de nos avisar que o tempo está passando e de dizer o quanto gosta de dançar. Já sabemos de tudo isso. Não sabemos quem Madonna é atualmente. Ela pode juntar quantos produtores quiser, mas, quando compõe melodias fracas e letras genéricas, Madonna não mais revoluciona o Pop, ela apenas o segue.

Não desvie:

A pós-produção do filme W.E. levou mais do que o esperado, seguida de promoção mundial. Entretanto, sobrou pouco tempo para promover o álbum MDNA. Até mesmo seu produtor diplomático William Orbit admitiu: “Fomos pressionados devido a…vários compromissos de mídia, que acabaram com o tempo limitado da artista, como campanhas de perfume e concursos de moda adolescente, além de outros. Todos estávamos completamente fixos a nos dedicar ao máximo para fazer de MDNA o melhor álbum do ano, mas, infelizmente, não houve tempo”.

Poster do filme de Madonna, W.E.

Não arruíne o lançamento do primeiro single:

No Reino Unido, lar de uma das fã-bases mais fieis, o primeiro single Give Me All Your Luvin’ recebeu mínima atenção das rádios. Daí, uma breve promoção permitiu aos fãs baixar a música de graça se eles comprassem o álbum MDNA na pré-venda, o que significou que Give Me All Your Luvin’ não era eleita às paradas. Quando disponível para compra como uma faixa singular, o momento já havia passado e o single chegou apenas no desastroso 37º lugar.

Não continue com singles ainda mais fracos:

O segundo e terceiro singles Girl Gone Wild e Turn Up The Radio eram faixas genéricas que podiam ter sido gravadas por qualquer cantora, de Katy Perry a Carly Rae Jepsen. O responsável por escolher os lançamentos de MDNA deveria se envergonhar.

E, daí, não case “insultos” com “acidente” e grave clipes ruins:

Apesar do clipe de Girl Gone Wild ter sido banido de acesso público no Youtube por ser “muito provocante”, com homens seminus (o que já fora visto nos clipes Justify My Love e Erotica duas décadas antes), o burburinho foi pouco com este segundo single. Ele não chegou ao Top 100 da Billboard e, no Reino Unido, permaneceu em 73º. Turn Up The Radio ganhou um clipe barato que podia ter sido gravado com um iPhone e foi, discutivelmente, a pior coisa que ela já filmou desde Destino Insólito. Esta era a mesma pessoa que revolucionou com Like A Virgin, Express Yourself, Like A Prayer e Bedtime Story?

Não subestime o poder da promoção…

MDNA se tornou um exemplo raro de críticos amando o trabalho de Madonna mais do que seu público. Porém, sem um single bem-sucedido ou qualquer tipo de publicidade da parte de Madonna (apesar de uma entrevista de 10 minutos pré-gravada para o programa Daybreak), muitos britânicos sequer perceberam que ela lançara um novo álbum. Seus leais fãs a levaram, sozinhos, ao topo das paradas. Porém, na terceira semana, o álbum já havia saído do Top 10. Promovendo o filme W.E. enquanto ensaiava pro Superbowl e planejava uma turnê, Madonna não conseguiu dar conta de tudo. O resultado foi a baixa venda de MDNA.

Capa do álbum MDNA, de Madonna

…mas não o promova em estádios!

Turnê, ingressos e produtos exclusivos sempre venderão mais do que um álbum. Mas achar o lugar certo para um show de Madonna é fundamental para o público experimentar e entender seus esforços criativos. Estádios impessoais são, geralmente, inúteis, a menos que você desembolse um bom dinheiro para o “círculo dourado” ou na fila da frente. Muitos detalhes da MDNA Tour se perderam para aqueles que mal viam o palco ou onde a qualidade do som era tão baixa, que se tornava inaudível. Fóruns na Internet se enchiam de reclamações das pessoas que saíam do show antes do fim. Enquanto é mais lucrativo se apresentar em um estádio com capacidade para 70 mil pagantes ao invés de fazer 10 shows em uma arena para 10 mil, o dano apenas será calculado com os recibos da turnê seguinte.

Não esqueça do seu legado.

Tenho comprado os discos de Madonna, Picture discs, singles, álbuns e downloads de 1983 até agora. Eu a defendi durante a infame era de Erotica e Corpo em Evidência; com os crucifixos flamejantes de Like A Prayer e o falso lesbianismo de Justify My Love. Fui a todas as turnês de Who’s That Girl a MDNA. Ainda estou aqui, apesar dos maus momentos, e me diverti com os bons.

É pelos detalhes e pela ingenuidade que sempre admirei Madonna. Ela se inspirou em outros artistas como Blondie, Bowie e Jackson, e, mesmo assim, conseguiu ser original nas ideias que remixou e revisitou. E é isso que está faltando – sinto que Madonna perdeu sua identidade. Ela é apenas Madonna, uma marca sendo corroída por lançamentos de perfume, academias, cremes pra pele, sapatos e roupas. Tudo isso agrega valor à sua produção, mas custando sua credibilidade.

Finalmente, não me dê atenção.

Afinal, o que eu sei? Eu jamais conseguirei influenciar, alcançar ou mudar percepções como Madonna fez, e é fácil pra mim sentar no computador e reclamar. Sei que sou egoísta – quero que Madonna permaneça como a maior artista pop do mundo. E, claro, continuarei nesta jornada iniciada 30 anos atrás, sem me importar com o próximo lançamento. Porém, como fã de longa data, espero – e anseio – por algo mais.

John Marrs