Se há uma mulher que não aceita quando lhe dizem o que fazer, é Madonna. Mesmo assim, a cantora desistiu de apresentar um de seus truques mais perigosos – brincar com um tradicional traje de Noiva Muçulmana.
Madonna planejou dançar em seu novo clipe – e possivelmente no palco – vestida como uma “Noiva do Terror”, comentando sobre Guerra e Opressão Feminina. Ela já tinha a fantasia – uma mistura de um véu de noiva Iraquiana tradicional e um uniforme de soldado americano – feito sob medida.
Mas quando os assessores de Madonna a advertiram de que o truque era um problema, ela tomou a decisão incomum de desistir no último minuto.
Uma fonte disse: “Madonna tinha a fantasia pronta. Ela estava bem orgulhosa e disse que era a sua fantasia ‘Noiva do Terror’.”
“Ela havia desfilado com a roupa e disse que a vestiria no próximo clipe.”
“Primeiramente, quando começaram a dizer que era loucura, ela nem se importou.”
“Mas quando mencionaram que suas ações poderiam colocar sua vida em risco, ela decidiu retirar do clipe e, certamente, não vestir no palco.”
“Ela estava bem desapontada, por estar tão inflexível sobre o assunto.”
“E mesmo quando disse que não continuaria, ela deixou a entender que era apenas ‘por enquanto'”.
É óbvio que o clipe não era para a faixa “I Don’t Give A…”, de seu último álbum, MDNA, como ela certamente faz. Agora, ela mudará o clipe para a faixa inofensiva “Superstar”.
Sábia escolha, mas triste por ver Madge censurando a si mesma.
Ao longo das décadas, ela resistiu a ameaças de todos: de perseguidores à máfia russa e a fanáticos muçulmanos que desprezam sua dedicação à seita judia Kabbalah.
E, em sua atual turnê, ela vem desafiando os lobistas antiarmas, explodindo armas no palco de forma alegre.
Alguns críticos logo se aprontaram quando ela tirou as armas no show em Edinburgo em julho – apenas 48 horas depois do massacre no cinema no Colorado.
A turnê de Madonna segue forte e, ontem à noite, ela tocou no HP Pavillion em San Jose, California. Deve-se admitir que Madge ainda gosta de uma boa briga.
Eu não gostaria de ser o mensageiro que disse a ela que a Noiva do Terror não era uma de suas ideias mais inteligentes.
(Em suma para quem se perdeu: ela usaria uma roupa de noiva muçulmana no clipe do novo single “I Don´t Give A…”, mas tirando sarro e criticando opressão feminina. Porém, percebeu que era violento demais e mudou para o single “Superstar”, com novas ideias.)
Fonte: The Sun (Obrigado a Leonardo Magalhães pela notícia)
A turnê mundial de Madonna “MDNA” chegou para duas noites de apresentações em San Jose no HP Pavilion no último sábado (6). Antes de chegar à Bay Area, o show já trazia manchetes sensacionalistas: Em Washington DC, Madonna chamou o presidente Obama de “muçulmano negro”, em Paris, a “Material Mom” de 54 anos, ouriçou a “baguete” de todos mostrando seu mamilo esquerdo; em Moscou ela expressou seu apoio às instigadoras do presidente Vladimir Putin, a banda feminina Pussy Riot. Então, o que Madge tinha reservado para o The Shark Tank *? (A arena também é comumente chamada de O Tanque de Tubarões).
Madonna chegou ao palco toda armada. Literalmente. Para os quatro primeiros números ela fez uso de um pequeno arsenal de armas de fogo e armas semi-automáticas como a utilizada em uma igreja virtual, mirando os membros da plateia e, em uma cena certamente inspirada por Quentin Tarantino, abatendo vários homens mascarados cantando “Gang Bang” enquanto pendurava-se num crucifixo de quarto de motel.
O tiroteio foi complementado por um jogo pesado. Madonna foi amordaçada e suspensa de cabeça para baixo por guerrilheiros durante “Hung Up”, que foi despida do efervescente toque Abba. Durante “Heartbeat”, o telão exibia imagens escuras de um funeral, enquanto dançarinos sem camisa e com máscaras de gás contorciam seus corpos. Em “Love Spent”, entretanto, vimos outro bailarino apertar com firmeza um espartilho ao redor da cintura de Madonna fazendo sua voz tremer levando-a as lágrimas. (A cena) parecia autêntica e completamente assustadora.
