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Review: Madonna incendeia Miami na gravação de seu próximo DVD

Elvis, por quase toda sua vida, foi Elvis – até se tornar, no vocabulário cínico dos historiadores amadores, o “Fat” Elvis (Elvis O Gordo em tradução livre), quase uma entidade separada e um símbolo de um talento em triste e pesado declínio.

Com base no desempenho de segunda à noite, no show na American Airlines Arena, não devemos temer que sua estrela de 54 anos, possa em breve fazer essa transição para algo diferente de Madonna, apenas Madonna.

Chamando todos os bebedores de cerveja!

Madonna

Em uma exibição impressionante de força e provocação sexy, a rainha do pop apresentou por mais de duas horas várias canções em uma performance que incluiu diversas mudanças de figurino e números de dança ousados em que a estrela contorcia-se de uma forma que desafia o corpo de alguém da metade de sua idade. Desfilando nas passarelas próximas à plateia, ou saindo de um buraco no meio do palco em um novo figurino, Madonna novamente exibe sua sexy e energética musculatura, algo que sempre foi sua marca registrada durante quase três décadas.

Pode ter havido alguma pressão adicional sobre Madonna para fazer o seu melhor show, que será repetido no AAA na noite de terça-feira. O show estava sendo filmado em 3-D para um próximo DVD, e toda energia extra que as equipes de filmagem procuravam parecia estar em falta quando a cantora finalmente subiu ao palco logo após 23h20. Isso depois de quase duas horas após  Paul Oakenfold ter finalizado sua apresentação. Os espaços entre as músicas no sistema de som da arena eram preenchidos por vaias impacientes e muitos gritando “Bullshit! Bullshit! (Porcaria! Porcaria! Em tradução literal) “Você só consegue ver homens gays em jeans skinny dançando despreocupados o” Sexy Back” por pouco tempo.

Madonna chegou com o palco cheio de uma névoa mística, homens vestidos de monges e o estrondo profundo de cantos gregorianos. Mas a cantora rapidamente explodiu esta cena solene com os agitados passos de dança de “Girl Gone Wild”, do seu novo álbum MDNA. Vestida com altivos saltos, top de couro preto e calças justas no melhor estilo hard-rock , com seis dançarinos de peito nu arrastando-a através de uma série de poses sexys, uma Madonna  fashion, poderosa, mas vulnerável como um brinquedo sexual foi a atração principal da noite.

A cantora apoiou-se em MDNA em cerca de um terço do set list, com muitos de seus maiores sucessos recebendo tratamentos de medleys rápidos ou com novas e modernas roupagens. Ela teve a ajuda de Kalakan, um trio de músicos bascos do norte da Espanha, principalmente na nova versão  de “Open Your Heart”, que recebeu um tratamento cigano meio hoedown (um tipo de dança country). Foi uma das muitas canções em que seu extraordinário grupo de bailarinos apresentou excelentes coreografias.

Outro destaque incluiu uma versão pungente e refeita de “Like a Virgin”, com Madonna vestida de lingerie, espartilho e uma versão do famoso sutiã cônico de Gaultier. Em cima de um piano e de forma poética, triste e melancólica, Madonna pôs a nu toda a emoção de ser “tocada pela primeira vez.” Muitos gritos e assobios sexys se seguiram.

Uma versão elegante de “Vogue” teve uma resposta entusiástica, bem como a sofrida “Love Spent”, na qual o strip-tease de Madonna fez os fãs atirarem várias cédulas de dólar no palco. Houve também a animada “Express Yourself”, com suas sexys majoretes e bateristas pendurados acima do palco (e, sim, Madonna sabe manejar bem um bastão).

Por volta das 01h15, quando a resistência dos fãs parecia estar esgotada, Madonna seguiu com uma versão “Kalakanesca”de “I’m a Sinner” e com um coral gospel em “Like a Prayer”, formado por dezenas de cantores dançando atrás dela como ela houvesse ressurgido dos mortos. Foi o momento jogo de luzes, pessoas cantando, dançando e batendo palmas juntas. The power of “Prayer.” O poder da “Oração”.

Fonte: SouthFlorida

Crítica: Madonna exibe seus “bens” na Arena Philips, em Atlanta

Ouviu-se no banheiro feminino no final do show de Madonna: “Ela era boa. Agora, ela está tão…estranha”.

Madonna

Uma das figuras mais extremistas da história da música popular sendo classificada como incomum não é novidade. Madonna se tornou Madonna não por causa de sua habilidade vocal limitada ou coreografias criativas – ela o fez baseada numa habilidade provocativa sem igual, uma mente sagaz para negócios e ótimas colaborações de composições que ajudaram-na a criar dezenas de músicas pop atemporais.

Agora, ela tem 54 anos, intensamente consciente de que não conseguirá apresentar um show de duas horas equivalente a um espetáculo da Broadway noite após noite por quase 6 meses, ou que ficar apenas de sutiã preto e calcinha, como fez no show na Arena Philips, não lhe dará assobios e gritos por seus firmes “bens” pra sempre.

Tais óbvias realizações explicam a grandiosidade explícita deste show, uma produção tremenda que, às vezes, apresentou bateristas suspensos sobre o palco, cubos iluminados e impressionantes, 15 dançarinos em vários figurinos chamativos, exibindo peitorais musculosos (os homens, claro) e um alegre show de moda durante Vogue. A líder Madonna quase não teve tempo de beber água e, enquanto não pode ser criticada por muitas coisas – como o Auto-Tune desenfreado e a cantoria questionável durante coreografias pesadas – ela vai à exaustão no palco, pelo benefício de um show de primeira.

