Irmão mais novo da cantora Madonna, Christopher Ciccone passou dezoito anos trabalhando com a estrela do pop. A convivência foi interrompida há cinco anos, quando Madonna descobriu que o irmão usava drogas. Recentemente, Christopher lançou o livro A Vida com Minha Irmã Madonna (Editora Planeta), no qual desfia histórias sobre Madonna e aqueles que a cercam, como o ex-marido Guy Ritchie. Christopher conversou por telefone com o repórter Sérgio Martins.
É bom ou ruim ser o irmão de Madonna?
Quando nos falávamos, era bom. Eu ia a todas as festas, com bebida liberada. Foi inesquecível dirigir alguns de seus clipes e, sobretudo, conhecer Gene Kelly, um dos meus ídolos, que fez coreografias para minha irmã. Assim que brigamos, contudo, pessoas que antes me tratavam muito bem se esqueceram de mim. Esse foi um lado ruim, cruel.
Qual rejeição o deixou magoado?
Sem dúvida, a de Demi Moore. Tivemos nossos atritos, é verdade. Certa vez, ela pediu que eu decorasse o quarto de seus filhos sem ao menos perguntar se eu cobraria pelo serviço. Sabe o que fiz? Comprei móveis numa loja popular e mandei entregar na casa dela. Para mim, foi uma maneira educada de dizer “Vê se se enxerga”. Mas sempre achei que ela fosse minha amiga. Desde que briguei com Madonna, nunca mais recebi uma ligação sua. Isso me deixou triste. Ela é uma mimada e me usou como se eu fosse um animal de estimação.
Madonna deixou de falar com o senhor por causa do seu vício em drogas. O senhor está curado?
Meu grande vício sempre foi Madonna. Ela preencheu anos e anos da minha vida. Quanto às drogas, digamos que tenho um lado negro que preciso alimentar de vez em quando.
Qual foi a reação de Madonna ao seu livro?
Quando soube que eu estava escrevendo a seu respeito, Madonna disse a nosso pai que não gostaria de lê-lo. Seu advogado mandou uma carta ameaçando-me de processo. Até agora, não sofri nenhum tipo de retaliação. Não há nada no livro que possa provocar um processo. Além disso, a vida pessoal de minha irmã anda tão atribulada que ela mal deve ter tido tempo de prestar atenção no livro.
Por que expor a intimidade de sua irmã?
Sei o que você está pensando: o ressentido que não fala com a irmã famosa resolveu vingar-se. Mas eu não fiz um livro sensacionalista. A Vida com Minha Irmã Madonna traz detalhes preciosos sobre sua carreira, bem como informações sobre como ela se prepara para cada turnê.
O senhor ficou surpreso com o anúncio do divórcio de Madonna e Guy Ritchie?
Meu pai e meus irmãos sabiam que o casamento estava naufragando. Nunca comentaram nada comigo, por causa da briga que existe entre nós. No fundo, eu sabia que o casamento não daria certo. Guy é um sujeito problemático. Madonna nunca achou de verdade que ele fosse o homem de sua vida.
Sua irmã envelhece bem?
É difícil chegar aos 50 anos, ser ainda desejável e entreter uma platéia noite após noite, como ela faz. Minha irmã realizou as plásticas indispensáveis, no que fez muito bem. Eu também pretendo entrar na faca quando envelhecer.
Correm notícias de que o senhor está escrevendo outro livro. Deixe-nos adivinhar: será sobre Madonna?
Vou fazer muitas coisas. Um musical sobre uma diva e seu secretário. Um filme sobre um serial killer que ataca na Califórnia – e que talvez tenha sósias das amigas de Madonna entre suas vítimas. E um livro, sim, mas sobre minha experiência como gay.
| Fonte: Revista Veja – Edição 24 de dezembro de 2008 |