O espetáculo era grande, mas o set list foi terrível. Influenciado fortemente pelo mais recente (e, francamente, pior) álbum de Madonna, “MDNA”, resultou em um show de duas horas recheado de batidas sinistras e alguns refrões memoráveis. Os clássicos foram aborrecidamente alterados, tanto que eles eram quase irreconhecíveis. “Like a Virgin”, o principal culpado, foi reformulado como um canto fúnebre e desafinado de piano, interpretado com a cantora contorcendo-se no chão com notas de dólar saindo de seu sutiã.
Houve uma notável exceção. Enquanto girava seu bastão e levava uma trupe de majorettes, Madonna fez uma versão bastante simples de “Express Yourself”, que ela depois perfeitamente encaixou com “Born This Way” de Lady Gaga. E para deixar as coisas bem claras, ela também cantou um pedaço de “She’s Not Me.” Foi um momento de pura ironia nostálgica ou apenas de ser mesquinha e esclarecer as coisas para sua subordinada? Era difícil dizer.
E então, houve sangue. Em outro momento, Madonna acidentalmente bateu com a guitarra. A pequena poça de sangue que se formou no meio da sua testa parecia um dos bindis* (um apetrecho utilizado no centro da testa) de Gwen Stefani. Oh, ironia.
Houve uma notável exceção: “Hoje é um dia muito especial para mim”, disse Madonna, dando uma pausa nas coisas estranhas e nas estripulias. “É o 30º aniversário do lançamento do meu primeiro single”. Nesse momento, seu grupo de dançarinos e músicos andróginos se reuniram em torno dela para marcar a ocasião, revivendo o clássico de 1982, “Everybody”. Madonna continuou: “Eu me lembro da sensação incrível que eu tive quando ouvi a música no rádio pela primeira vez.” Três décadas depois, o sintetizador pop simples e a melodia R&B ingênua ainda pareciam incríveis. Foi um momento fora do roteiro que acabou se tornando o destaque do show. Pois, do contrário, o concerto parecia ser uma chatice. Na arena, os 18 mil ou mais fãs – a maioria na faixa dos 40 e 50 anos – pareciam exaustos, mas prontos para a festa antes mesmo de Madonna finalmente subir ao palco às 10h 30min. Assim que ela chegou, porém, o clima ficou definitivamente escuro. Sim, “MDNA” é seu grande sucesso. Mas a desgraça e tristeza eram realmente marcantes ao vivo, e muitos de seus seguidores de longa data não estavam preparados para extender a noite de sábado. Em vez disso, muitos deles simplesmente foram para casa mais cedo.
Para ser claro: Foi um concerto magistralmente bem produzido. Ela poderia ter tocado melhores canções – dentre as tantas que possui – mas como artista, Madonna claramente necessita provocar os sentimentos de mágoa e traição. E, como um membro da plateia, você não consegue realmente ter oportunidade de fazer contato visual com Madonna. Mas, ainda assim, seria uma experiência triste.
Aidin Vaziri é crítico do San Francisco Chronicle música pop. E-mail: avaziri@sfchronicle.com. Obrigado a Jorge Luiz pela tradução da crítica.
Madonna é, para melhor ou pior, considerada (bem ou mal) como a Rainha do Pop e, ao contrário da crença popular, o título faz com que seus braços com veias movam-se da esquerda para a direita em trajes de líder torcida. Ficamos com a sensação muito real quando se olha para Madonna em 2012 que percebemos em todos os sentidos que ela atingiu o ponto final da década de 1980. Quando, mais uma vez, ficamos sem palavras para definir a velha ‘Madge’, uma única frase vem à mente: “Ela literalmente conseguiu.”
Ela é, no entanto, a mesma Madonna que chega a San Jose para as apresentações de duas noites no HP Pavilion, em 06 e 07 de outubro. E da mesma forma que a advertência dos pais não surtam mais o efeito que já surtiram como nos anos 80, Madonna permanece cimentando o seu lugar na cultura pop e ainda faz barulho por onde passa.