A extravagância foi dividida em quatro seções/temas, que inicialmente continham um monte de violência besta. Revolver e Gang Bang apresentaram-na ostentando uma arma, ondas de sangue inundando a enorme tela, de quase 1km de altura, sempre que ela matava um bandido no estilo “vilão de James Bond”.

Na verdade, muito da primeira parte do show pareceu uma produção do Cirque du Soleil. Você está lá, confuso, mas não quer desviar o olhar com medo de perder aquele segundo precioso. Daí, novamente, a julgar pelo número de pessoas que passaram a maior parte do show mandando mensagens de texto e vendo fotos nos telefones, talvez Madonna tenha saído muito de seu curso, sem, ao menos, suavizar nossas tendências tecnológicas.

Mas se há uma queixa legítima sobre esta turnê, não é que ela tocou músicas do MDNA, seu último álbum. O que você esperava? O problema é que apenas algumas dessas canções são boas o bastante pra garantir o foco.

A acústica e linda Masterpiece, apresentada com o trio basco Kalakan, foi um ponto alto do show, que começou às 22h30, fato frequentemente mencionado desde que a turnê começou. Além dela, a irritável I Don’t Give A…, que apresentou Nicki Minaj no vídeo, deve ter sido um sucesso em outra era musical. Mas muitas outras – I’m Addicted, Girl Gone Wild – são esforços esquecíveis, enquanto Gang Bang é, meramente, um refrão chato sobre uma batida latejante e guitarras frenéticas.

Claro que haverá fãs do show, esgotado, que irão reclamar que Madonna não cantou sucessos suficientes, e eles teriam razão. Mas, na última década, nenhuma turnê de Madonna incluiu mais do que alguns dos hits dos anos 80, e a maioria destas canções foram tão recriadas, que ficaram irreconhecíveis.

Pelo menos no sábado, os fãs receberam uma Papa Don’t Preach mais fiel, uma Vogue excitante e uma versão tradicional de Open Your Heart, novamente com Kalakan. A única falha verdadeira foi transformar Like A Virgin numa supostamente ardente canção, que Madonna apresentou com o sutiã supracitado e calças, primeiramente elevadas na linha do estômago, no fim da passarela, e depois sobre um piano, no estilo do filme Os Fabulosos Irmãos Baker. Claro que seria ridículo se ela cantasse a versão original, mas transformá-la em lixo não foi a melhor escolha.

Àqueles ansiosos pela Madonna vintage, ela fez uma aparição mais cedo no show, quando, vestida com o figurino de baterista de banda e mostrando um pouco da coreografia com os pompons – algo que você não verá em qualquer jogo de futebol colegial – ela apresentou Express Yourself. No meio da canção, Madonna chegou ao refrão de Born This Way, de Lady Gaga, provando que ela rouba a mesma linha melódica, daí enfiou a faca no melhor estilo Madonna adicionando o refrão de sua própria She’s Not Me.

Entendido! A questão é a seguinte: mesmo quando Madonna está criando e apresentando um show que é mais pro seu próprio interesse do que para agradar fãs que ainda usam luvas de renda e rendem-se aos seus shows…é uma evolução necessária!

Podemos nem sempre concordar com as direções dela, mas, como Minaj lembra no fim de I Don’t Give A…: “Só há uma rainha, e é Madonna”. Access Atlanta

Crítica: Quando Madonna deixará de ser relevante?

Mark Kemp – Creative Loafing

Madonna

Quando Madonna comicamente anunciou aos fãs do Verizon Center, em Washington, no dia 24 de setembro, que “temos um Muçulmano negro na Casa Branca”, ela jogou a merda no ventilador. Foi como se os abutres da cultura nacional sofressem outro caso de amnésia pop-cultural. Esta é Madonna, afinal. E Madonna será Madonna.

Como ovelhas, todos obrigatoriamente resmungaram no Twitter e no Facebook pra registrar seu horror. Foram inteligentes também, sendo que os considero bem astutos. Pessoas conhecidas ou com quem trabalhei muitas vezes nos últimos 15 anos – jornalistas musicais e críticos, especialistas, assessores de imprensa, o pessoal do rádio, músicos, até mesmo amigos de faculdade e conhecidos do colégio. Com os dentes rangendo e as bocas espumando, eles pularam desenfreadamente pra atacar Madonna novamente. Foi bem nostálgico.

Um escritor e ex-repórter da Billboard de Los Angeles ligou um artigo do jornal Huffington Post na página do Facebook com o título “Madonna chama Obama de ‘um Muçulmano negro na Casa Branca’”. Claro, ele também fez um comentário: “Deixe esta vaca lerda e louca por atenção se meter no diálogo político e ajudar a perpetuar uma das mais duradouras e errôneas concepções sobre o presidente”.

É sério? Sim. 57 pessoas curtiram a postagem dele e 35 comentaram, incluindo “Ela é tão idiota quanto um saco de martelos”; “Ela é uma vaca sem talento, sem cérebro e idioooota, sem senso de humor”; “Ela é uma puta, um verme estúpido”; e “Vamos lembrar que ela ainda exibe os seios nos shows”.

