Arquivo da tag: Crítica

Madonna diz ter sido ‘irônica’ ao chamar Obama de ‘muçulmano’

Madonna

Madonna disse na terça-feira (25) que estava sendo “irônica sobre o palco” ao se referir ao presidente Barack Obama como um “muçulmano negro”, durante show na véspera em Washington. Um vídeo gravado por um espectador e colocado no YouTube mostra Madonna, de 54 anos, fazendo um discurso político sobre a liberdade, em termos inflamados e com muitos palavrões.

“Agora, é tão bacana e incrível pensar que temos um afro-americano na Casa Branca (…), temos um muçulmano negro na Casa Branca (…), significa que há esperança neste país, e Obama está lutando pelos direitos dos gays, então apoiamos o homem”, disse Madonna.

Obama, que disputa a reeleição em 6 de novembro, é um cristão praticante. Reagindo ao furor midiático causado pela frase, Madonna divulgou nota na terça-feira dizendo que a referência religiosa foi uma brincadeira. “Eu estava sendo irônica sobre o palco. Sim, sei que Obama não é muçulmano – embora eu saiba que muita gente nesse país acha que ele é. E daí se ele fosse?”

“O que eu estava argumentando é que um homem bom é um homem bom, não importa para quem ele reze. Não ligo para qual é a religião de Obama – e ninguém mais na América deveria ligar.”

Desde a primeira candidatura presidencial de Obama, em 2008, grupos minoritários e oponentes ignorantes espalham rumores de que ele seria secretamente um seguidor do islamismo – boatos semelhantes às declarações persistentes e também falsas de que ele teria nascido fora dos EUA, sendo portanto inelegível para a presidência.

Madonna apoia abertamente Obama, e em shows recentes foi vista com o nome dele escrito nas costas. Esse tem sido um ano de muitas polêmicas políticas para a cantora. Em julho, num show dela em Paris, a imagem da líder ultradireitista francesa Marine le Pen apareceu no telão superposto a uma suástica. A Frente Nacional, partido de Le Pen, prometeu processar Madonna.

Em agosto, durante shows na Rússia, a cantora causou polêmica com autoridades locais ao defender o direito dos homossexuais, e também se manifestou pela libertação de três integrantes da banda punk feminina Pussy Riot que foram condenadas a penas de prisão após fazerem um protesto contra o presidente Vladimir Putin numa catedral moscovita.

Madonna chama Barack Obama de ‘negro muçulmano’ em show em Washington

Madonna

Em ano de eleições nos Estados Unidos, Madonna não deixaria de falar sobre suas escolhas políticas, claro. Durante show do MDNA Tour realizado em Washington, nesta segunda (24), a cantora fez declarações polêmicas sobre Barack Obama, atual presidente dos EUA e candidato democrata à reeleição.

Depois de falar sobre a sua admiração por figuras como Abraham Lincoln e Martin Luther King Jr., Madonna discursou sobre o presidente. “É tão assombroso e incrível pensar que temos um afrodescendente na Casa Branca. Todos vocês vão votar no Obama, ok? Bem ou mal, temos um negro muçulmano na Casa Branca, certo? Isso significa que existe esperança no mundo. E Obama está lutando pelos diretos dos gays, certo? Então apoiem o homem, porra! Estou com vocês; e vocês, comigo?Assim vocês farão melhor votando em… Obama, de acordo?”, completou.

As declarações de Madonna geraram certa polêmica, como sempre, principalmente por ela ter se referido a Obama como ‘negro muçulmano’. O presidente dos EUA é negro e tem raízes muçulmanas, mas não é praticante da religião. Ao suscitar essas características de Barack, Madonna mexeu em um terreno controverso e cheio de vieses muito profundos.

Mais de um em cada três eleitores republicanos conservadores ainda pensam que Obama -que se tornou o primeiro presidente negro dos Estados Unidos em 2008 – é muçulmano, indicou um estudo do início deste ano, quase quatro anos depois de o mandatário ter assumido o cargo.

O geral, 17% dos 3.000 eleitores consultados em junho e julho acreditavam que Obama era muçulmano, apesar de este, um cristão que frequenta a igreja, ter manifestado diversas vezes as suas crenças religiosas, indicou o Pew Research Center.

Obama tentará a reeleição no dia 6 de novembro, enfrentando o republicano Mitt Romney.

Assista ao vídeo:

Crítica Washington: “Tudo que Madonna mostrou fez os shows de outros artistas pop parecer superficiais e pequenos”

Madonna - Washington - Revolver

Madonna no Verizon Center – Washington, DC
Por Dave McKenna, segunda-feira, 24 de setembro 11:58

Madonna, a Diva Boa e a Diva Má, enfrentaram-se neste domingo, 23, no Verizon Center, na primeira de duas noites na Cidade. E Boa acabou triunfando.