Em honra da chegada da rainha, uma coisa deve ser lembrada (apenas uma) para realmente entender o que exatamente Madonna representa no vazio da cultura contemporânea. Porque, como é provável que você esteja lembrado, muitas vezes a própria Madonna abriu as portas para muitos jovens com vaginas e seu desejo de cantar.
A porta também é muitas vezes deixada entreaberta para a bajulação e imitação (válida ou não, e só para lhe atualizar, Lady Gaga, também está vindo à San Jose, em 17 de janeiro), mas as comparações parecem discutíveis: Nunca haverá uma “nova Madonna” porque nunca haverá novamente um momento como aquele, quando Madonna entrou em destaque. Ela é tão puramente o subproduto de sua época que as discussões sobre originalidade são quase totalmente sem fundamento.
Por exemplo, acreditem ou não, Zers Gen* (Geração Zero – em tradução literal), houve um tempo em que a apropriação irônica de imagens religiosas na verdade era um grande negócio. E como para algumas pessoas isso realmente importava, como em afiliadas da Igreja Católica que verdadeiramente protestavam. Agora é só uma chatice induzida (pelo menos no Ocidente), com todos usando uma cruz de cabeça para baixo como uma forma de fazer algum tipo de protesto.
Mesmo Madonna ainda usando esses velhos temas; sua atual MDNA Tour apresenta uma catedral e alguns arrulhos sagrados que pode ser mais o resultado de má acústica do que intenção estética. De qualquer forma, Madonna (cujo nome permanece como uma espécie de profecia auto-cumprida) foi uma das primeiras a realmente mexer com todos os que amam esse cultura hippie de “chinelão e cabelos compridos desleixados”.
É verdade, ela não estava sozinha. A década de 1980 foi o momento em que as desprezadas crianças católicas cresceram e começaram a colocar seu ressentimento religioso em sua arte (Bruce Springsteen completamente, The Cure, talvez, em parte). Mas Madonna fez primeiro e fez melhor, e literalmente não parou de fazê-lo, mesmo quando foi louvada e isso poderia fazê-la calar-se.
Ela estava em todos os lugares, ou seja, em qualquer coisa hedionda que tenha os anos 80 como tema que você já tenha visto. Entrar e encher os olhos no binário impressionante: luz neon para os homens; eclética mistura para as mulheres. A estética de misturar todos os estilos de moda que acabou se transformando em seu próprio estilo foi pelo menos parcialmente construída pela estrela pop.
Eu gostaria de dizer também que a palavra “estrela” (star) na frase anterior foi auto corrigida para “armazenar”(store), e se isso não lhe diz tudo o que você precisa saber sobre o estado atual e natureza intrínseca do pop e da música e da cultura , então eu não sei o que o faria.
No entanto, juntando cerca de 300 anos de Madonna (acho que houve um erro de digitação e na verdade ele queria dizer 30. Ou também pode estar fazendo uma alegoria de que seus 30 anos de carreira equivalem a 300), na verdade, se torna difícil, pois Madonna foi realmente a primeira estrela pop a nascer simplesmente como uma série de imagens e idéias mais do que qualquer catálogo singular de músicas ou vídeos ou esforços de cinema, ou mesmo um próprio perfil de relacionamentos.
Seus elementos mais marcantes são as escolhas de fotografias tiradas por Richard Avedon e similares, enquanto ela foi feita como Marilyn, vestida de Jean Paul Gautier, tiradas muitas vezes em preto-e-branco e com um sentido similar de minimalismo aplicado a sua própria mitologia: menina de Detroit foge para Nova York no auge da fusão da arte, moda, música e energia, e as façanhas da menina punk e pop foi dominar essa cultura com efeito. Esta é a história de Madonna, e isso realmente importa se foi divulgado e perpetuado pela própria?