Você imaginaria que esses profissionais da indústria da música eram estudantes colegiais debatendo sobre uma líder de torcida popular, mas notoriamente rebelde, durante o almoço. Na verdade, eram pessoas de 40, 50 e até 60 anos de idade, debatendo sobre alguém que eles vêm seguindo de perto ao longo das últimas três décadas. Alguém que tem sido parte integral da cultura popular americana. Alguém que vem se expressando há muito tempo em músicas abusadas e bem-sucedidas, além de álbuns e performances, sempre aumentando o nível para mulheres da indústria da música e expandindo as definições de uma cantora pop e um ícone cultural popular. E lá estava ela – aos 54, a líder de torcida mais rebelde da América – na estrada já há um tempo, promovendo seu mais recente álbum, MDNA. E alimentando mais ainda a fúria no Facebook.

Agora na etapa final de uma turnê que começou em Tel Aviv em maio, Madonna seguiu para Charlotte no dia 15 de novembro para uma performance na Time Warner Cable Arena. Ela provocou controvérsia novamente? Esta sequer é uma pergunta significativa?

A grande novidade em setembro não foi que Madonna fez uma observação impactante durante um show em DC (seria novidade se ela não tivesse feito algo impactante). Não, a novidade foi que Madonna ainda trabalha e diz coisas que acendem uma paixão assim, tanto positiva quanto negativa, em 29 anos de carreira. A pergunta “Madonna ainda é relevante?” tem sido um mantra por quase 28 desses anos. Tudo começou em 1984, após o lançamento do segundo álbum e do convite pra cantar o até então o novo sucesso, “Like A Virgin”, no Video Music Awards, da MTV. Ela finalizou se arrastando no palco em um vestido de noiva, exibindo um pouco da virilha e cantando levemente fora do tom numa faixa pré-gravada. Após a performance, no primeiro de muitos pronunciamentos subsequentes, especialistas tocaram o sino da morte: Madonna desesperadamente procura chocar as pessoas; ela está acabada, pronto! Próxima!

Madonna não apenas estava em alta, mas se encontrava no meio de três álbuns maravilhosos, cortesia de colaborações muito boas com gênios dos estúdios, incluindo seu ex-namorado Jellybean Benitez, Nile Rodgers e Stephen Bray. Ao longo dos cinco anos seguintes, ela se casou e divorciou de Sean Penn, apareceu na Broadway na peça Speed The Plow, de David Mamet, estrelou no sucesso de público e crítica Procura-se Susan Desesperadamente e no fracasso Quem É Essa Garota?, e se tornou vítima de inúmeras piadas sobre punks e roqueiros. Ainda assim, foi tratada como estrela por membros da realeza do cenário alternativo: Sonic Youth e Mike Watt, do Minutemen, cujo projeto paralelo Ciccone Youth foi tanto uma homenagem, quanto uma paródia.

A primeira grande mudança artística de Madonna aconteceu em 1989 com Like A Prayer, o álbum que muitos – inclusive eu – ainda consideram a obra-prima dela. Depois de batalhar com seu querido pai e com a Igreja Católica em Papa Don’t Preach três anos antes, Madonna levou seus problemas religiosos à frente na faixa título do álbum e no clipe, repleto de ícones católicos sagrados/profanos: cruzes em chamas, cicatrizes e uma fantasia sexual com um santo. “Coube certo com o meu espírito da época, na questão de se impor às autoridades masculinas, seja o Papa ou a Igreja Católica ou meu pai e suas maneiras conservadoras e patriarcais”, ela disse à Rolling Stone em 2009. Em Express Yourself, do mesmo álbum, ela apelou a uma nova geração de jovens mulheres para que saíssem da sombra de seus namorados e tomassem o controle criativo. O que aconteceu foi que Madonna organizou um motim dois anos antes de Bikini Kill ou Courtney Love reclamar às massas desajustadas ao som de guitarras grunge e punk.

Madonna

Nos 23 anos seguintes, temos questionado a relevância de Madonna de forma automática. Com cada nova polêmica, especialistas respondem como cachorrinhos do fisiólogo russo Pavlov: “Ela foi longe demais desta vez? As bizarrices cheias de controvérsias dela chegaram a um nível de desespero? Madonna ainda é relevante?”. Fizemos isso em 1990 quando ela incorporou servidão e sadomasoquismo no clipe de Justify My Love. Fizemos de novo em 1992 quando ela lançou o livro Sex, como parte integrante do novo álbum Erotica. Fizemos no fim dos anos 90, quando ela incorporou as novas crenças da Kabbalah em Ray Of Light, que acabou sendo outro grande avanço criativo.

A primeira década do século 21 foi igual. Em 2003, Madonna usou o VMA da MTV novamente para ir além dos limites da aceitação, beijando Britney Spears e Christina Aguilera após a performance original de Like A Virgin. Os especialistas soaram como um coral: Madonna foi longe demais. Três anos depois, quando Madonna e o até então marido Guy Ritchie adotaram um menino do Malauí, o refrão voltou: ela está procurando atenção desesperadamente.

Estamos no jogo dela a cada novo movimento: suas aparições no cinema, os amantes, os desrespeitos de celebridade e comentários sociais. E em 2012, lá estamos nós outra vez. Em julho, o site MTV.com postou uma notícia com a manchete gritante: “A controversa turnê MDNA de Madonna: Ela foi longe demais? Usando armas falsas e se expondo no palco, a turnê MDNA do ícone pop está repleta de críticas”.

