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Crítica JB Online: Fãs de Madonna vão ficar de bico seco no Brasil

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Prepare-se: a Lei Seca e a Lei Anti-Fumo vão imperar nos shows que Madonna fará no Brasil nos dias 14 e 15 no Maracanã(RJ) e 18, 20 e 21, no Morumbi (SP). Nesta quinta-feira à noite, no Estádio Monumental de Nuñez (o campo do River Plate), não houve fumaça nem cerveja à vista. Por recomendação do escritório da cantora, é proibido fumar próximo ao palco e vender qualquer tipo de bebida alcoólica. A medida só poderá ser revertida se a Time4Fun, que produz as apresentações no Brasil, convencer os produtores de Madonna. Das 20h, quando começou o set do DJ londrino Paul Oakenfold, até o último pulo e acorde da noite, lá pela meia-noite e meia, não houve nenhum atendimento por excesso de bebida.

A empresa que registra em vídeo os shows em Buenos Aires terá problemas com as imagens. Mesmo quase lotado (quase 66 mil pessoas), o estádio foi encharcado de frieza. Diferentemente do que ocorre tradicionalmente no Brasil, a platéia portenha pouco se mexeu, apesar da aeróbica frenética de Madonna e de seus bailarinos em pouco mais de 2 horas de show e 23 canções e intervalos com vídeos.

O público só acordou quando, apoiada num quarteto acústico (dois violões, violino acústico e acordeon), Madonna interpretou Don´t cry for me Argentina, com a bandeira do país no telão, para regogizo de nossos vizinhos. Como a canção não estava programada no roteiro, é possível que Madonna faça homenagem idêntica no Brasil. Ao fim do show, mais uma tentativa de aproximação, quando ela escolheu um sujeito da platéia para sugerir uma canção antiga. Amparada apenas na base rítmica, Madonna teve que pôr para fora Like a virgin. A Rainha do Pop apontou o microfone ao rapaz e disse: “Você, que música você quer ouvir no show?”. Emocionado, Tomaz, que ela citou como “Tomis”, logo depois passeava como estrela nos arredores do palco.

O show de Madonna é espetaculoso, grandioso como habitual, de roteiro fechadinho, grooves pesados – até uma onda de guitarra thrash metal se empresta em canções como Hung up. Luzes, telões, imagens de todas as formas, referências pop. Um show de Madonna tradicional. Aquele que não se pode perder. Mas… não arrisque. Não leve cigarros e beba antes. E não se preocupe com ingresso: Há 12 mil convites ainda à espera de comprador na bilheteria para o segundo dia (15) de Madonna no Rio.

Crítica O DIA: Madonna em ponto de bala na Argentina

Abrindo sua fantástica fábrica de doces na América do Sul com show para 66 mil pessoas em Buenos Aires, diva mostra que quem é rainha nunca perde a majestade

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Não interessassa se ela é coroa, como apregoam seus críticos mais ácidos. Aos 50 anos, Madonna continua superando os próprios limites em apresentações impecáveis, como a que foi vista na última quinta-feira, em Buenos Aires, Argentina, abrindo a turnê de 11 shows na América do Sul.

Nem o estresse da véspera — o show de quarta-feira teve de ser adiado para quinta por conta do atraso no vôo que levava parte dos equipamentos — tirou o brilho da noite. A estrela estava extremamente simpática com a platéia de 66 mil pagantes.

Uma platéia um tanto fria, é verdade, mas que despertou do estupor quando ela disparou ‘Don’t Cry For Me Argentina’, que cantou pela primeira vez ao encarnar no cinema a ex-primeira-dama do País, Evita Perón.

Às 20h, o DJ Paul Oakenfold começou os trabalhos. Depois, silêncio até as 21h50, quando a diva surge no trono cantando ‘Candy Shop’, seguida de ‘Beat Goes on’, de seu CD ‘Hard Candy’.

Trata-se de um show feito sob medida para uma senhora de 50 anos no auge da boa forma — mas sempre uma senhora. Daí vem um aparato tecnológico de deixar o queixo caído, que exige menos acrobacias da estrela. Os cenários são quase todos virtuais, passados nos telões de altíssima definição, e a qualidade do som, irrepreensível. Fica impossível reproduzir em palavras a grandeza do apuro eletrônico: é preciso ver para crer.

Os bailarinos e as ‘backing vocals’ têm menos personalidade do que nas outras turnês. Em ‘Sweety’, Madonna é absoluta. Ainda na primeira parte, surge Britney na tela fazendo duo em ‘Human Nature’, e ‘Vogue’.

Em seguida, um intervalo para um clipe de ‘Die Another Day’, abrindo a seção boxeadora. Zica: o ringue montado para servir de cenário aos bailarinos-lutadores se desmonta, mas Madonna dá um nocaute no problema aparecendo de shortinho vermelho para um dos grandes momentos, ‘Into the Groove’ remixada a ‘Jump’. Seguem inúmeros solos com guitarra em ‘Ray of Light’ e nas versões roqueiras de ‘Borderline’, ‘Miles Away’ e ‘Hung Up’.

A cantora dedica ‘She’s Not Me’ “às melhores amigas que roubam seu namorado” e trava uma luta sensual com seus clones — uma bailarina recebe um beijo na boca da diva, repetindo a cena que ela viveu com Britney no MTV Awards.

O figurino da terceira parte do show é o mais acertado — um vestido Givenchy com colares de muitas voltas. Ela inicia com ‘Devil Wouldn’t Recognize You’ e ‘Spanish Lesson’ e termina com ‘La Isla Bonita’ e um grupo de música cigana entoando ‘Doli Doli’. Depois, ‘You Must Love Me’ e ‘Don’t Cry For Me Argentina’. Um vídeo com o rosto de Barack Obama ao som de ‘Get Stupid’ anuncia a parte final. Justin Timberlake aparece em telas que dançam com Madonna em ‘4 Minutes’ e mensagens cabalísticas ilustram ‘Like a Prayer’.

Quando ela pede a um rapaz da platéia que escolha uma de suas músicas antigas para cantar à capela, ele grita ‘Like a Virgin!’. Uma dica: o sortudo que escolhe a música fica sempre do lado direito do palco, na chamada ‘platéia vip’, que por aqui custa R$ 600 e está com lotação esgotada, ao contrário dos demais ingressos, ainda disponíveis. ‘Give it 2 Me’ encerra a apresentação.

Mulheres de 50 anos viram causa da diva pop

A mulher que inventou os shows-videoclipes é um caso único de artista pop que permanece no trono há mais de 25 anos e prepara-se para faturar R$ 600 milhões na turnê mais rentável da História. Quinze anos depois de deixar os brasileiros fascinados com ‘The Girlie Show’, Madonna volta ao País no próximo domingo, dia 14, diferente: religiosa, mãe de três filhos e recém-divorciada pela segunda vez.

Talvez isso se reflita na platéia, em que, pelo menos na Argentina, viam-se menos gays-seguidores e mais famílias com crianças e mulheres maduras. A mocinha que quebrou tabus e virou de cabeça para baixo os costumes ao longo dos anos 80 e 90 levanta nesta turnê a bandeira de um novo tipo de revolução: a das mulheres de 50 anos, para quem a vida está apenas começando e deve ser saboreada como um doce sem medo de ser feliz. Não pense duas vezes: é hora de esquecer a dieta e correr para o Maracanã.

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