Mas levou um tempo. Como uma verdadeira Diva Má, Madonna subiu ao palco às 22:30, duas horas e meia após o horário previsto do show. O atraso atrapalhou bem mais que os afazeres domésticos; a organização da arena foi forçada a fazer um acordo com o Metrô para a prorrogação do prazo habitual de serviço à meia-noite. Madonna, no entanto, certamente foi beneficiada financeiramente com o adiamento, porque uma parte da plateia, composta de fãs que tinha pago de US$59 a US$390 por bilhete, matou tempo visitando as lojinhas de mercadorias, gastando um adicional de US$45 em camisetas oficiais de “I’m a Sinner” ou com os DVDs de ginástica “Addicted to Sweat” (com exercícios chamados “Get Wet” e “Dripping Wet”)

Quando o show realmente começou, o lado benevolente da superdiva Madonna apareceu. Tudo que Madonna mostrou para os fãs fez os shows de outros artistas pop, como Britney Spears e J.Lo, parecer superficiais e pequenos. Madonna aparentemente tem os melhores dançarinos, coreógrafos e designers, e um orçamento muito maior do que todos os outros. Como Nicki Minaj disse à plateia em uma participação especial em vídeo mostrado no final de “I Dont Give A…”:”Há apenas uma rainha, e é Madonna.”

Logo na abertura: Com o palco cheio de homens musculosos em roupas de monge e contorcionistas em pedestais colocando os pés atrás de seus pescoços e um turíbulo dourado lançando fumaça balançando para lá e para cá na frente de uma catedral gigante, enquanto alguns cantos gregorianos de densa sonoridade soaram sobre o público, Madonna desce de um oratório vestindo um macacão preto e empunhando um rifle. A música medieval foi então substituída por Madonna sussurrando, “Oh, my God!” repetidamente antes de mostrar seu mais recente single, “Girl Gone Wild”. E enquanto esfregava-se em seus dançarinos um gigantesco telão mostrava o que parecia ser o fim do mundo. Madonna sobreviveu a este mini-armageddon com energia suficiente para pegar o rifle e metralhar a multidão mais uma vez antes do final canção.

madonna Washington Romney Obama2

Ela manteva esse nível bombástico por mais de duas horas de show.

O espetáculo de Madonna, chamado de MDNA Tour, é certamente sua produção mais violenta até o momento. Durante a performance de “Gang Bang”, o palco tornou-se um quarto de motel decadente em que ela bebeu uísque e usou armas de fogo para matar alguns bandidos. Ela montou seu corpo em um teatral mas confuso impulso pélvico, gritando “Morra vadia!” várias vezes, embora não fosse claro se todas as letras eram cantadas ao vivo. Enquanto isso, os telões mostravam tanto sangue espalhado que faria Quentin Tarantino ter náuseas.

Apesar de Madonna, de 54 anos, parecer um pouco velha para ter esse fascínio pela violência “cartoonesca” e macabra, seus fãs tem idade o suficiente para lidar bem com isso. Longe vão os dias em que milhões de meninas adolescentes expressavam sua individualidade coletivamente vestindo as mesmas roupas de gosto duvidoso que sua ídola usava no palco ou em vídeos.
“Ninguém veio vestido (de Madonna) hoje à noite!”, lamentou Lauren Bruzonic, de 34 anos, de Annandale, no saguão do Verizon Center que estava com quatro amigas de 30 e poucos anos vindas de sua terra natal, Virgínia do Norte enquanto esperavam o show começar. Quase todos estavam com roupas comuns, mas Bruzonic e sua galera usavam velhos bustiês e crucifixos em forma de tributo ao seu ídolo.

“Eu era apaixonada pela Madonna quando eu era uma menina – e que menina não era?” Bruzonic disse. “Eu estou aqui porque todas as suas canções antigas ainda me fazem feliz.”

Fãs que estiveram com Madonna desde a época em que Bruzonic estava , sem dúvida estavam preparados para todo o escândalo que caracterizou este show. Mas a plateia parecia muito mais atenta e interessada quando Madonna canalizava seus atenções focando sua energia em coisas mais lúdicas e divertidas. Ela vestiu uma roupa de majorette para “Express Yourself” e enquanto um grupo de tocadores de tambor balançava em cima da cabeça de todos (nota do tradutor: acho que ele juntou as performances de “Express Yourself” e “Give Me All Your Luvin'” como sendo uma só), Madonna girava o seu bastão, talvez recriando movimentos que ela usou durante seus dias como cheerleader. Aí, antes da música acabar, Madonna levantou a saia e dançou com o bastão. Os fãs deliraram, assim como deliraram com ela gritando: “Bata o bumbum com seu vizinho!” em meio a sexy performance de “Holiday” ou de seu já conhecido sutiã de metal cônico repaginado em “Vogue”, e com ela abaixando suas calças em “Human Nature”.