“Oh, fala sério, pessoal! Ela estava brincando. Os americanos estão assim, tão incapazes de aceitar sarcasmo?”. Foi isso o que eu escrevi no Facebook do escritor de música de Los Angeles sobre o comentário de Madonna sobre o “Muçulmano negro”. Daí, eu repostei o artigo na minha página. A situação não foi melhor lá, embora a acidez entre meus amigos não tenha sido tão intensa. “É um comentário horrível, que não vai ser nada bom pro Obama. Mas, ei, fez Madonna voltar ao noticiário”, um antigo conhecido da faculdade sugeriu. “Não tenho dúvidas de que ela tentava ser sarcástica”, um amigo de minha cidade disse, “mas ela falhou totalmente”. E um colega de Nova York lamentou que a piada de Madonna foi inapropriada:

“Há muitas, muitas pessoas lá fora que verdadeiramente acreditam que Obama não seja Cristão.”

E isso é problema de Madonna? Se as pessoas são burras o bastante pra acreditar que o Presidente é muçulmano, é problema deles, não de Madonna. E se o Presidente Obama tivesse perdido as eleições por causa da piada sarcástica de Madonna, muito mais teria sido dito sobre o nível de inteligência dos americanos do que sobre o humor dela. A sagacidade, os cálculos e o timing de Madonna estão ótimos, muito obrigado. Ou, conforme a solitária voz da razão – do jornalista musical, humorista e autor de I Want My MTV  Rob Tannenbaum – sugeriu no meu Facebook, o ultraje sobre a afirmação de Madonna “mostra não apenas um sarcasmo mal-entendido, mas – pior – Madonna sendo mal-entendida”.

Como a mais óbvia influência pop dela, David Bowie, Madonna é tanto uma artista performática quanto da música – cuja experimentação com personagens não se reserva apenas ao palco, filmes, clipes ou álbuns. Ela permeia cada aspecto da vida pública dela. Quando Madonna faz um documentário, como Na Cama Com Madonna ou I’m Going To Tell You A Secret, ela está se apresentando, não oferecendo algum tipo de visão jornalística perspicaz sobre sua vida pessoal ou o processo de bastidores. Ela está interpretando Madonna, seja atuando de forma vulnerável ou no controle; ela está brincando com códigos de gênero e cultura, papéis sexuais e suposições sobre poder.

Quando Madonna se une a alguma causa – seja pelos direitos gays, assuntos humanitários ou uma eleição presidencial – ela está se apresentando. Claro, é óbvio que a pessoa real – Madonna Louise Veronica Ciccone, de Detroit – também apoia o Presidente Obama e os assuntos GLBT, mas ela o faz através de vários aspectos de suas personas, não com canções de protesto, redações racionais ou palestras. Não é assim que ela trabalha. Madonna faz grandes observações com situações elaboradas, grande teatralidade, figurinos extraordinários, maquiagem à-la Fellini, e, sim, sarcasmo profano – todos os muitos aspectos de suas personas. Se entendermos os discursos políticos dela da mesma forma que ouvimos os de Joan Baez, Chuck D, Tom Morello ou Boots Riley, estaremos interpretando-a erroneamente. As grandes narrativas dela são o que a elevam muito acima das imitadoras, exceto talvez Lady Gaga, que realmente entende Madonna.

No aniversário de 50 anos de David Bowie, em 1997, eu estava com ele numa pequena loja inglesa de chás em Manhattan. Conversamos sobre as personas que ele criara ao longo dos anos – sobre seus objetivos, o que ele tentava alcançar, o que ele esperava que as pessoas soubessem sobre ele. Outros devem saber pouco sobre David Robert Jones (seu nome de batismo), ou Bowie como sugerido, mas eles devem saber muito sobre Ziggy Stardust and the Thin White Duke. A autenticidade foi superestimada, ele disse. Bowie é um artista que faz arte, personagens e situações – não uma realidade linear. “Eu costumava ficar agressivo com a ideia de integridade”, ele me contou, referindo-se àqueles que o criticaram no começo, por usar truques numa época em que sinceros cantores de folk pregavam ao seu eleitorado. “Eu dizia, ‘Foda-se – meu negócio é truque”.

Truque é o negócio de Madonna também. E esperamos muito disso quando ela chegou à arena de Charlotte. Já sabemos que ela tem provocado com uma sequência violenta durante as mais recentes canções – Girl Gone Wild, Revolver e Gang Bang – que apresentam Madonna com armas e couro, numa luta sangrenta e coreografada contra homens mascarados dentro de um quarto de hotel cenográfico. A cena foi tão perturbadora para alguns membros da plateia em Denver (sendo tão recente ao tiroteio da tragédia envolvendo o filme Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge), que algumas pessoas deixaram o show. “Estamos dançando e, de repente, as pessoas começaram a perceber o que era a canção”, Aaron Fransua, de 25 anos, contou à Associated Press. “Ficamos todos parados lá. Todo mundo perto de mim estavam chocados”.