Ninguém cuidou mais dessa imagem destinada a sustentar-se por cerca de 30 anos mais do que Madonna. Ela sempre foi obcecada por estar alguns passos à frente. Essa tática se aplica a sua música, pois ela é quem mais tem feito uma carreira localizando os sons que saem dos becos mais obscuros e colocando-os nas rádios cerca de seis a nove meses antes que eles realmente se tornem grandes sucessos (pense no New York clubhouse, no movimento Vogueing; e na house music eletrônica de “Ray of Light”).
A coisa sobre constantemente reinventar-se é que, em um certo ponto, você não está mais ajudando a definir a cultura, mas apenas lutando para permanecer relevante nela. Superficialidade é adotada como parte da lente pós-moderna. Mas o legado de Madonna está enraizado em uma crença genuína de que esses elementos têm sua importância. E quando o seu legado é mexer com a sociedade, o que é devido à provocação de um artista e o que é devido à sensibilidade inata do público? Madonna foi realmente brilhante na forma como ela abordou temas tão tabus como sexo e homossexualidade, ou foi numa época em que a América estava totalmente fechada, sem ouvir nada, que facilmente poderia ser provocada?
Difícil dizer com certeza, mas é mais difícil dizer se isso importa. Como uma estrela pop que gosta de abordar o exagero e a distração como elementos vitais do que ela vagamente chama de “sua arte”, Madonna conseguiu criar em si mesma uma imagem de como ela quer ser vista, mesmo (ou talvez especialmente) agora. Dessa forma, ela sempre se posicionou como uma estrela pop para ser desconstruída em uma série de motivos e idéias, um esboço vago do que a década de 1980 deve ter sido, até mesmo para as pessoas que podiam jurar que a conheciam.
Madonna com suas surpresas no MDNA Tour. Depois de inserir “Holiday” e “love Spent”, logo após o seu discurso, ela cantou a música “Everybody”, Madonna cantou no show do MDNA Tour em San José seu primeiro single lançado e que completou 30 anos nesta sexta. Assista aos vídeos.
No discurso, Madonna diz: “É uma honra está neste palco me apresentando para vocês está noite. Hoje é um dia muito especial para mim. É o 30º aniversário do lançamento do meu primeiro single (aplausos e reverências no meio de vários Obrigada). Eu me lembro até hoje a experiência incrível que foi quando ouvi essa música pela primeira vez no rádio. Tendo deixado a minha cidade, vivendo como uma maluca por muito tempo, imaginando, quando e se alguma coisa boa iria acontecer algum dia para mim. Bom, cuidado com o que desejam, é tudo que eu posso dizer. E eu sou um exemplo perfeito, a ilustração de que sonhos sim se realizam. Mas eu não vou ficar aqui repetindo coisas que a maioria de vocês já sabe porque eu sei que muitas das pessoas que moram e trabalham aqui fazem com que sonhos se realizem para muitas pessoas. Essa é a cidade onde muita coisa inovadora e criativa acontece. E todos tem o poder de tocara as pessoas no universo todo. Portanto, vamos usar isto, esta possibilidade, vamos usar isto sabiamente. Não sejamos “haters”, não sejamos “bithces” OK, sabemos que somos isto algumas vezes. Sejamos acima de tudo “lovers”. Então, somente para mostrar o quanto eu amo vocês, eu vou tentar dar o meu melhor, cantando “Everybody” para vocês esta noite. Mas lembrem-se, isto já tem 30 anos, não sei se me lembrarei da letra. Vocês me ajudam? Eu quero que vocês do triângulo me dirijam. Quero que cantam alto e me ajudem. E vocês das cadeiras também. Então, vamos lá”
EVERYBODY 30 ANOS
Chegar aos 30 é sinônimo de amadurecimento. Para uma música pop, cuja urgência é o seu maior mérito, chegar aos 30 anos consegue ser um feito ainda maior. Ontem, 6 de outubro, Everybody completou três décadas de lançamento. O primeiro single lançado profissionalmente por Madonna, num longínquo 1982, é a prova cabal de até onde a obstinação de uma pessoa pode levá-la.
A então bailarina Madonna, recém-chegada a Nova York, batalhou um bocado até conseguir que sua música fosse ouvida pelos DJs do pós-disco. Escrita por ela, em parceria com Steve Bray, Everybody teve sua primeira chance pelas mãos do DJ Kamins, que tocou a fita demo na Danceteria, clube noturno do momento, em Manhattan. Depois de pular nas mãos de vários DJs da época, Madonna assinou contrato com a gravadora Sire para lançar dois singles e, a partir daí, tudo é história.