Mas um show de Madonna não é totalmente dependente de uma ousadia pré fabricada, vozes pré-gravadas ou exposição de suas partes íntimas. As luzes da casa acenderam quando “Like a Prayer” começou, e Madonna levou coro contratado e mais cerca de 20.000 cantores voluntários a entoar o hit 1989 em uma única voz. Nenhuma arma foi disparada nem nenhuma virilha agarrada. Nenhuma palavra obscena foi proferida. No entanto, “Like a Prayer trouxe mais prazer e emoção que se esperava do espetáculo na arena, mesmo que a atração principal tenha feito os fãs esperarem tudo o tempo que Madonna fez.

Brava, diva!

(McKenna é um escritor freelance. Washington Post) Obrigado a Jorge Luiz pela boa vontade na tradução do review. You Rock Baby!

VÍDEOS

Chicago: “Show de Madonna no United Center cheio de flash e bajulação”

Madonna se apresentou na noite desta quarta e quinta-feira com o MDNA Tour no United Center, em Chicago. Ela fez a alegria dos fãs ao cantar na noite de ontem, após “Like A Virgin”, “Love Spent.” Ainda teve novamente “Holiday.”

Esta crítica foi escrita pelo jornal “Chicago Sun-Times” por Thomas Conner. Ele mostra todo conservadorismo do Estado de Illinois de uma mídia bem conservadora e partidária, então não tem como falar bem de Madonna não é? Lembre-se que estamos em epoca de eleição nos EUA e lá as coisas sao bem mais acirradas por aqui. Madonna apoia o Obama que é Democrata, a linha mais liberal da disputa, e um jornal que segue a linha republicana nunca iria elogiá-la.

Madonna
No início dessa semana, Madonna provocou um pequeno rebuliço com uma leve cortada a Lady Gaga, se referindo a ela durante um concerto e adicionando: “A imitação é a mais sincera forma de elogio.”

Quarta-feira à noite, no Chicago United Center, o primeiro dos dois concertos lá essa semana, Madonna novamente soltou o refrão de “Born this Way” da Gaga no meio do refrão da sua “Express Yourself” – com certeza que são parecidas – mas continuou sem nenhum comentário. Bom, quase. Ela cantou um pouco de “She´s Not Me” no finalzinho.

Soa como uma paranoia maldosa da inigualável rainha do pop, como se a Material Girl – o 1% se é que já existiu – tivesse adotado o novo slogan Republicano ( “Nos o construímos” ) e seu falso senso de um individualismo grosseiro. Madonna abriu espaço para as mulheres do pop durante os anos 80 e pode facilmente justificar seu amor ao redor do mundo, mas o seu sucesso é uma verdadeira colcha de retalhos barata, uma síntese inteligente do melhor entre os melhores. O show de quarta só veio aumentar a longa lista de filmes e de artistas que ela mesma elogia com imitações.

Na verdade, a abertura do concerto de duas horas – cheio das projeções usuais e pesados hoofings, com um simbolismo religioso e exibicionismo gratuito – encontra a megastar da Geração X, agora com 54 anos, encenando cenas violentas como se estivesse atuando em um filme de Tarantino ( ou seria em um de seu ex-marido Guy Ritchie? ). Quebrando uma janela de igreja e carregando uma metralhadora, Madonna e sua legião de dançarinos se jogam em várias cenas violentas, que incluem apontar armas para a multidão várias vezes e desaparecer no meio de sequestradores – seu sangue espirrando nas telas de projeção – enquanto canta “ Quero vê-lo morrer, de novo, e de novo, e de novo.” ( Gang Bang )

Tirando as suas táticas chocantes baratas, não é exatamente a coisa mais agradável de se assistir ao final deste verão em específico aqui em Chicaco.

Em uma declaração anterior, Madonna descreveu sua MDNA Tour, que promove seu novo album (altamente criticado, apesar de que eu não o detestei) como “uma jornada da alma da escuridão até a luz”, assim como “parte espetáculo e, em alguns momentos, uma performance artística intimista.” A produção do nível Broadway aparece sim, eventualmente, apesar de ser desprovida de arte e mais próximo do espetacular. Monges e seus mantos rapidamente se transformam em rapazes sarados sem camisa (Girl Gone Wild), líderes de torcidas e pequenos tocadores de tambor fazem sua parte (Give Me All Your Luvin’). Existe o cross-dressing e dança de mãos (Vogue) e tudo termina num momento “Tron encontra Tetris”, sinta-se bem e dance (Celebration).