Algumas canções depois no setlist da turnê MDNA, o que parecera antes ser um golpe visual e temático no ex-marido de Madonna, o diretor britânico adorador de sangue Ritchie, ficou bem claro, de acordo com a blogueira Marilee Lindemann, conhecida como a “Louca com um laptop”. Lindemann escreveu sobre o show do dia 23 de setembro em Washington: “Percebi naquele momento que não estávamos sendo forçados simplesmente a nos divertir com a violência gratuita. As evocações de Abu Ghraib contextualizaram e geopolitizaram friamente a violência das cenas anteriores, à-la Tarantino, e mostraram consequências reais”. Lindemann, Professora universitária de Inglês e Diretora de Estudos Gays, Lésbicos, Bissexuais e Transgêneros na Universidade de Maryland, acrescentou: “ou…o mais real possível no espetáculo surreal de Madonna”.

Quando o espetáculo de Madonna chegou a Charlotte, também pudemos ver referências à rixa dela com a imitadora Lady Gaga. As duas têm estado muito conectadas ao longo do último ano, brigando pela opinião popular. Em turnê, Madonna injetou a rixa em Express Yourself  (“não aceite o segundo lugar, baby…”), desviando-se momentaneamente à faixa similar de Gaga Born This Way, pra afirmar apropriação, sabe?

A resposta de Gaga a esta justaposição? “As únicas similaridades são a progressão de cordas – é a mesma da música eletrônica há 50 anos”, disse a Lady. “Não significa que estou plagiando, mas que sou esperta pra cacete”.

Na verdade, Madonna e Lady Gaga são ambas espertas pra cacete. Madonna levou a narrativa da rixa a Minneapolis em 4 de novembro, contando à plateia que Gaga rejeitara um convite pra cantar com ela no palco. “Tudo bem”, Madonna disse. “Tenho os melhores fãs do mundo todo. Então, toma isso, Lady Gaga!”.

Tome isso também: de acordo com os números, Madonna é tão relevante quanto sempre foi e, facilmente, tão popular quanto quaisquer de suas herdeiras. MDNA é o quinto álbum consecutivo dela a dominar as paradas. A turnê atual já vendeu 1.9 milhão de ingressos no mundo todo, com a maioria dos shows esgotados. E mais, ela continua em grande forma física e as canções e conceitos de performance de MDNA são fortes como tudo que ela já fez em anos.

Especialistas têm lamentado quando Bowie ou Bob Dylan ou os Rolling Stones continuam se apresentando bem em seus anos de crepúsculo, mas Madonna retrocede esta turnê – focando, na maior parte, em sua idade.

Tudo bem, de acordo com Madonna. “Já me rejeitaram antes”, disse ela, apesar de se referir aos insultos de sua jovem rival e não aos comentários sobre sua idade. “É bom construir caráter”.

Enquanto continuarmos questionando a relevância de Madonna e de seus personagens, ela continuará relevante como nunca!

Produtora reduz preço de ingressos para shows de Madonna no Brasil

Madonna

A menos de um mês das apresentações no Brasil, a produtora T4F anunciou uma cota especial de ingressos para o show de Madonna, com preços reduzidos.

A iniciativa é dada para evitar o mesmo que aconteceu com Lady Gaga, que teve milhares de ingressos encalhados nas bilheterias. Sem contar a grande cota disponibilizada para sites de compras coletivas, que venderam as entradas por menos da metade do preço original.

No Rio de Janeiro, por exemplo, no setor Pista, onde os ingressos estavam entre R$ 180 a meia-entrada e R$ 360 a inteira, o valor baixou para R$ 100 (meia) e R$ 200 (inteira).

Em São Paulo, os valores foram reduzidos para a apresentação extra no Morumbi, no dia 5 de dezembro. Os setores que ficaram mais baratos foram: Pista, de R$ 360, 00 (inteira) e R$180,00 (meia) para R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia); Cadeiras Cobertas (inferior e superior) passaram a custar R$ 125 (meia) e R$ 250 (inteira) – antes R$ 230 (meia) e R$ 460 (inteira); Arquibancada R$ 75 (meia) e R$ 150 (inteira) – metade dos valores anteriores, em que o assento mais caro, o da Arquibancada Especial, estava  R$ 150 (meia) e R$ 300 (inteira).

A rainha do pop chega ao brasil em dezembro para uma bateria de quatro shows, a serem realizados nos dias 02 (Rio de Janeiro, no Parque dos Atletas), 04 e 05 (São Paulo, no Estádio do Morumbi), e 09 (Porto Alegre, no Estádio Olímpico). A última passagem da cantora pelos palcos brasileiros foi em 2008, com a turnê Sticky & Sweet Tour.

Review: ou você gosta de Madonna desse jeito ou você não gosta. Não há meio termo!

Madonna, Time Warner Cable Arena (11/15/2012)
CICIT

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Se você saiu do espetáculo da quinta-feira, na Time Warner Cable Arena apenas com a imagem da bunda desse ícone pop de 54 anos, então você não sabe nada sobre Madonna.

Claro, que ela mostrou seu traseiro. Mas nada na MDNA Tour é gratuito. Nada é de todo surpreendente principalmente se você manteve-se informado sobre a turnê, iniciada em Tel Aviv, maio passado.

Em uma das várias sequências perturbadoras, mas emocionante, uma Madonna de olhar duro sentou-se à beira de um palco enorme que se estendeu ao longo da arena – o mesmo lugar onde, há dois meses atrás, viu os Delegados Democratas aplaudirem o presidente Barack Obama. Vestida com uma roupa de stripper toda preta,de salto alto brilhantes e de calcinha fio dental, Madonna se arrastou e deslizou sobre o chão em uma performance sinistra de seu desempenho mais notório de “Like a Virgin” no MTV Video Music Awards de 1984. Insultando os membros da plateia que estavam no borda do palco, revelando-se desgrenhada, mas ainda firme e com braços e pernas musculosos, ela cantou – lentamente, de forma ameaçadora, e em um tom menor com uma orquestração mais sombria – uma versão radicalmente reformulada da canção.