Aquela canção de cinco minutos, que tem a aura e o frescor das pistas de dança do início dos anos 1980, não chegou ao topo das paradas. Também não foi o maior sucesso do primeiro álbum de Madonna – Borderline eLucky Star alcançaram posições mais altas nos charts americanos. Apareceu em apenas duas turnês da cantora (Virgin tour e Girlie Show) Mas, ainda assim, Everybody é uma daquelas músicas que são o retrato fiel de uma época, que fazem a gente sentir vontade de colocar um salto alto, uma roupa bacana e dançar como se não houvesse amanhã.
A canal GLOBO NEWS apresentou um especial de 12 minutos sobre os 30 anos de carreira de Madonna com o lançamento do single de “Everybody” no dia 06 de outubro de 1982.
Aqui está a reportagem que contou com a participação especial do jornalista Zeca Camargo.
Descrever a atual turnê de Madonna em um amontoado de palavras é mais ou menos como ser solicitado para descrever a história da sua vida em detalhes para um estranho. Existem tantos momentos de minúcias e detalhes maravilhosos que acabarão tendo que ser explicados em uma recapitulação posterior que a tentativa é, desde o início, inútil. O set de 135 minutos de Madonna foi uma aula master em “Arte da Apresentação Profissional”, e não houve um segundo sequer dele onde não nos sentíssemos envolvidos por inteiro, direcionando nossa atenção aos tais detalhes meticulosos, me parece trágico dar um parecer geral dos mesmos. Com isto em mente, aqui vou eu, tentar explicar o que vi nesses 135 minutos que passei na Key Arena na última terça-feira (2 de outubro) a noite.
Madonna sempre foi uma agregadora intensa de cultura pop. Algumas a chamariam de criadora de tendências ou de pioneira; outros diriam que ela usa a cultura como um figurino. Independente de qual lado da cerca você se encontre, é impossível negar sua imensa influência, e ver tudo isso em uma experiência concentrada e ininterrupta foi intensamente inspirador e simultaneamente chocante. Jogue tudo que você sabe/sente sobre religiões, espiritualidade, sexualidade, política, moda, amor, medo e a condição humana em geral dentro de um liquidificador, junto com um iPod bem estocado e você terá uma boa ideia da história caótica que Madonna está tentando contar em sua MDNA tour.
Isso não quer dizer que o caos não é bem-vindo ou não é planejado. Chegar perto de uma arena de shows é muito parecido a ir às festividades do 4 de julho; se tudo for feito de maneira correta, será algo alto, brilhante e você se encontrará processando tudo aquilo por um bom tempo. Você está ali para o espetáculo, para o bombástico, pela oportunidade de ver algo maior que a vida, e tudo que diz respeito a MDNA tour tem a obstinação de preencher todo o seu periférico até o ponto de ter seu processador sobrecarregado, derretido.
O show já começou de maneira suficientemente bela, com monges moicanos entoando uma melodia assombrosa (enquanto gárgulas aladas tomam suas posições em cubos de LED que sobem e descem do gigantesco palco) e um turibulo fumegante gigante balança, espalhando incenso pela multidão. Estamos sendo abençoados ou perdoados? Telas de vídeo aparecem ao fundo, mostrando uma enorme cruz adornada com o MDNA e o fundo de uma catedral antiga, cuja natureza sombria, rica e pontiagudaparece ter saído de alguma peça de Alexander McQueen. Por trás das telas, as luzes são posicionadas de forma a parecer que raios de sol vazam por entre as frestas. Madonna entra na arena, rezando, antes que os vidros jateados das telas ao seu redor se quebrem de maneira alta e dramática, espalhando-se pelo chão e oficialmente dando início ao espetáculo. Nunca querendo se esquivar de suas controvérsas, Madonna pula da sala de oração vestida com uma burca e segurando uma metralhadora. A sutileza tira folga quando Madonna está na cidade.