Os melhores momentos portanto estão no meio do show, sem toda a parafernália. Ela canta “Turn Up the Radio” sozinha e um microfone na passarela tocando sua guitarra, nada mais. “Open your Heart” se transformou em um arranjo Basco interessante, com a participação total dos dançarinos passeando pelo palco como pessoas normais ao invés de coreografias mirabolantes. (Aqui também aparece seu filho de 11 anos, Rocco Ritchie tentando alguns movimentos e sorrindo de uma orelha até a outra ). Depois vem “Holiday”, relaxada e espontânea.

É um momento natural e revigorante, e dá a Madonna a chance de se espremer entre algum momento de bajulação a Oprah (ela foi a última a se despedir de Oprah no United Center no início do ano passado) e entregar um impromptu sobre o auto-poder, trantando-se uns aos outros com respeito.

Performer, regozige-se. Seu legado está seguro e pavimentado para toda uma geração por vir – a plateia desta quarta era mais ou menos da minha idade – se você adotar Gaga debaixo de suas asas ao invés de ficar mostrando suas garras para ela. Vá e ensine a garota uma coisa ou duas. Ela precisa disso.

Madonna fala sobre Oprah no discurso do show antes de “Masterpiece”.

A última vez que estive aqui foi por causa de Oprah Winfrey. Ela é uma mulher incrível, uma mulher para se olhar para cima e admirar. Não temos um monte de modelos no mundo nos dias de hoje. Ela tem feito muito para mudar o mundo e eu sou muito grata a ela por isso, mas você não precisa ser a Oprah Winfrey para mudar o mundo. Você não precisa de ser eu a mudar o mundo. Você só precisa ser você. Você precisa deixar sua luz brilhar. Eu sei que você já ouviu isso antes, mas você poderia se lembrar depois do show para deixar sua luz brilhar, para tratar um ao outro com respeito, para não votar em Mitt Romney. Obrigado. A festa acabou.”

“Love Spent” e “Holiday”

Crítica: “O show de Madonna foi um momento de honestidade frágil que permanecerá na memória de todos.”

madonna mdnatour boston

“Oh meu Deus”

Como escrito nestas linhas, a abertura de “Girl Gone Wild”, da nova tour de Madonna, MDNA, faixa do novo álbum MDNA, reverberou em torno dos arredores cavernosos do TD Garden, um grande crucifixo digital adornado o Jumbotron no palco e coberta de manto transpassa no palco em meio ao balanço de um enorme turíbulo de incenso. Muitos presentes provavelmente pensaram imaginaram várias coisas: blasfêmia, um segmento circense e um punhado de hits de catálogo de três décadas da carreira de Madonna.

É um direito tirar conclusões, mas muitos erraram. E eu poderia até mesmo identificar o momento em que todos percebemos como nós estávamos errados, foi mais fácil que roubar doce de criança: quando Madonna surgiu no palco para começar o show com “Girl Gone Wild”, seu mais recente single de seu último álbum, MDNA, tivemos o direito de ver uma enorme metralhadora apontada para o ar. Em “Revolver”, 2009, que vem logo após, ela sangrou sua transgressão com mais sangue e depois com mais uma faixa do MDNA,”Gang Bang” — bem, vamos apenas dizer que Madonna levou a multidão de 30 mil pessoas a um lugar escuro que poucos esperavam minutos antes da Rainha da música pop da década entrar no palco.

Antes de me aprofundar em detalhes desagradáveis, porém, vamos voltar e obter uma perspectiva sobre o que estamos falando aqui: isso é Madonna, que é, sim, uma artista de música pop, com mais hits #1 que Elvis Presley. Mas ela também é um artista que, para a manter sua invejável carreira, ou pelo menos para ter total controle de sua estética e produção, tem se esforçado para confrontar os símbolos não só de uma sociedade que não entende bem o que ela apresenta às vezes para o público, mas um público que tem tentado fechar os olhos aos seus impulsos, querendo nada além do que um simples pop pop pop, e simplicidade não combina com Madonna. A carreira de Madonna, especialmente nos últimos 10 anos, tem sido uma questão de ceder ao mundo o pop que as pessoas almejam, mas com um gosto adicional de choque e admiração, uma questão de apostar mais no choque enquanto ela se torna cada vez mais agressiva.