Madonna estava implorando por dinheiro, ela queria dinheiro, ela disse – dólares, muitos dólares. E ela estava conseguindo. Enquanto centenas de cédulas eram jogadas no palco, ela deslizou sobre as notas, descontextualizando completamente a sua velha persona de “Material Girl”. “Se você vai olhar para minha bunda”, ela vociferou, “é melhor trazer algum dinheiro.”

O objetivo do número – ocorrido em mais da metade de um show de duas horas, que vai da violência escura de “Gang Bang” para a exuberância emocionante de “Like a Prayer” – foi a de arrecadar dinheiro para a vítimas do furacão Sandy em Nova York, a cidade que Madonna iniciou sua carreira a mais de 30 anos atrás. Mas ela não fez simplesmente colocar baldes para doações no saguão da arena. Não! Madonna o fez à sua maneira – teatralmente, provocativamente, desconfortável, e em um cenário projetado para polarizar a audiência.

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E polarizar é o ela fez. “Like a Virgin” foi uma sequencia de cerca de três onde vimos alguns poucos membros da plateia se levantar de seus assentos e sair da arena. O primeiro veio no início do show, durante a tão comentada sequencia sangrenta – “Girl Gone Wild”, “Revolver” e “Gang Bang” – que evoluiu de um tiroteio coreografado com os homens em um quarto de hotel falso, para soldados que pareciam estar na prisão de Abu Ghraib. Durante o show veio outro comentário da cantora em apoio ao presidente Obama. Houve muitos aplausos, mas também um coro significativo de vaias.

AUDIÊNCIA de Madonna em 2012 – seus fãs estão na sua maioria na casa dos 30s, 40s e 50s – pode ser um público “mais velho”, mas ela ainda não está preparada para ser uma artista “mais velha”. Apenas um punhado de músicas – incluindo “Like a Virgin”, um trecho de “Papa Dont Preach”, “Express Yourself”, “Vogue” e “Like a Prayer” – foram realmente os velhos hits. E ela os retrabalhou para que muitas vezes não fossem reconhecidos inicialmente. O agrado que ela fez aos seus velhos fãs vestidos de “Lucky Star” foi um clipe mostrando imagens de flashback com vários sucessos de seus vídeos ao longo dos anos.

Mas se você vem para um show esperando apenas sucessos de Madonna, você vai sair tão desapontado como um fã casual de Bob Dylan que espera ouvir suas versões fiéis de “Blowin ‘in the Wind” ou “Mr. Tambourine Man”. Madonna continua a crescer, não só como artista musical, mas como uma atriz de teatro musical, desconstrucionista e reconstrucionista. Sua turnê MDNA não é um concerto – é um evento teatral, com conceitos e coreografias que vão do pensamento positivo ao total obscuro. A cantora está mais empenhada do que nunca em fazer declarações e ser provocativa – coisa que ela consegue fazer muito bem, diga-se de passagem – e suas palavras e ações são tão desafiadoras quanto qualquer um de seus hits. Mais ainda, em muitos casos.

Será que Madonna usa Auto-Tune? Sim. Ela o usa muito bem. Será que ela faz uso do playback? Sim, claro que ela faz. Não se poderia realizar as enormes e fisicamente desafiadoras coreografias que ela faz com seu desfile de belos dançarinos sem estar dublando algumas vezes. Será que ela segura uma guitarra, utilizando-a não tanto como um instrumento, mas como um suporte para completar o conceito de uma atuação específica? Sim. E se você é dogmaticamente contra o uso de Auto-Tune, dublagem e instrumentos musicais como adereços, você não deve estar em um show que se usa estes tipos de efeitos.

Não que Madonna tenha decepcionado seus fãs em Charlotte. Ela vestida de cheerleader como no SuperBowl em “Express Yourself”, com imagens da pop art dos anos 60, de mulheres em papéis tradicionais e não convencionais no telão gigante; ela atingiu a todos em seu memorável número de poses durante “Vogue”, e um sexy e libidinoso remix de “Justify My Love”, e juntou todos num só coro em “Like a Prayer”.

No meio de tudo isso ainda tivemos toneladas de materiais recentes que variaram desde baladas acústicas à percussão africana pesada, e o poder das guitarras sintetizadas de “Turn Up the Radio” de seu mais recente álbum MDNA, às cítaras indianas e percussão em “Im a Sinner”. A última canção foi um destaque especial, pois vimos Madge ainda mais provocante e misteriosa ao cantar, talvez mais do que nunca como em sua primeira apresentação e na fivela de seu cinto poderia estar escrito: “I’m a sinner and I like it that way.” “Eu sou uma pecadora e gosto disso”. Ou você gosta dela desse jeito ou você não gosta. Não há meio termo!

MADONNA: o martelo sobre a vinda de Psy será batido nos próximos dias

Essa intenção já chegou aos ouvidos da produção brasileira da turnê de Madonna, que viu a ideia com bons olhos. O martelo sobre a vinda de Psy será batido nos próximos dias.