Apesar do repertório ter sido moldado para o material mais recente, o álbum MDNA, mais do que alguns fãs gostariam, foi difícil pelo menos se preocupar em ouvir as músicas favoritas quando cada segundo deste mesmo repertório foi visualmente impactante. Em “Revolver”, Madonna nos lembrou de seu contínuo gosto por chocar. Aparecendo no cenário de um motel sujo em “Gang Bang”, vários intrusos (dançarinos arrepiantemente coreografados) se arrastam para seu quarto para encontrarem a morte horrenda pela pistola de Madonna e ela rindo satisfatoriamente enquanto as gigantes telas de LED que preenchem o fundo do palco são preenchidas com um vermelho sangue vivo. Uma dica bastante saudável das menções a cerca de Quentin Tarantino, assim como um lembrete que esta não seria uma viagem rápida pela Candy Land.
Dito isso, vale dizer que Madonna não foi destrutiva o tempo todo. Em “Express Yourself”, Madonna estava estonteantemente doce. Entrando com sua tropa e com algumas projeções fantásticas inspiradas na arte gráfica pop de Roy Lichtenstein, que ficam pipocando e girando o tempo todo, Madonna parecia que estava entregando o bastão para qualquer atual ou futura cantora pop para ao menos TENTAR ser ela. Uma banda de desfile entra no meio da música, com um exército de bateristas suspensos por fios por cima do placo, flutuando por sobre a multidão, tocando como se fosse uma coisa absolutamente normal estar a 100 pés do chão. Não é grande coisa, certo? Tudo isso para ser sutilmente danado, pois Madonna coloca “Born this Way” de Lady Gaga no meio de “Express Yourself” (elas são basicamente a mesma canção) no que pareceu algo como um cumprimento amigável para Gaga, até que ela termina a canção com um desafiante “She´s Not Me” (ela não sou eu – faixa do álbum anterior, “Hard Candy”, de 2008)
A narrativa do show foi solta e dispersa, com Madonna ascendendo do inferno ao céu, passando por uma chuva de cápsulas de projéteis, indo de canções antigas (“Open your Heart” com o trio Basco Kalakan nos vocais na percussão e mostrando seu próprio filho de 12 anos Rocco Ritchie como dançarino) da lenta e tocante canção de amor “Masterpiece”, antes de se jogar ao desfile art-deco de “Vogue” e à orgia andrógena e contorcionista de “Candy Shop”.
Até mesmo os clássicos de Madonna foram refeitos, com “Like a Virgin” se tornando uma esparça e lenta peça acompanhada pelo piano, virando a música de uma celebração ao relacionamento para uma desesperada e piedosa balada sobre uma indestrutível co-dependência. Junto com algum dos momentos mais sombrios, os segmentos criativos dos dançarinos (obviamente de certa forma inspirados pelos Jabbawockeez ) foram mais do mesmo, mas mais focados em elementos de auto piedade; “Erotica” teve uma trupe de aterrorizantes palhaços em volta do filme noir da cobertura de Madonna, e os gráficos pop de “Nobody Knows Me” remeteram às armadilhas da fama, como também fizeram um tocante tributo à crianças que (presumidamente) morreram devido a atos de bullying.
A sequencia de “I´m a Sinner” e “Like a Prayer” mostraram a Madonna clássica no seu melhor, mandando lembranças ao misticismo ocidental dos Beatles enquanto abraça a vida selvagem e convidando depois um coral de 35 membros para o palco para uma grande e celestial apresentação. Foi hilário (se não um pouco já esperado) continuar seu papel, mostrando sua atuação 2012, estando confortável em sua própria pele, versus a sua luta nos anos 80 com sua culpa católica. Ao invés de uma ascensão literal ao céu, Madonna ascende para um clube de dança inspirado em Tron para “Celebration”, trazendo uma tropa de dançarinos inspirados em DJs e transformando a Key Arena em uma pulsante nave espacial pronta para entrar em órbita. Espero que eles tenham caixas eletrônicos no espaço, porque algo me diz que viajar com Madonna não vai ser nada barato.