Porque, vamos encarar, Madonna é uma das mais famintas estrelas pop que conhecemos. Com toda razão, também, uma vez que ela é, provavelmente, a estrela pop mais odiada e amada, com cada movimento seu escancarado para o público que presta atenção em qualquer coisa que ela faça. Cada álbum seu alcança o topo dos charts, mas não sem um coro de algumas críticas que ainda temem em falar que ela é irrelevante, e depois há as suas tentativas contínuas de uma carreira no cinema, agora como diretora com o lançamento do filme W.E., de 2012, e talvez apenas a apatia geral do público que pensa que ela é uma cadela persistente em continuar a reinar suprema década após década, quando muitos provavelmente queria que ela parasse e se comportasse como artistas de sua idade, remodelando, demonstrando seus hits antigos em forma de nostalgia em compilações em reconhecimento de que ela é personificada por seu auge dos anos 80. Mas Madonna está longe disso.

Para o seu show cheio de metáforas em Toronto com direito a máscaras numa encenação de uma peça de teatro repleta de crueldades, Madonna cantou em uma série de cenários em que tudo girava em torno dela como armas de assaltantes empunhando destruindo tudo, com a exibição de estiros de sangue Jumbotron grostescos que não nos deixava nos distrair com tanta informação acontecendo. Aquilo me lembrou de uma produção que vi de Titus Andronicus, com um cenário completamente branco repleto de sangue e com a polpa de assassinato até o final. Realmente foi uma espécie de pesadelo, como ela nos manteve em cativeiro suas fantasias mais sombrias e violentas, algo como aconteceu quando ela jogou ao mundo o livro Sex, em 1992 e forçou o rosto do público a olhar para o submundo escuro de suas fantasias mais retorcidas.

E ficou ainda mais pesado: uma breve pausa em “Papa Não Preach” foi cruelmente interrompida quando Madge foi abordada por um grupo de meliantes facialmente obscurecidos e que estavam vestidos com o que podia ser descrito como o uniforme de um esfarrapado bando de assassinos em série ou membros de grupos terroristas, um saco preto foi colocado sobre sua cabeça e ela foi amarrada a um par de longas varas e levados para centro do palco, onde ela nos serenata neste estado cativo para os doces tons do mega hit “Hung Up”, de 2005. Foi irônico, eu suponho, mas também uma terrível justa posição terrível, “terrível” no verdadeiro sentido da palavra. Isso me fez lembrar da melodia aterrorizante do álbum metal do Public Image Ltd., “Poptones,”, de 1979, quando uma mulher concentrada na música é atacada e levada a um bosque isolado para ser assassinada.

Como “Poptones”, Madonna sabe que pegar uma música pop, se é “Hung Up” ou “Papa Don´t Preach” ou “Girl Gone Wild” e fazer performances de músicas felizes em algo surpreendente com choques de terror que não lembra em nada do que já se viu antes. A maneira que ela implora “Don’t stop loving me, daddy,”, soa muito mais triste”; “time goes by, so slowly” é mais verdadeiro tanto com um saco na cabeça e uma arma na sua cabeça. Nas mãos erradas, a música pode ser uma tortura, se mesmo através da associação. Como cineasta em um mundo pós-Tarantino, Madonna sabe disso, e essa aventura toda parecia muito mais cinematográfica em termos de re-enquadramento de sua estética pop do que qualquer um de seus tours anteriores.

Madonna afrouxou seu controle sobre nós quando estava em 1/3 do show após uma rápida passagem com a música “I Dont Give A”, outra do álbum MDNA, mostrou-nos que ela realmente não está nem aí, exceto que ela está sim muito ‘aí’ quando falamos de seu meticuloso controle sobre seu espetáculo. Após o choque da abertura do início do espetáculo da passagem do MDNA Tour em Boston esta semana, muito violento, tudo parecia mais vivo, se somente na sua exibição de próprio esforço. Quando “Open Your Heart” inundou as ondas das rádios com sua suave melodia em 1986, parecia um leve pettifour na obra de Madonna; mas esta noite, trechos como “Eu tive que trabalhar muito mais do que isso para algo que eu quero, não tente resistir a mim,” me senti tão sincero e tão ameaçador.