Madonna

Que Madonna surpreendeu a todos ao fazer uma performance de Gangnam Style com o rapper coreano PSY no palco do Madison Square Garden, em Nova York, nos Estados Unidos, na noite na última terça-feira, 13, no Madison Square Garden, não é surpresa.

A rainha do pop depois de reproduzir fielmente os passinhos de Gangnam Style, ainda fez um dueto pra lá se ousado com PSY na música “Music”, um de seus maiores hits. Muito empolgada, em uma das coreografias Madonna acabou deixando parte do bumbum à mostra, levando os fãs mais ainda ao delírio.

Ao final da apresentação de Madonna, em Nova York, o rapper multimídia Psy contou que foi convidado para vir ao Rio no Carnaval, desfilar para a escola de samba carioca Inocentes de Belford Roxo.

Madonna

Foi o suficiente para ela chamar o autor do hit ‘Gangnam Style’ para vir ao país participar dos shows que fará por aqui em dezembro. Ainda não está confirmado, e a produção de Madonna aqui no Brasil ainda estuda a possibilidade.

O hit, sucesso no mundo todo, também bomba por aqui e fecha o ano com quase 700 milhões de visualizações do Youtube, considerado o maior fenômeno musical de 2012.

Madonna tem agendadas quatro apresentações no país: dia 2 de dezembro no Rio; no dias 4 e 5 de dezembro em São Paulo; e dia 9 de dezembro em Porto Alegre.

Para quem não viu como foi, vídeos:

O apresentador Anderson Coorper comenta do show no Today Show (EUA)

DVD Madonna MDNA 2012 Vol.2

dvd mdna VOL2 2012 peqMais um novo DVD aderido no Madonna Madworld. O DVD trás a entrevista de Madonna ao programa da Ellen DeGeneres, um especial sobre os 30 anos de Madonna da Globo News e mais bônus. Vídeos em qualidade HD. Confira o track-listing:

– Johnnie Walker – Projeto Keep Walking, Brazil 2012
– 30 anos de carreira – Globo News
– The Ellen DeGeneres Show 29.10.12
– Billy Eichner On The 2012 Presidential Election AND OMG MADONNA! – CONAN on TBS
– Live Facebook Chat Moderated by Jimmy Fallon 2012
– El Secreto Mejor Guardado – Madonna en La Viola 2012
– Interview Harry Smith for Rock Center with Brian Williams 18.04.12
– L’incontro Speciale Con Madonna (Interview)
– Anderson Cooper – Interview 02.02.12
– Like A Virgin/Love Spent MDNA Tour Chicago 20.09.12
– Passagem de som em Kiev – MDNA Tour 2012
– Madonna – I´m A Sinner (MDNA Tour St Louis) (Falha no microfone de Madonna no momento da performance)

 

CAPTURAS

dvd madonna 2012 mdna vol2

OFICIAL: DVD MDNA TOUR será gravado em Miami dia 19 e 20 de novembro

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Confirmado pelo site oficial de Madonna, o madonna.com. Nada de Colômbia. O DVD/Blu-ray oficial da tour MDNA será gravado em Miami, EUA, nos dias 19 e 20 de novembro, segunda e terça-feira.

Para os membros do fan clube oficial de Madonna, os que comparecem ao show bem caracterizados de Madonna concorrerão ao Golden Triangle. Estes dois shows serão os últimos da etapa americana.

A gravação acontecerá no American Airlines Center com capacidade para 20 mil pessoas.

Eis a diferença de palco para os shows do MDNA Tour em estádios e em arenas.

ESTÁDIOS

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ARENA

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RUMORES ANTERIORES DE QUE SERIA GRAVADO NA COLÔMBIA

Segundo o jornal ‘El Colombiano’ Madonna teria fechado contrato com a prefeitura de Medellín para a gravação do DVD da MDNA Tour na cidade. O show será realizado nos dias 28 e 29 de novembro no estádio ‘Atanasio Giradort’ para mais de 100 mil pessoas e segundo a fonte uma porcentagem dos lucros com as vendas será destinada ao local. A prefeitura da cidade ofereceu U$ 3 milhões a Madonna para que o show fosse gravado lá, mas…

Madonna no Madison Square arrecada U$ 60 mil para vítimas do Sandy

MadonnaMadonna continua ajudando como pode as vítimas do furacão Sandy. Durante seu show no Madison Square Garden, realizado na terça-feira (13), a cantora novamente pediu para que o público fizesse doações, que seriam revertidas para as famílias e pessoas necessitadas. Para arrecadar ainda mais dinheiro, a Rainha do Pop abaixou as calças e mostrou o bumbum, segundo pessoas que falaram ao jornal The New York Post.

“Estou mostrando minha bunda pelas vítimas do furacão Sandy”, teria dito Madonna. Um fã jogou uma nota de U$ 20 no palco, que foi devolvida pela artista, que comentou que queria muito mais do que isso.

“Ela gritou: ‘Isso é o que minha bunda vale?’”, completou a fonte.

Informações não-oficiais contam que, no fim da noite, Madonna arrecadou U$ 60 mil (mais de R$ 124 mil) entre o dinheiro arremessado no palco e aquele dado por sua equipe e outras pessoas no local.

Foi neste show no Madinson Square Garden que a Rainha do Pop recebeu o cantor sul-coreano PSY, dono do hit Gangnam Style.

