Madonna iniciou a turnê Blond Ambition no dia 13 de abril de 1990, completando 25 anos nesta semana. Além de oferecer ao mundo um auge absoluto – como artista e centro das atenções –, o show mudou o panorama da cultura Pop.
Fãs podem se surpreender ao saberem que não foi a turnê mais rentável de Madonna: a Sticky & Sweet, MDNA e The Girlie Show foram melhores. E mais, só teve 57 apresentações, mas continua relevante até hoje e pode ter sido a mais importante para definir Madonna como ícone musical. Eis 25 razões para isso.
1. Foi a reinvenção do show de turnê;
Hoje, a maioria das turnês são produções em larga escala, com trocas de figurino, efeitos especiais, cenários elaborados e um quê de drama que eleva a experiência a algo mais do que apenas alguém com um microfone. No entanto, nem sempre foi assim. Madonna e o coreógrafo Vincent Patterson mudaram completamente os concertos.
Patterson explicou à revista People em uma entrevista de 1990: “O que mais tentamos fazer foi mudar o formato dos shows. Ao invés de apenas apresentar músicas, queríamos combinar moda, Broadway, Rock e arte performática”.
2. O show possui diferentes atos;
O fato de Madonna dividir as performances em cinco categorias temáticas – Metropolis, Religião, Dick Tracy, Art Deco e Bis – sugere não apenas um nível de planejamento criativo incomum para os shows da época, mas também todo o volume de material com que Madonna teve que trabalhar – e com apenas 31 anos.
3. Arrecadou muito dinheiro;
Nas primeiras duas horas, um total de 482.832 ingressos foram vendidos, somando US$14.237.000. Ao fim da turnê, Madonna gerou mais de US$62 milhões – US$113 milhões com a inflação.
4. Ajudou a solidificar a união dos figurinos Pop e a alta-costura;
Além da grande maioria dos figurinos da Blond Ambition, o sutiã de Madonna foi criado pela lenda da alta-costura Jean Paul Gaultier. Em 2012, um desses sutiãs foi vendido em leilão por US$52 mil.
5. Ganhamos o icônico rabo-de-cavalo;
De acordo com uma edição de 1990 da revista People, o rabo-de-cavalo de Madonna rapidamente se tornou um visual copiado pelos fãs ao comparecerem aos shows da turnê. “Muitas mulheres – e homens – aparecem nos shows com este penteado”, como comentou a porta-voz da Warner Bros. Records Liz Rosenberg. “Pegou na hora!”.
Você deve achar que Madonna faria de tudo por um visual, mas o rabo-de-cavalo resultou de uma necessidade específica: ela precisava de um estilo que não enrolasse no microfone.
6. O próprio título representou independência;
Inicialmente, o turnê se chamaria Like A Prayer World Tour, patrocinada pela Pepsi. Claro, o clipe de Like A Prayer gerou muita controvérsia, e, no fim, a Pepsi cancelou o contrato. Daí, nasceu o título Blond Ambition.
7. Venceu um começo difícil;
A turnê começou numa sexta-feira 13, perto de Tóquio, Japão. O clima, apropriadamente, estava úmido e frio, e, em dado momento, Madonna deslizou pelo palco molhado e proclamou: “Vocês não sabiam que estavam aqui para um show de patinação no gelo. Bem, eu sou Dorothy Hamill”.
8. Apresentou o lado mais perfeccionista de Madonna, pro bem ou pro mal;
De acordo com a crítica do jornal New York Times, o show foi “ao vivo” até demais. “Madonna se tornou tão perfeccionista e atlética nas coreografias, que preferiria dublar a arriscar uma nota desafinada. Com ingressos chegando aos US$30, o público pode esperar um show mais ‘ao vivo’”.
9. Fez Madonna confrontar “o estado Fascista de Toronto”;
Conforme exibido no documentário Na Cama Com Madonna, de 1991, a polícia de Toronto ameaçou prender Madonna caso ela fizesse a simulação de masturbação na performance de Like A Virgin. No entanto, quando o arranjo da música começou, Madonna seguiu com a coreografia, incluindo os gestos manuais.
No fim, a polícia optou por não prendê-la sob acusação de obscenidade, mas, mesmo assim, ela chamou a cidade canadense de “Estado Fascista”.
10. Foi condenada pelo Vaticano;
Não que seja algo bom receber a ira da Igreja Católica Romana, mas a turnê Blond Ambition foi tão impactante que o jornal-oficial do Vaticano, Osservatore Romano, chamou o show de “pecador” – uma decisão mais ou menos inédita.
11. “Não conversem. Se conversarem, eu paro de falar, beleza?!”;
A resposta de Madonna à condenação, no entanto, foi 100% Madonna. Depois de mandar a imprensa italiana parar de falar, ela defendeu a performance. “Assim como no teatro, o show questiona, provoca e te leva numa jornada emocional, retratando o bem e o mal, a luz e a escuridão, alegrias e tristezas, redenção e salvação”.