A parte central deste show, após o Grand Guignol (famoso teatro francês) do choque da abertura, foi o imponente meigo hit “Vogue”, seguido de uma íntima volta ao hit de 1984 “Like A Virgin”. Para o primeiro, Ciccone surgiu com o cabelo puxado para trás, calça reta preta e uma camisa branca customizada; para este número, ela não dança tanto quanto enquanto supervisiona seus dançarinos com precisão exigente, agilmente suportando e a agitação em torno do seu círculo social com comando garantido. Era um certo tipo de círculo completo para esta dançarina antiga que se afastou do ofício para tentar a sorte no mundo post-punk de Nova Iorque, que como dizia a sua famosa professora, a lendária Pearl Lang, “eu acho que eu vou ser uma estrela do rock.” Lang pode finalmente aprovar o equilíbrio de Madonna esta noite, ou talvez não — novamente, toda a carreira da Madonna tem girado em torno de evitar situações onde ela precisa desse tipo de aprovação ou aceitação. O que explica por que ela sempre teve uma preocupação lírica com sua coreografia no palco e também porque seus momentos de confronto parecem menos destinados a qualquer pessoa presente e mais a si e suas próprias expectativas.

“Like A Virgin”, então, era o momento de fragilidade, após do rolo compressor que certamente foi “Vogue”; sozinha e seminua na passarela com apenas um piano solitário como acompanhamento, Madonna cantou de uma forma devagar e sugestiva diferente do arranjo original e despojada quase nua até que gritou tranquilamente sua mensagem de um anseio por coisas que todos já decoraram com a letra da canção. “Your love thawed out what was getting cold,” ela entoou, rolando sexualmente no chão em uma combinação de agonia e êxtase e que foi uma performance mais pessoal possível, como se estivesse sozinha em sua cama e não numa arena. A natureza discreta dos flagrantes da música de alguma forma mostrou que esse show não era para as massas, mas para Madonna e ela sozinha, sua necessidade de exorcizar seus debates internos, e que o público é apenas um acessório essencial para que o show fosse inesquecível. Mesmo que, com o atraso e com isso deixamos o estádio 1h30 mais tarde, toda a arena eufórica com a performance de “Like A Prayer” e “Celebration”, resplandecente com um coro fazendo jus ao seu status de realeza, o show de Madonna foi um momento de honestidade frágil que permanecerá na memória de todos.

by Daniel Brockman (The Boston Phoenix)

“A performance ao vivo de Madonna é um espetáculo da Broadway sobre rodas” – Ottawa, Canadá

No passado, Madonna poderia ter sido uma estrela menor nos dias agonizantes do Vaudeville, com alguns papéis coadjuvantes em algum filme mais elaborado de Bubsy Berkeley. A Madonna da era moderna é uma construção similar: uma imagem de celebridade inteligentemente considerada e moldada que quase disfarça o fato que ela é uma cantora pop com uma voz comum que ela acaba usando em canções pop “duvidosas”. Não que exista alguma coisa errada nisso

Nos 30 anos que Madonna vem vendendo seu peixe, dezenas de cantores e cantoras pop subiram e desceram nos charts musicais antes de serem incluídas na lista de descartados. É um meio bem desumano. Mas Madonna sabe tudo sobre ele. Quando ela estava no Scotiabank Place em sua malha para a passagem de som as 6 da tarde da segunda-feira, 10, as portas foram bem fechadas, até mesmo para os porteiros.

A entidade de celebridade conhecida como Madonna foi muito inteligente em desaparecer do palco – e talvez um pouco de sorte e como muitos sósias de Madonna no show de segunda-feira divertiram-se em atestar, não sem influência.

A performance ao vivo de Madonna é um espetáculo da Broadway sobre rodas, exceto que os espetáculos da Broadway começam uma hora razoável. O horário programado era às 20h. Quando o seu show, finalmente, começou às 22h20, foi fabuloso para cerca de 20 mil pessoas num show esgotado.

Esta atitude cavalheiresca para com pessoas que têm que acordar cedo e que deixaram suas babás em casa foi o ponto baixo do espetáculo. É estranho e quase um retrocesso aos anos 60 quando bandas de rock bêbados rotineiramente cambaleavam no palco sem respeito e nem relógio para os presentes. Não é que Madonna está nessa categoria de wastrel. Seus giros no palco entre uma legião de dançarinos soberbos e seu físico esculpido e invejável, apontam para uma mulher de 53 que não aparenta em nada a idade que tem.

Ela tem resistência para manter-se e mudar de roupas em segundos.

O nome Madonna vende os ingressos, mas na sua essência, esta viagem a outro mundo é uma soma de suas habilidades de entreter – um show que tem a função de ser o maior show do mundo, mas que precisa dos outros, tanto quanto eles precisam dela.

Ela ficar sozinha na frente de um microfone com um violão seria mais provável em bares pequenos. Mas com Madonna, ela brilha como uma estrela.