VÍDEOS

Crítica: Madonna vaiada em Detroit por defender Obama

madonna mdnatour detroit 2012

Madonna foi vaiada na noite em Detroit. Por que ela foi vaiada? A razão pode te surpreender. O público estava chateado por ela exibir imagens de armas e violência? No fim das contas, era Detroit, e Detroit não é conhecida pela sua baixa taxa de criminalidade. Não.

O público estava chetado pelo simbolismo religioso e sexualidade? Não. O público estava ansioso pra ver o show dela, por ter começado muito tarde? Sim, mas não vaiaram.

Então por que a multidão em Detroit vaiou Madonna? Não tinha nada a ver com violência, armas, sexo, drogas…ela disse apenas uma coisa: ela estava feliz por Obama ter vencido as eleições. E o público a vaiou.

Madonna acabara de agradecer ao Michigan, seu estado natal, e de dizer a eles como se sentia feliz por estar em casa. Até o pai dela estava na plateia. Era o show de boas vindas ao lar de Madonna.

Daí, tudo mudou e ela contou a eles que estava feliz pela vitória de Obama. Eles vaiaram e continuaram vaiando. Ela quis dizer mais uma coisa a eles. Entretanto, ao invés de ouvirem-na e deixar que ela concluísse, o público continuou vaiando. Eles foram, na minha opinião, desrespeitosos.

Não me entenda mal, é muito bom ter liberdade de expressão e Madonna já aproveitou bastante deste direito. Mas também acredito em civilidade e respeito ao próximo. A plateia em Detroit não o fez. Sabe, durante um show, um artista tem alguns minutos pra conversar com a plateia. Durante este tempo, eles têm “o palco” e é muito pouco pro público ouvir o que o artista tem a dizer. Por censurar Madonna, o público, além de não praticar a liberdade de expressão, foram desrespeitosos.

Por isso, posso dizer que Madonna ficou chocada e não conseguiu terminar o que queria dizer. Realmente queria saber o que isso seria, mas Detroit vaiou e não deixaram-na falar. Ela eventualmente falou de como a América tem a liberdade de voto, mas até a plateia estava surpreendentemente morna, e muitos continuaram vaiando.

Madonna voltou pra casa e o público foi desrespeitoso. Pra mim, isso foi completamente inesperado. Obama ganhou o estado de Michigan. Obama ganhou os outros municípios ao redor de Detroit. Sem mencionar que o show de Madonna tem várias referências aos direitos dos gays e lésbicas, bebidas, violência e ícones religiosos – alguns dos quais presumo que não caberiam no estereótipo de voto Cristão e conservador. Logicamente, a plateia seria pró-Obama. Não foi. A plateia era claramente pró-Romney e os estereótipos associados àquele partido foram partidos, quase.

Os especialistas em Política estão se divertindo ao analizar a eleição e culpar todo tipo de pessoa, o que me faz pensar em quem estava na plateia. Meu primeiro estereótipo de Conservadores brigou com os estereótipos do Cristianismo, mas ninguém vaiou aquilo. E não me atrevo a assumir que a plateia foi hipócrita.

Daí, me ocorreu que os ingressos de Madonna não foram baratos. A multidão que estava vaiando não veio da parte barata. A multidão que estava vaiando veio primariamente da parte inferior e da pista, cujos ingressos foram caros. Assim como pela manhã, o show não estava esgotado. As pessoas pagaram US$ 150, 300 ou até mesmo alguns milhares de dólares por esses ingressos. Sim, talvez os conservadores, com os ingressos caros na pista, estivessem contra o Obama e chateados pela derrota de Romney. Talvez, o estereótipo de que um rico Romney estivesse atendendo ao povo rico fosse verdadeiro.

O que realmente me incomoda sobre isso tudo é que Madonna não conseguiu concluir suas ideias e expressar as emoções à plateia. Ela não conseguiu “se expressar”. Talvez até tenha, no último ato, em que vestiu várias camisas do Obama. Mas ainda quero saber o que ela teria dito naquele discurso, se tivesse a oportunidade.

Acho que me sinto como Madonna. Sendo assim, tento mostrar amor e, em troca, recebo outra coisa. Em minha cidade natal de Ann Arbor, o prefeito Hieftje ganhou as eleições. Não sei/me importo pra qual partido ele trabalha, e não concordo ou discordo com todas as políticas dele.

Na seção de comentários do nosso jornal local, eu escrevi: “Parabéns ao prefeito!”. Várias pessoas de Ann Arbor odiaram o comentário. É justo, talvez estivessem nervosos por ele ter ganhado. Mas o que me surpreendeu foi o ódio também por este comentário: “Se concordo ou discordo com o prefeito…respeito o voto…e acredito em desejar sinceros parabéns. Podem odiar meu comentário, mas é respeitoso desejar parabéns”.

O que aconteceu com Madonna não é exclusivo a ela. A plateia vaiou quando ela disse “Obama”, mas continuaram vaiando enquanto ela tentava falar. A Civilidade está meio perdida em partes da América. O que está acontecendo com você, América? Por que você não consegue parabenizar alguém? Por que não consegue mostrar respeito quando alguém expressa uma opinião?

Quanto a Madonna, será interessante ver se ela voltar a Detroit. Da próxima vez, Detroit, mostre um pouco de amor e respeito a ela. Madonna, por favor, conte-nos o que você teria dito. Obrigado por mostrar um pouco de amor. Desculpe por Detroit.

Forbes