12. Cada performance da Blond Ambition começava com uma oração;
Independente do que o Papa deve ter achado do trabalho de Madonna, ela sentia estar em paz com Deus, e o Na Cama Com Madonna nota que ela começava cada show com uma oração em grupo.
13. Ela cantou “Parabéns Pra Você” pro pai no fim do show em Detroit…;
Sempre houve muita bagunça e confusão no relacionamento de Madonna com o resto do clã Ciccone, mas a turnê apresentou um momento emocionante no palco com o pai Silvio Ciccone, no show da cidade-natal, Detroit.
14….o que representou um show com toda a safadeza e o pai dela na plateia;
Há um momento no Na Cama Com Madonna em que ela menciona que o pai assistir às partes mais picantes do show é mais assustador do que confrontar a polícia de Toronto.
15. Foi definitivamente um show pró-gay;
É notável que Madonna assumiu o fato de 6 dos 7 dançarinos serem gays. Afinal, ela sempre falou abertamente sobre os direitos dos gays muito antes de ser algo normal entre as celebridades. Na verdade,…
16….a última performance nos EUA foi dedicada ao artista gráfico Keith Haring;
Madonna era amiga de Keith, que morreu de complicações por conta da AIDS no dia 16 de fevereiro de 1990. A última parada da Blond Ambition World Tour, em East Rutherford, Nova Jersey, foi em memória de Haring, e os mais de US$300 mil arrecadados foram doados à Fundação de Pesquisa da AIDS (a turnê Sticky & Sweet usou um pano de fundo inspirado em Haring, durante Into The Groove).
17. Apresentou vários Dick Tracy gays;
Na performance de Now I’m Following You, você vê 6 dançarinos Dick Tracy se dividindo em 3 pares masculinos. É um lindo espetáculo, ainda mais notável quando você percebe que a maior parte da turnê começou antes da refilmagem de Dick Tracy, em 1990 (estrelada por Madonna) chegar aos cinemas, o que significa que este foi o primeiro olhar dos fãs no Dick Tracy reinventado.
E não, nenhum dos Dick Tracy era Warren Beatty, que interpretou o personagem-título e que namorou Madonna durante a turnê.
18. Também defendeu o sexo seguro;
Você deve aplaudir Madonna. Ela encorajou o uso de camisinhas em 1990, e todo show teve esta introdução de Into The Groove: “Você nunca conhece um cara direito até pedir que ele use camisinha”.
19. Caçoou a percepção de Madonna como uma “loira burra”;
Para a apresentação de Material Girl, Madonna cantou toda a música com um sotaque meio de “loira burra”, dona-de-casa e “vadia de gângster”. Diga o que quiser sobre Madonna se levar muito a sério, mas a maioria dos cantores jamais se apresentariam de “bobs” no cabelo e um roupão de banho.
20. Teve grandes aspirações cinematográficas, além de Dick Tracy;
O primeiro ato do show se chama Metropolis. Não a cidade do Super-Homem, mas o filme alemão épico e expressionista Metropolis, e você percebe isso na estética retrô do palco. Ei, se você fosse Madonna, você buscaria arte de primeira qualidade.
21. Há um pouco de Stanley Kubrick lá também;
Em uma entrevista no jornal New York Times, em 1991, Madonna descreveu a performance de Keep It Together como “uma mistura de (o dançarino) Bob Fosse com ‘Laranja Mecânica’”. “É a maior afirmação familiar do show, pois brigamos um com o outro, mas, com certeza, nos amamos profundamente”, disse ela.
22. Kevin Costner achou o show “limpinho”;
Há uma cena famosa em Na Cama Com Madonna, na qual Madonna festeja com outras celebridades depois de um show em Los Angeles. Dentre elas, está Kevin Costner, que diz a Madonna que achou o show “limpinho”. É um momento incrível, e Madonna sabia que Costner usaria este adjetivo pra descrevê-la. “Ninguém nunca me descreveu assim”, ela contou a ele. Mais tarde, ela decretou: “Qualquer um que diga que meu show foi ‘limpinho’, deve ir embora”. Costner a perdoaria em 2007.
23. Na Cama Com Madonna foi um sucesso também;
O documentário sobre o show foi lançado em 1991. Custou US$4,5 milhões e arrecadou US$29 milhões. Claro, Madonna foi indicada ao “Framboesa de Ouro” como “Pior Atriz” – interpretando a si mesma (!) –, mas ela tinha pilhas de dinheiro pra consolá-la.
24. Foi parodiado duas vezes;
Na Cama Com Madonna – e sua extensão, Blond Ambition – foi parodiado duas vezes, por Julie Brown em Medusa: Dare To Be Truthful, e pelos comediantes ingleses Dawn French e Jennifer Saunders em In Bed With French And Saunders. Gostaríamos de achar que Madonna levou tudo na esportiva.
25. Essencialmente, fez a The Immaculate Collection acontecer.
A turnê acabou em agosto de 1990. Todo mundo dizia: “Uau, Madonna tem um catálogo imenso de sucessos”. Em novembro de 1990, a primeira coletânea, The Immaculate Collection, foi lançada. É só fazer as contas.