Parece uma comparação estranha, mas parece que Madonna recebeu o sangue e o choque do vamp clássico Alice Cooper, uma construção teatral de Vincent Furnier, com quilos de maquiagem e sangue falso em algumas performances em seu corpo que bolos maquiagem e falso sangue.

Imagens violentas na performance de Madonna nas músicas “Gang Bang”, do álbum MDNA, e em “Revolver”, não estão ali por acaso e nem são necessariamente gratuitas, mas certamente chocam. Alice Cooper escreveu o livro sobre o choque do rock mas não com o mesmo toque tecnológico.

Músicos geralmente tem algo a mais a vender do que ingressos quando eles não tem o que vender. Madonna tem seu álbum MDNA, seu mais recente álbum e que toma conta de quase todo o show.

A música de abertura é “Girl Gone Wild”, e foi apenas uma amostra do que viria a seguir pelas próximas duas horas e que compensou o atraso com um show sensacional em todos os lugares que a tournê está passando, e por isso, os fãs na noite desta segunda a perdoaram e foram complacentes com a rainha do pop. Músicas com “Express Yourself” e “Give Me All Your Luvin” foram uma extravagância visual sem igual.

Resumindo, não importa realmente que músicas Madonna escolhe para cantar porque o espetáculo, com todos os seus sinos e assobios, é tudo. Mas muitos críticos, durante a parte européia da turnê, justificadamente, tem elogiado sua banda filarmónica suspensa em “Express Yourself”.

A maioria das pessoas vai resmungar para si ou outro, arrumar suas desculpas e se não houver outro show como este, podem pensar duas vezes antes de gastar seu dinheiro em ingressos de Madonna.

Atraso faz parte,quase certamente, mas — em mais de uma maneira — o show de Madonna jamais será esquecido. (The Ottawa Citizen)

Veja fotos do show

“Ela é insubstituível”, diz George Michael sobre Madonna e o encontro dos dois nos anos 80

O cantor George Michael, em entrevista a rádio de Londres Heart 106.2 no início de setembro, revelou que Madonna queria conhecê-lo. O fato aconteceu logo no início da carreira do cantor.

george michael madonna romanceO famoso cantor e sex-simbol da época estava em uma festa em Los Angeles quando alguém da equipe da cantora foi até ele e disse que Madonna queria conhecê-lo, o que o fez ficar chocado. Ele foi até ela e na verdade, Madonna, que estava de conversa com o ator Kavin Bacon, o teria ignorado.

“Essa foi a primeira vez, nos estávamos em uma boate em Los Angeles e ela estava festejando algo com alguns amigos. Fui até ela e ela não me deu muita confiança. Fiquei sem entender qual era a dela. Achei estranho pois se ela queria me conhecer, porque tal atitude?”

“Madonna é uma mulher muito misteriosa e uma das poucas que não tentou me seduzir Ela me cumprimentou e logo saiu de perto.”

Ainda em entrevista, ele finalizou a entrevista tecendo elogios a rainha do pop: “É uma artista completa, sabe o que quer e como fazer. Sou um grande admirador de seu trabalho, uma ótima compositora e hitmaker e uma artista a frente de nosso tempo, dispensa comentários. Acho engraçado quando falam que temos uma “nova Madonna”, mas é impossível alguém ser uma nova Madonna. Ela é única, insubstituível”.

George Michael lançou no dia 13 de agosto o EP “White Light”.

“Só há uma única rainha, e é a Madonna, ainda”, diz Liz Smith

Madonna MDNA Tour

A famosa jornalista Liz Smith não poupou elogios a Madonna com a estréia do MDNA Tour nos Estados Unidos. Em um artigo publicado no blog doThe Huffington Post, Liz fala sobre a energia e a viagem de Madonna com a espetacular tour.

Madonna Hoje, Ainda a Rainha: Destemida, Fabulosa, Sem Fazer um Show das Antigas

“Capaz de enfrentar o medo ou o perigo sem se esquivar…resoluto…invulnerável…valente…aventureiro.” Isto é uma parte da definição da palavra “Destemido” no dicionário.

Não conheço Madonna bem o suficiente (creiam ou não) para assegurar que ela é realmente sem medo algum como mulher, ou como ser humano. De fato, ela vem admitindo ser exatamente, se não mais, insegura, do que as pessoas comuns. A fama e o constante julgamento faz isso com as pessoas. Ela é mais delicada e vulnerável do que sugere sua persona pública. Mas não importa o que ela seja com seus filhos, seu homem, seus problemas, ela permanece sem dúvida como uma das artistas mais destemidas e verdadeiras consigo do mundo. Madonna acabou de estrear a etapa americana de sua MDNA Tour na Filadélfia na segunda de noite. Estava cheia de patriotismo, louvou a liberdade de expressão americana, exigiu a libertação das artistas russas encarceradas Pussy Riot e denunciou a homofobia, como vem fazendo nos últimos 25 anos. (Muito antes de Lady Gaga dizer a seus “little monsters” que eles “nasceram assim”, Madonna exortava a seus fãs a “expressarem-se” e esteve na linha de frente da problemática da AIDS.)