NOTA: Se suas interações gentis com a audiência servem de indicação, seus tempos de sotaque britânico falso parecem ter chegado ao fim. Ela também cantou (ao vivo) a maior parte do show. Ela se desculpou por sua garganta arranhada (culpando Vancouver e sua imensa nuvem de fumaça de maconha na noite anterior) e fez um trabalho admirável sendo uma líder de gang e cantora. Claro, houve alguma nota falha aqui ou ali, mas eu me sinto melhor sabendo que uma pessoa (e não uma faixa pre-gravada) está manejando o microfone nos shows de Madonna.
NOTA 2: Por mais que eu queira fazer piadas a respeito dos braços de Madonna (os famosos “scaryarms” em inglês – Nota do Tradutor) e não as tenho. A mulher estava absolutamente incrível.
Setlist do show:
Gregorian Chant Intro
Girl Gone Wild
Revolver
Papa Don’t Preach
Hung Up
I Don’t Give A
Heartbeat (Interlude)
Express Yourself/Born This Way
Give Me All Your Luvin’
Turn Up The Radio
Open Your Heart/Saggara Jo (Kalakan)
Masterpiece
Justify My Love (Interlude)
Vogue
Candy Shop/Erotica
Human Nature
Like A Virgin
Love Spent
Nobody Knows Me (Interlude)
I’m Addicted
I’m A Sinner
Like A Prayer
Celebration
De acordo com o Hollywood Reporter, os proprietários dos direitos do ator Marlon Brando querem processar Madonna por cantar “Vogue” no MDNA TOUR. Eles querem mais dinheiro.
Acontece que quando Madonna está em tour, como no caso do MDNA Tour, ela tem que pagar para usar o nome de cada celebridade citada em suas músicas, e “Vogue” não sai nada barato para a rainha do pop. Por exemplo, quando Madonna cantou “Vogue” no Super Bowl em fevereiro passado, ela pagou $3,750 para a empresa que cuida de tudo relacionado a James Dean, Jean Harlow, Ginger Rogers, Bette Davis, Lana Turner, Greta Garbo, Marlene Dietrich, Gene Kelly, Grace Kelly e Joe DiMaggio.
Não é um caso de Brando, falecido em 1994, que é agenciado pela a CMG Worldwide, empresa com sede em Indiana que gerencia os direitos de propriedade intelectual de muitas estrelas já falecidas. Então, eles negociaram com Brando Enterprises um acordo para que que fosse pago os mesmos $3.750.
Em maio, CMG negociou com a empresa que Bhakti Touring Inc. para os shows da tour de Madonna MDNA uma taxa de US $5.000 como direitos de publicidade. Ou seja, US$ 5.000 pelos direitos para ela cantar a música completa durante toda a tournê. Foi pago.
Na última semana de maio, os detentores dos bens de Marlon Brando supostamente decidiram mudar os termos do acordo e exigiram US$ 20.000. Como existe uma cláusula que cada estrela receberia a mesma quantia, a quantia que Madonna teria que pagar por “Vogue” seria de, no total, cerca de 200.000 dólares, em vez de cerca de US $40.000.
Em julho, a CMG silenciosamente entrou com uma ação no estado de Indiana tribunal, alegando que a Brand Sense Partners (BSP) descumpriu um contrato válido e aplicável.
Na quarta-feira, Brando Enterprises teve o processo removido para a corte federal de Indianapolis, uma vez que os artistas são de estados diferentes.
De acordo com os arquivos que representam o litígio a um juiz federal, “apesar do fato da autora pedir ao tribunal para pagar os direitos cedidos da marca registrada “Brando” por meros US $ 5.000 dólares, o verdadeiro valor dos direitos nesse litígio passam de trezentos mil dólares (US $ 300.000),” uma vez que Madonna vem usando a marca “Brando” durante cerca de 90 concertos diferentes.
Scott Mills, apresentador e DJ veterano das tardes da rádio britânica BBC Radio 1 e apresentadora de TV, acaba de lançar sua biografia chamada “Love You Bye”. O editor da Pink News, Scott Roberts, entrevistou o apresentador e a conversa rapidamente girou para o delicado tema do envelhecimento, mantendo audiência da “juventude” ilusória e como ele gostaria eventualmente de apresentar na BBC Radio 2 (público mais adulto).