“MDNA” é o que se tornou o conjunto típico de um show da Madonna – brilho que faz despertar a mente, blocos deslumbrantes, danças incríveis. E ainda há as coisas que ela faz porque quer! Ela pretende levar seu público a uma jornada. Às vezes eles não estão prontos para essa jornada. Eles querem se divertir ao som dos hits dos anos 80 e 90, apresentados tal qual Madonna fez em seus famosos clipes. (Mas que azar!) Madonna murcharia e feneceria se ela tivesse de se repetir para todo o sempre. Ela não está brincando com seus fãs, está dando a certeza de que eles cresceram. Sim, e isso apesar do figurino juvenil de majorette que veste em certo momento. Ela não está fingindo que o tempo não parou. Ela é uma mulher ainda jovem, ainda cheia de alegria. (E esperem até que veham sua banda de bateristas, no meio do ar, elevados sobre a multidão!)

Em “MDNA”, Madonna dá a seus fãs clássicos como “Open Your Heart”, “Vogue”, “Express Yourself”, “Human Nature” e “Like a Virgin”. Mas, tomando-se o exemplo de “Like a Virgin”, ela mudou totalmente o divertido hino de ser “brilhante e fresca”, em algo quase insuportavelmente obscuro. Isto é dor? É prazer? Ela está sofrendo? Ela está extasiada? Não me pergunte, e não pergunte a Madonna. Ela odeia se explicar. Ela esfica muito mais feliz quando o público interpreta por si mesmo, ou nem mesmo o faz. Madonna se considera um trabalho em progresso e dá ao público o mesmo tratamento. Se não consegue entender, não se aflija. É a vida? Quem pode explicar a vida?

Este novo show conta fortemente com seu mais recente disco, “MDNA”. E embora o CD não tenha vendido tão espetacularmente como os seus sucessos passados, o público, excitado (como se quase estivesse morrendo devido ao calor) e histérico ficou doido por canções mais novas como as que abrem o show, “Girl Gone Wild”, “Revolver” e “Gang Bang”. Este é o tão criticado bloco “violento” do show, mas muitos pensaram que era menos assustador e mais uma paródia ao culto à violência, sem mencionar alguns sentimentos tumultuados arrancados do peito dela sobre seu ex, Guy Ritchie. Ela canta no cenário de um quarto de hotel xexelento, bebericando uísque e sendo atacada por assassinos estilo ninja vestidos de preto. É histriônico. É asqueroso. É Madonna. O palco é cheio de movimento, os blocos convidam à asfixia, os backdrops e visuais hipnotizadores. (Incluindo uma versão nova maravilhosa em preto-e-branco de “Erotica” (sic) [acreditamos que ela tenha falado de “Justify My Love”] e a controversa “Nobody Knows [Me]“, com suas imagens de violência, revolução política ao redor do mundo, e um tributo que faz chorar aos adolescentes gays que se suicidaram.) A voz de Madonna, quando ela canta totalmente ao vivo, é eficaz e comovedora, em especial em “Masterpiece”.

Ela ainda não cantou “Aida”, mas ela dá umas canjas. Seus passos permanecem um milagre atlético, para qualquer idade. Ela se mostra melhor do que em qualquer outra turnê anterior recente, mantendo seu peso em forma e se mostrando completamente cheia de alegria. Em dado momento ela declara, “às vezes é mais fácil mostrar seu traseiro do que seus sentimentos.” Naturalmente, naquele momento, ela mostrava ambos! Madonna completou a noite sacudindo o público com um frenesi que incluía “I’m a Sinner”, “Like a Prayer” (que se mostrou uma canção tão sólida, bonita e laudatoriamente selvagem que foi literalmente uma experiência religiosa) e a saltitante “Celebration”, na qual seu belo jovem filho, Rocco, deu à mamãe alguma concorrência na parte da dança.

Se vocês querem Madonna cantando as velharias, no mesmo tom, os mesmos figurinos, o mesmo estado de espírito, “MDNA” poderia decepcionã-los. Se vocês querem ver uma mulher ainda lutando a boa luta, tentando divertir, educar e chocar seu público, vocês estão em um passseio de montanha-russa, com a própria Madonna no controle. Só há uma única rainha, e é a Madonna, ainda.