Apesar de “muito orgulhoso” com sua autobiografia, que investiga a sua vida pessoal e revela sua batalha aos ataques de ansiedade e dependência de álcool, devido à morte de um ex-namorado, Scott, rapidamente descarta um segundo livro, dizendo: “Eu faria de novo? Não, não há nenhum ponto, já disse tudo o que eu preciso dizer, mas eu não me vejo no ponto de escrever autobiografias intermináveis, a menos que você seja a Madonna ou a Rainha, onde a vida é incrível e diferente a cada dia”.
O editor logo pensou na “Rainha do Pop”, Madonna. Apesar de continuar a ser um grande fã da Material Girl, em uma de suas colunas recentes para GT, Scott observou como a estrela de 54 anos de idade já não é completamente ágil na sua idade quando está dançando nos palcos de sua tour mundial MDNA Tour. Para mim, pareceu que foi ontem (na verdade, agora há sete anos) que Madonna estava no topo das paradas com seu hino de renascimento da discoteca “Hung Up” – ela ainda era o ouro das rádio como a Rádio 1, mas Scott revelou que já não é mais o caso.
“Eu não acho que nós não tocamos Madonna como antes. Há uma série de pesquisas, e se você perguntar a um adolescente de 17 anos de idade, sobre Madonna, eles dirão “não me importo “… é um sinal de que as vezes, as coisas mudam, é uma coisa de geração. Eu gosto da Madonna, mas para o público jovem provavelmente ela não está mais no topo da lista deles”. Scott continuou: “E isso é horrível, mas é como funciona … e também o público de jovens são muito inconstantes, não são fiéis no que eles gostam e o que não gostam, e eles são muito teimosos, você só tem que se manter no topo naquele momento”.
“Madonna continua tendo o público dela fiel, seus shows são a prova, mas ela provavelmente sabe como fazer para conduzir sua carreira,” completa.
Madonna disse na terça-feira (25) que estava sendo “irônica sobre o palco” ao se referir ao presidente Barack Obama como um “muçulmano negro”, durante show na véspera em Washington. Um vídeo gravado por um espectador e colocado no YouTube mostra Madonna, de 54 anos, fazendo um discurso político sobre a liberdade, em termos inflamados e com muitos palavrões.
“Agora, é tão bacana e incrível pensar que temos um afro-americano na Casa Branca (…), temos um muçulmano negro na Casa Branca (…), significa que há esperança neste país, e Obama está lutando pelos direitos dos gays, então apoiamos o homem”, disse Madonna.
Obama, que disputa a reeleição em 6 de novembro, é um cristão praticante. Reagindo ao furor midiático causado pela frase, Madonna divulgou nota na terça-feira dizendo que a referência religiosa foi uma brincadeira. “Eu estava sendo irônica sobre o palco. Sim, sei que Obama não é muçulmano – embora eu saiba que muita gente nesse país acha que ele é. E daí se ele fosse?”
“O que eu estava argumentando é que um homem bom é um homem bom, não importa para quem ele reze. Não ligo para qual é a religião de Obama – e ninguém mais na América deveria ligar.”
Desde a primeira candidatura presidencial de Obama, em 2008, grupos minoritários e oponentes ignorantes espalham rumores de que ele seria secretamente um seguidor do islamismo – boatos semelhantes às declarações persistentes e também falsas de que ele teria nascido fora dos EUA, sendo portanto inelegível para a presidência.
Madonna apoia abertamente Obama, e em shows recentes foi vista com o nome dele escrito nas costas. Esse tem sido um ano de muitas polêmicas políticas para a cantora. Em julho, num show dela em Paris, a imagem da líder ultradireitista francesa Marine le Pen apareceu no telão superposto a uma suástica. A Frente Nacional, partido de Le Pen, prometeu processar Madonna.
Em agosto, durante shows na Rússia, a cantora causou polêmica com autoridades locais ao defender o direito dos homossexuais, e também se manifestou pela libertação de três integrantes da banda punk feminina Pussy Riot que foram condenadas a penas de prisão após fazerem um protesto contra o presidente Vladimir Putin numa catedral moscovita.
Dedicado a venda de DVDs/Blu-rays exclusivos fan mades.